O fluxo de capital estrangeiro na B3 manteve trajetória positiva em junho, apesar do cenário de maior volatilidade e cautela nos mercados. No mês, o saldo líquido foi de R$ 5,390 bilhões, considerando as movimentações do mercado primário e secundário. Embora o resultado represente uma desaceleração de cerca de 60% em relação ao robusto volume registrado em maio, o movimento confirma a continuidade da entrada de recursos e consolida o segundo mês consecutivo de fluxo positivo.
No acumulado de 2025, o saldo estrangeiro já soma R$ 26,905 bilhões, revertendo de forma significativa as saídas de R$ 38,860 bilhões observadas no mesmo período do ano passado. É o maior volume de ingresso para um primeiro semestre desde 2023, evidenciando a recuperação da confiança dos investidores globais no mercado brasileiro.
O saldo positivo de junho reflete compras acumuladas de R$ 289,016 bilhões, frente a R$ 283,657 bilhões em vendas, além de R$ 31 bilhões captados por meio de operações de Follow-on, o que reforçou o caixa de diversas companhias e contribuiu para o bom desempenho do mercado.
No mesmo período, o Ibovespa alcançou valorização de 15,44%, registrando o melhor primeiro semestre desde 2016 e retomando níveis históricos que não eram observados desde o início de 2020. Mesmo assim, o investidor segue atento aos riscos, especialmente considerando que o segundo semestre, historicamente, costuma ser mais volátil.
O fluxo estrangeiro positivo também reflete o movimento global de realocação de recursos, intensificado nos últimos meses, em que investidores institucionais e fundos internacionais têm reduzido exposição a ativos americanos e buscado oportunidades em economias emergentes.
No cenário internacional, o movimento de realocação de recursos para mercados emergentes segue em destaque. Esse fluxo tem sido impulsionado pelo enfraquecimento do dólar, que encerrou junho cotado a R$ 5,4571, acumulando queda de 13,20% no ano. A expectativa de que o Federal Reserve inicie cortes nos juros a partir de setembro tem reduzido o apelo relativo dos ativos americanos, enquanto países como o Brasil passam a ser vistos como alternativas com maior potencial de retorno.
Internamente, o ambiente segue misto. Apesar dos juros elevados e dos múltiplos ainda descontados na Bolsa brasileira, o cenário político e fiscal exige cautela. As discussões envolvendo o IOF e a tributação de investimentos, além das incertezas em relação à trajetória da dívida pública, seguem no radar e limitam o ímpeto dos investidores.
O Banco Central elevou a Selic para 15% ao ano, o que mantém o Brasil entre os países com maior taxa de juros, favorecendo a entrada de capital estrangeiro. Além disso, indicadores recentes, como o IPCA-15 de junho, reforçam um quadro de inflação mais controlada no curto prazo.
Mesmo com a desaceleração do fluxo estrangeiro em junho frente ao mês anterior, o Brasil permanece inserido na estratégia de diversificação dos investidores globais. Em meio às mudanças no cenário internacional, o país segue captando recursos e se beneficiando da maior rotação de portfólios em direção a economias emergentes.