Petrobras (PETR4) avisa: diesel deve ficar mais caro e pode faltar se ajuste de preço demorar

Petrobras indicou que aumento no preço do óleo diesel será necessário para acompanhar tendência mundial e evitar escassez

Foto: Shutterstock

A Petrobras (PETR4) avisou ao mercado que o diesel deve ficar mais caro, e que o combustível pode faltar no Brasil se o preço no mercado interno descolar muito do praticado no exterior.

Em comunicado publicado na noite de quarta-feira (8), a companhia disse que a demanda por óleo diesel em todo o mundo – e inclusive no Brasil – deve aumentar no segundo semestre, e que as refinarias de petróleo nos Estados Unidos e no Caribe podem ser forçadas a interromper a produção entre junho e novembro por causa da temporada de furacões.

Estes fatores sazonais somam-se à menor oferta de petróleo da Rússia – fator que vem impulsionando os preços tanto da commodity quanto dos combustíveis pelo menos desde o final de fevereiro – como motivos para esperar um diesel mais caro daqui para frente.

“Não há fundamentos que indiquem a melhora do balanço global e o recuo estrutural das cotações internacionais de referência para o óleo diesel”, disse a Petrobras.

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O problema deste cenário, segundo a companhia, é que os preços do óleo diesel estão aumentando no mercado internacional, o que, segundo a Petrobras, deixa o Brasil – que depende de importações para abastecer 30% do mercado deste combustível – numa posição vulnerável.

“Os estoques de diesel nos principais mercados internacionais exibiram declínio acentuado nos últimos meses. Em um cenário de escassez global, o abastecimento nacional requer uma atenção especial”, disse a companhia. “O mercado interno registrou recorde de consumo de óleo diesel no ano passado e essa marca deverá ser superada em 2022”, acrescentou.

“É fundamental que a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global seja referência para o mercado brasileiro de combustíveis, visando à segurança energética nacional”, concluiu a companhia.

O que a falta de diesel tem a ver com a Petrobras?

A Petrobras, que no Brasil exerce posição dominante na venda de combustíveis para distribuidoras, tem equiparado os preços do mercado interno aos praticados no exterior para garantir que haja interesse dos importadores em trazer gasolina e diesel para o país.

No entanto, essa política tem sido criticada por representantes do governo federal, maior acionista da empresa. O presidente Jair Bolsonaro, inclusive, decidiu trocar duas vezes no mesmo ano o presidente da Petrobras na tentativa de alterar a política de preços de combustíveis, e mais recentemente propôs zerar o ICMS sobre estes produtos para baratear o diesel.

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“Preços abaixo do mercado inviabilizam economicamente as importações necessárias para complemento da oferta nacional. Exemplos recentes de desalinhamento aos preços de mercado já se traduzem em problemas de abastecimento em países vizinhos ao Brasil”, disse a companhia no comunicado.

“A Petrobras reitera o seu compromisso com a prática de preços competitivos e em equilíbrio com o mercado global, necessária para a garantia do abastecimento doméstico”, acrescentou.

Qual deve ser o tamanho do reajuste?

A Petrobras adota uma dinâmica de reajustes espaçados nos preços dos combustíveis, em vez de em tempo real. O objetivo, segundo a companhia, é evitar que os preços do mercado doméstico sejam tão voláteis quanto os do mercado internacional.

Este tipo de abordagem, no entanto, gera defasagem nos preços domésticos. Dados da Abicom (Associação Brasileira dos Importadores de Combustíveis) atualizados até quarta-feira mostram que o diesel vendido no Brasil está 16% mais barato do que o vendido no exterior. No caso da gasolina, a defasagem é um pouco maior, de 17%.

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