O Ibovespa fechou a sexta-feira (23) com leve alta de 0,40%, aos 137.824 pontos, mas encerrou a semana com recuo de 0,98%, interrompendo uma sequência de seis semanas consecutivas de valorização no acumulado semanal — mesmo após ter atingido, durante a semana, o patamar recorde de 140 mil pontos. O desempenho negativo foi impulsionado por incertezas fiscais no Brasil, agravadas por mudanças no Imposto sobre Operações Financeiras (IOF), e preocupações com o cenário externo, como tensões comerciais e o déficit fiscal nos Estados Unidos.
O principal fator doméstico foi a polêmica em torno do IOF. Na noite de quinta-feira (21), o governo anunciou aumento nas alíquotas para elevar a arrecadação em R$ 61 bilhões até 2026, com foco na meta de déficit zero. A medida foi mal recebida pelo mercado, vista como sinal de fragilidade fiscal e risco ao ambiente de investimentos. Diante da reação negativa, o governo recuou parcialmente na manhã desta sexta-feira, revogando parte do aumento, o que reduziu a previsão de arrecadação extra em aproximadamente R$ 6 bilhões. O ministro da Fazenda, Fernando Haddad, justificou a mudança como forma de evitar especulações. Já o presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, expressou sua contrariedade ao uso do IOF como ferramenta arrecadatória.
No exterior, o mercado reagiu com cautela a falas do presidente dos EUA, Donald Trump, que mencionou novas tarifas contra a União Europeia e a Apple. Isso, aliado à aprovação de uma nova legislação fiscal que pode elevar a dívida americana, adicionou incerteza aos mercados globais, impactando também o Brasil. O dólar reagiu com forte volatilidade, subindo 0,96% e fechando a R$ 5,6932.
Entre as empresas, a JBS (JBSS3) aprovou em assembleia a reestruturação societária que migrará sua sede para a Holanda, com ações listadas na Bolsa de Nova York (NYSE) e BDRs no Brasil. A mudança visa fortalecer a governança e atrair investidores. Apesar da aprovação, os papéis da companhia recuaram 1,23%.
A Raízen (RAIZ4) foi o maior destaque positivo da semana, acumulando uma valorização expressiva de 25,15%, impulsionada por um avanço de 7,00% no pregão de sexta-feira. A empresa tem avançado na venda de ativos, incluindo usinas solares, como parte de um plano de reestruturação para reduzir dívidas e focar em eficiência operacional. Mesmo com resultados trimestrais abaixo do esperado, o mercado vem reagindo positivamente às iniciativas lideradas pelo CEO Nelson Gomes.
O maior ganho do dia ficou com a Braskem (BRKM5), que saltou 9,15% após notícias de uma oferta de compra liderada pelo empresário Nelson Tanure. A Novonor (ex-Odebrecht), controladora com 50,1% das ações votantes, negocia a venda como parte de seu plano de recuperação judicial, mas precisa do aval dos principais credores. A proposta prevê que a Novonor fique com cerca de 5% da companhia após a operação.
As listas das maiores altas e baixas da carteira do Ibovespa ficaram assim:
Altas
• Braskem (BRKM5): +9,15%
• Raízen (RAIZ4): +7,00%
• Direcional (DIRR3): +4,53%
• Cosan (CSAN3): +3,62%
• Pão de Açúcar (PCAR3): +3,00%
Baixas
• Azzas (AZZA3): -6,07%
• Magalu (MGLU3): -4,96%
• Vamos (VAMO3): -3,06%
• Azul (AZUL4): -2,80%
• Banco do Brasil (BBAS3): -2,52%
EUA
Os principais índices de Nova York encerraram o dia em queda:
• Dow Jones: -0,61%
• Nasdaq: -1,00%
• S&P 500: -0,67%
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