A semana de 22 a 28 de junho foi marcada por eventos econômicos e geopolíticos relevantes que influenciaram diretamente o desempenho do Ibovespa. Na terça-feira (24), entrou em vigor o cessar-fogo entre Israel e Irã, com apoio dos Estados Unidos, encerrando 12 dias de conflito.
Na quinta-feira (26), foram divulgados o IPCA-15 do Brasil e o PIB dos Estados Unidos. O IPCA-15 apresentou alta de 0,26%, com os maiores impactos vindos dos grupos habitação (1,08%) e vestuário (0,51%). Já o PIB norte-americano recuou 0,5% no primeiro trimestre de 2025, influenciado principalmente pelo aumento das importações e pela redução nos gastos do governo.
Hoje, sexta-feira (27), o IBGE informou que a taxa de desemprego no Brasil ficou em 6,2%, abaixo da expectativa de 6,4%. Nos Estados Unidos, o índice de preços PCE avançou 0,1% em maio e 2,3% em 12 meses, com recuo nos gastos com bens compensado por aumento nos gastos com serviços.
Além disso, foi publicado no Diário Oficial da União o decreto legislativo que susta os aumentos do IOF previstos por decretos presidenciais, restaurando a redação do Decreto nº 6.306, de 2007.
Principais variações positivas da semana:
A Engie Brasil (EGIE3) apresentou a maior alta da semana, com valorização de 12,43%, alcançando sua maior cotação do ano, de R$ 45,03. A alta refletiu uma reestruturação organizacional na diretoria executiva, com a criação de uma nova posição voltada à sustentabilidade.
A Raia Drogasil (RADL3) teve alta de 7,07%, impulsionada pela revisão do preço-alvo para R$ 19,00 feita pelo BB-BI, com recomendação neutra. A valorização também foi favorecida pela alta do IPCA-15, que reacendeu no mercado a expectativa de redução da taxa Selic, beneficiando o setor varejista.
A Vale (VALE3) subiu 6,17%, com declarações do presidente-executivo, Gustavo Pimenta, reafirmando que a demanda por minério de ferro permanece firme e que a companhia pretende retomar sua posição como maior mineradora de ferro do mundo, com meta de produção de 360 milhões de toneladas anuais.
Principais variações negativas da semana:
As ações da Brava (BRAV3) lideraram as perdas da semana, pressionadas pela forte volatilidade no mercado de petróleo. A queda da commodity ocorreu após o anúncio do cessar-fogo entre Israel e Irã, o que reduziu temporariamente o prêmio de risco geopolítico. No entanto, esse alívio é considerado frágil diante da persistente instabilidade na região do Estreito de Ormuz — rota crucial para o transporte global de petróleo. A reversão nos preços do Brent agravou a queda dos papéis da Brava, que já enfrentava dificuldades para sustentar tendências de alta em 2025.
A PetroRecôncavo (RECV3) também esteve entre as maiores quedas da semana, acumulando recuo de 9,25%, mesmo após anunciar uma nova emissão de debêntures de R$ 500 milhões. A volatilidade no mercado de petróleo e a paralisação temporária da unidade de Cassarongongo em junho, que deve impactar sua produção no curto prazo, contribuíram para o desempenho negativo. Segundo o Santander, o cenário atual tende a afetar mais duramente empresas menores e operacionais como a PetroRecôncavo.
As ações da São Martinho (SMTO3) caíram com força após a divulgação de resultados fracos no quarto trimestre da safra 2024/2025. O lucro líquido da companhia despencou 83,3% em relação ao mesmo período do ano anterior, totalizando R$ 105 milhões, enquanto a receita líquida caiu 28,2%, afetada pela forte queda nos volumes de venda de açúcar (-46%) e etanol (-34%). Apesar da valorização do etanol, a combinação entre queda de volumes e redução nos preços do açúcar comprometeu o desempenho financeiro. Analistas do Citi mantiveram visão neutra sobre o papel, apontando a ausência de catalisadores de curto prazo e pressão contínua das commodities sobre o setor.
A semana foi marcada por um ambiente misto, com trégua geopolítica, divulgação de dados econômicos relevantes e mudanças fiscais que afetaram o mercado de forma setorial. Apesar de alguns sinais positivos, como o recuo da inflação no Brasil e a taxa de desemprego abaixo do esperado, a combinação entre incertezas econômicas nos EUA, volatilidade nas commodities e resultados corporativos fracos exige cautela dos investidores.
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