Por que as melhores oportunidades para investir no exterior podem estar fora dos EUA, segundo o UBS

Sequência de altas performances do mercado americano pode estar perto do fim, diz o banco

Foto: Unsplash

Quando se fala em diversificação global no mundo dos investimentos, é comum que os investidores já pensem logo na compra de ativos americanos. Isso, no entanto, não é suficiente, afirma o banco suíço UBS, em relatório distribuído nesta quarta-feira, dia 19.

Embora os EUA sejam o principal mercado do mundo, lá também os ventos podem mudar de lado, o que reforça a necessidade de investir também em outros países. Além disso, o auge vivido pelo mercado americano nos últimos anos pode estar perto do fim, acredita a equipe de analistas do UBS.

Tempos de glória podem estar perto do fim

Embora o banco não enxergue nenhuma grande crise para os EUA nos próximos anos, os principais fatores por trás das altas recentes, como a queda das taxas de juros, o aumento do valor das ações e dos lucros das empresas, e a força do dólar, “parecem perto de perder força, ou até de mudar de fatores positivos para negativos no próximo ciclo do mercado”, segundo o relatório.

Na visão do banco, as ações estão muito caras e, apesar de parte disso ter como razão o crescimento no lucro das empresas, o cenário atual de expansão nas taxas de juros e crescimento de pressões regulatórias para diversos setores no país torna a expansão das margens uma tarefa difícil daqui para frente.

O banco aponta que, ainda que o mercado de ações dos EUA corresponda atualmente a cerca de 61% da capitalização do mercado global, esta fatia deve começar a diminuir.

Em relação ao dólar, embora o banco projete valorização no curto prazo, a expectativa é de perda de força em relação a outras moedas fortes, como o euro, no médio prazo.

Finalmente, o fato de as ações de crescimento (ativos de empresas menos consolidadas, mas com alto potencial de valorização) terem grande peso no mercado americano também pode jogar contra os ativos do país daqui para frente. Esse tipo de papel é fortemente beneficiado pela queda nas taxas de juros – que devem ter sua trajetória invertida daqui para frente.

Em contraste, os mercados internacionais, que têm mais peso de ações de valor (papéis de companhias consolidadas e com fundamentos sólidos), como empresas de finanças e energia, tendem a performar acima da média em momentos de alta nas taxas de juros, além de oferecerem proteção à inflação.

O banco, então, espera que as ações internacionais tenham performance superior à dos EUA daqui para frente. “O tamanho e a persistência da alta performance do mercado de ações dos EUA ajudaram a criar um número crescente de ventos contrários que sugerem que as ações internacionais estão prontas para uma retomada”, diz o relatório.

Almoço grátis

A diversificação, de acordo com o UBS, deve se dividir entre mercados desenvolvidos e emergentes.

“Apesar de continuarem a ter crescimento significativamente maior do que os mercados desenvolvidos em uma perspectiva econômica, as ações de mercados emergentes não foram capazes de continuar sua sequência de vitórias durante a crise global ou a recuperação”, diz o banco, apontando que, em anos de crise como 2011, 2013 e 2021, os mercados emergentes entregaram retornos negativos, com contraste com as altas do S&P 500.

Além disso, os mercados emergentes tendem a ser mais suscetíveis a choques geopolíticos, de forma que uma exposição grande demais pode prejudicar um portfólio.

A recomendação do banco, então, é que investidores mantenham um portfólio globalmente diversificado, com não mais de 40% de alocação nos EUA.

“Quando você fizer novas adições a seu portfólio ou rebalancear sua alocação, recomendamos que você aproveite a oportunidade para aumentar sua alocação internacional para ao menos 40%. Afinal, a diversificação é ‘o único almoço grátis nos investimentos’”, conclui o relatório.

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