O Ibovespa encerrou a quarta-feira (4) em queda de 0,40%, aos 137.002 pontos, em um pregão marcado por forte volatilidade. O índice oscilou entre ganhos e perdas ao longo do dia, refletindo as incertezas em torno do cenário fiscal brasileiro, das políticas protecionistas dos EUA, da economia chinesa e de indicadores globais.
No cenário internacional, um dos principais destaques foi a entrada em vigor das novas tarifas de 50% sobre as importações de aço e alumínio pelos Estados Unidos, dobrando a alíquota anterior. A medida, anunciada pelo presidente dos EUA, Donald Trump, afeta diretamente o Brasil, segundo maior fornecedor de aço ao mercado americano. Com isso, o setor siderúrgico nacional foi pressionado. A Gerdau (GGBR4), que possui operações voltadas para a produção de aços longos nos EUA, tende a ser menos impactada pelas tarifas, mas viu suas ações recuarem 0,62% após o anúncio de uma nova emissão de títulos de dívida por sua controlada Gerdau Trade Inc., sediada nas Ilhas Virgens Britânicas. Já a CSN (CSNA3) e a CSN Mineração (CMIN3) enfrentam um cenário mais desafiador. O Itaú BBA reduziu o preço-alvo das ações da CSN de R$ 12 para R$ 9, mantendo recomendação neutra, e cortou o preço-alvo da CSN Mineração de R$ 5,50 para R$ 4,80, reiterando recomendação de venda. Os papéis encerraram o dia em queda de 0,60% e 0,40%, respectivamente.
No setor de alimentos, o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, afirmou que o Brasil está novamente livre da gripe aviária e que negocia a suspensão de embargos internacionais. Ainda assim, o destaque do dia foi a Minerva (BEEF3), que amargou a maior queda do Ibovespa, com recuo de 7,13%, após anunciar a recompra de bonds no valor de US$ 240,1 milhões (R$ 1,36 bilhão), com descontos médios de até 21%. A empresa justificou a operação como parte de sua estratégia para reduzir a alavancagem e os custos financeiros, mas o movimento não agradou ao mercado.
Também no radar tivemos a aprovação, sem restrições, da fusão entre BRF (BRFS3) e Marfrig (MRFG3) pela Superintendência-Geral do Cade. A decisão ainda aguarda prazo legal de 15 dias para se tornar definitiva, caso não haja recursos. As ações de ambas as empresas encerraram o dia estáveis, sem variação.
Na frente fiscal, o governo avalia alternativas para compensar um eventual recuo no aumento do IOF. Entre as propostas estão a revisão de benefícios fiscais, a imposição de uma trava de 21% na complementação da União ao Fundeb e a taxação de criptoativos e apostas online. O Vice-Presidente, Geraldo Alckmin, afirmou que a solução virá tanto pelo lado da receita quanto da despesa, destacando o bom andamento do diálogo entre Executivo e Legislativo.
Entre os destaques negativos do Ibovespa, as ações da Petrobras recuaram 2,75% (PETR4) e 2,91% (PETR3), pressionadas pela queda dos preços internacionais do petróleo e por rumores de que o governo estuda medidas para elevar a arrecadação no setor.
No exterior, os investidores reagiram ao relatório ADP de empregos privados dos EUA, que veio abaixo das expectativas. Foram apenas 37.000 vagas de emprego no mês passado, depois de 60.000 em dado revisado para baixo em abril. Economistas previam a abertura de 110.000 postos. Apesar disso, os índices em Nova York se mantiveram estáveis. Mike Dickson, da Horizon Investments, avaliou que “as coisas provavelmente estão melhores do que se temia”, citando a natureza volátil do ADP e destacando que o foco maior está no payroll, que será divulgado na sexta-feira (6). Trump voltou a pressionar o presidente do Fed, Jerome Powell, pedindo cortes de juros e criticando sua atuação como “lenta demais”.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• MRV (MRVE3): +6,86%
• Cogna (COGN3): +4,65%
• Yduqs (YDUQ3): +4,39%
• Embraer (EMBR3): +4,06%
• WEG (WEGE3): +3,50%
Baixas
• Minerva (BEEF3): -7,13%
• São Martinho (SMTO3): -5,39%
• Petz (PETZ3): -3,69%
• Assaí (ASAI3): -3,04%
• Petrobras (PETR3): -2,91%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia sem direção única:
• Dow Jones: -0,22%
• Nasdaq: +0,32%
• S&P 500: +0,01%
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