MRV (MRVE3) gasta mais, vende menos e lucro despenca 99% no 3º trimestre

Com lucro líquido de R$ 2 milhões, construtora frustra expectativas do mercado

Foto: Shutterstock/T. Schneider

Diante de custos e despesas em alta e vendas em baixa, a MRV&Co (MRVE3) fechou o terceiro trimestre deste ano com lucro líquido de R$ 2 milhões, praticamente revertendo o resultado anotado nos mesmos três meses de 2021, com queda de 99%.

Além de representar forte queda na comparação anual, o resultado líquido da MRV ficou muito abaixo do esperado pelo mercado. A projeção mais pessimista entre as consultadas pela Agência TradeMap era do Santander, de R$ 9 milhões, enquanto a Ativa Investimentos estimava lucro de R$ 86,9 milhões e o BTG Pactual apostava em R$ 101 milhões.

A receita operacional líquida do grupo no trimestre foi de R$ 1,69 bilhão, queda anual de 5,8%, impactada principalmente pela redução de 6% na receita da operação brasileira da companhia, que fechou o período em R$ 1,63 bilhão.

Menos relevantes no resultado consolidado, a receita operacional líquida da Resia, a operação americana da companhia, teve baixa anual de 72,1% no trimestre, enquanto o faturamento das menores Luggo e Urba subiu 122% e 47,1%, respectivamente.

Do lado dos gastos, o custo dos imóveis vendidos e serviços prestados cresceu 4,2% na mesma base de comparação, para R$ 1,37 bilhão.

Assim, a MRV&Co fechou o terceiro trimestre com lucro bruto de R$ 328 milhões, baixa de 32,9% em relação a igual período do ano passado, com margem bruta de 19,3%, contração de 7,8 pontos percentuais.

O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), por sua vez, caiu 90,6% entre o terceiro trimestre de 2021 e os mesmos três meses deste ano, para R$ 36 milhões, enquanto a margem Ebitda passou de 21,5% para 2,1%.

Lançamentos e vendas da MRV caem no terceiro trimestre

Do lado operacional, os lançamentos da MRV foram 13,6% menores neste trimestre, totalizando um valor geral de vendas (VGV) de R$ 1,8 bilhão, enquanto as vendas totalizaram R$ 1,46 bilhão, redução anual de 27,3%.

A contração nos lançamentos, de acordo com a companhia, segue a estratégia de priorizar o aumento de preços em busca de recompor a margem bruta.

Na unidade de negócios de incorporação econômica no Brasil, que comporta as marcas MRV e Sensia, a companhia destaca a recuperação de rentabilidade, com destaque para o indicador de margem bruta de novas vendas, que acumula valorização de nove pontos percentuais desde o início do ano. A margem bruta geral, no entanto, apresentou queda de 7,5 pontos percentuais, encerrando o período em 18,9%.

Preço médio dos imóveis cresce

De acordo com a empresa, a melhora da rentabilidade só foi possível devido ao aumento de 15,4% no preço médio dos imóveis vendidos no trimestre, no comparativo com o mesmo período de 2021, e à estabilização da pressão inflacionária nos materiais de construção vista nos últimos meses.

“A prioridade da companhia é a recomposição de sua margem bruta reportada e a volta da geração recorrente de caixa, em detrimento do crescimento da operação”, informou a empresa, que comunicou o plano de manter a incorporação da operação brasileira em 40 mil unidades anuais e focar na ampliação da margem bruta.

Resia em alta

A operação americana, por sua vez, tem sido positivamente influenciada pelo momento de elevação de juros nos Estados Unidos, que aumenta o custo do financiamento imobiliário e comprime o poder de compra das famílias, aumentando a busca pelo aluguel, produto oferecido pela Resia.

“Com isso, temos percebido a continuidade da forte demanda, que se reflete em uma alta velocidade de locação, baixa vacância e na capacidade de aumentar o valor do aluguel”, afirma a MRV.

O aumento da demanda, por sua vez, permitiu um aumento nos aluguéis médios. Com isso, a receita líquida e o lucro bruto da subsidiária tiveram aumento na comparação com o segundo trimestre, mas ainda caíram 72,1% e 70,9% na base anual, respectivamente, fechando o trimestre em R$ 6,9 milhões e R$ 3,5 milhões.

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