Azul (AZUL4) surpreende Goldman Sachs e banco diz que há chance de elevar previsões

Empresa teve um Ebitda ajustado de R$ 593 milhões, 13% acima do consenso do mercado e 28% superior à projeção do banco americano

Foto: divulgação

O balanço publicado na manhã desta segunda-feira (9) pela Azul, com os resultados do primeiro trimestre, surpreendeu positivamente os analistas do Goldman Sachs, que não descartam revisar para cima as estimativas para a receita unitária e o Ebitda (lucro antes de impostos, juros, depreciações e amortizações) da companhia aérea.

De janeiro a março, a empresa teve um Ebitda ajustado de R$ 593 milhões, 13% acima da mediana das previsões coletadas pela Bloomberg e 28% superior à projeção do Goldman Sachs.

“A nossa estimativa foi superada principalmente por causa da receita unitária da Azul, que já supera em 15% o nível pré-pandemia”, escrevem os analistas Bruno Amorim, João Frizo e Guilherme Costa Amorim, do banco americano, em relatório distribuído a clientes.

A Azul estima a receita unitária por meio de um cálculo que divide o faturamento pela demanda (o total de quilômetros voados multiplicado pelo número de assentos preenchidos). O indicador cresceu 38,3% em comparação ao primeiro trimestre do ano passado.

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O Goldman Sachs ressaltou também que a receita líquida da Azul, de R$ 3,1 bilhões, cresceu 26% em relação ao primeiro trimestre de 2019, antes da pandemia. Por outro lado, os custos unitários estão 30% superiores ao pré-crise, enquanto os custos que excluem gastos com combustíveis estão 18% acima.

A companhia atribui o avanço das despesas à depreciação do real em relação ao dólar (boa parte dos gastos de uma companhia aérea está relacionado à moeda americana) e à inflação.

Em meio a esse cenário, a Azul registrou lucro líquido de R$ 2,67 bilhões no primeiro trimestre, revertendo prejuízo anotado em igual período do ano passado, de R$ 2,78 bilhões.

Projeções

Após a divulgação do balanço, a Azul também forneceu ao mercado quais são as suas expectativas para o ano de 2022. A empresa espera terminar o ano com Ebitda de R$ 4 bilhões e uma demanda 10% superior a 2019, no indicador que multiplica o total de quilômetros voados pelo número de assentos preenchidos. A Azul também prevê um Ebitda de R$ 5,5 bilhões para 2023.

O Goldman Sachs destacou que a demanda prevista pela Azul representa expansão de 26% em comparação a 2021, o que seria uma desaceleração em relação ao crescimento de 54% visto em 2021 ante 2020. A receita unitária, por sua vez, ficaria 20% acima do nível de 2019, enquanto a projeção do Goldman Sachs estima avanço de 16,7%.

O consenso do mercado aponta para um Ebitda de R$ 3,5 bilhões em 2022, enquanto o Goldman Sachs projeta R$ 3 bilhões. “Isso nos leva a acreditar que o mercado permanece racional, com os principais players desacelerando o crescimento para ajustar as tarifas mais altas e compensar os custos mais altos de combustíveis”, escrevem os analistas do banco americano.

O Goldman Sachs permanece neutro em relação às ações da Azul, mas vê chance de ter de revisar as suas estimativas de receita unitária e Ebitda para cima, em linha com as tendências positivas que a empresa tem apresentado. “Isso mostra a capacidade da companhia de repassar os custos mais altos para as tarifas”, afirmam os analistas.

O banco, contudo, destaca que tem preferência pelos papéis da Volaris, empresa aérea do México, e da Copa Airlines, do Panamá, em detrimento das companhias aéreas brasileiras.

O Goldman Sachs projeta um preço-alvo de R$ 30,20 para a Azul, uma valorização potencial de 53,8%. Por volta das 12h10, as ações da companhia aérea caíam 3,72%, a R$ 18,91.

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