A Proposta de Emenda Constitucional (PEC) para reduzir impostos federais sobre os combustíveis, prometida pelo presidente Jair Bolsonaro, teria impacto mínimo sobre os preços da gasolina e do diesel nas bombas no curto prazo e poderia aumentar a desvalorização do real, consequentemente deixando estes produtos mais caros para o consumidor, segundo o UBS-BB Investment Bank em relatório distribuído nesta segunda-feira (24).
O banco estimou que, para cada R$ 1 bilhão gastos com a desoneração, o litro da gasolina e do diesel nas refinarias cairia em R$ 0,012. Considerando informações que circulam na imprensa, de que o plano custaria R$ 50 bilhões aos cofres públicos, o impacto potencial seria de R$ 0,61 por litro, mas “esperamos que impactos mínimos se materializem nas bombas”, disse o UBS-BB.
A instituição acredita que parte dos subsídios poderia ser absorvida pela cadeia de distribuição de combustíveis, de forma que “o impacto final para os consumidores seria significativamente menor do que R$ 0,012/l para cara R$ 1 bilhão do governo”.
O UBS-BB acrescentou que a proposta seria uma “faca de dois gumes”.
O ponto positivo é que o compromisso do governo em abordar os preços dos combustíveis sem interferir diretamente na Petrobras (PETR4) reforça a independência da companhia.
O negativo é que, sem medidas para compensar a perda de arrecadação do governo, a PEC colocaria em dúvida a situação fiscal do Brasil e enfraqueceria o real. Neste caso, como um dos fatores que ditam o preço dos combustíveis no mercado doméstico é a taxa de câmbio, a PEC poderia elevar os preços dos combustíveis ao contribuir para o fortalecimento do dólar.
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O UBS-BB recomenda a compra das ações da Petrobras, com preço-alvo de R$ 44, o que representaria alta de 38,8% em relação ao preço do papel no fechamento de sexta-feira (21).
O otimismo do UBS-BB é quase consenso no mercado: de acordo com dados do Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, 11 das 12 casas de análise consultadas recomendam compra para PETR4, enquanto apenas uma tem classificação neutra. A mediana do preço-alvo dos analistas é de R$ 36, alta de 13,3% em relação ao nível atual.
Na visão do banco, os principais riscos para o preço da ação são os preços do petróleo e dos combustíveis nas refinarias; riscos de execução; disciplina em Capex e retorno de novos projetos; cenário político e econômico; e mudanças na legislação de energia no Brasil.
Por volta das 15h10 desta segunda-feira, a ação da petroleira era negociada em baixa de 0,44%%, a R$ 31,63.