Considerando as potenciais sinergias da compra de ativos móveis da Oi (OIBR3), que podem chegar a R$ 5,4 bilhões, e os benefícios da redução do ICMS (Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços) da telecomunicação, o Bank of America (BofA) passou a recomendar a compra das ações da Vivo (VIVT3).
Além de indicar a compra, os analistas David Beker, Paula Andrea Soto e Carlos Peyrelongue também elevaram seu preço-alvo para o papel para R$ 60, de R$ 53 anteriormente. O novo valor corresponde a alta de 27,5% em relação ao preço das ações no fechamento desta quinta-feira (30), de R$ 47,06.
Nos cálculos do BofA, a Vivo pode colher até R$ 5,4 bilhões em sinergias da compra de ativos da Oi móvel, o que corresponde a R$ 3,2 por ação.
Estas sinergias, segundo o banco, devem vir principalmente do potencial de venda de serviços a clientes da Oi, de uma possível redução nas taxas de cancelamento de planos no médio a longo prazo, e de uma eventual redução no capex (despesas de capital), uma vez que o espectro adquirido da Oi pode levar a mais qualidade.
Outro fator que deve ajudar a Vivo, assim como as demais companhias do setor, é a aprovação de um limite para o ICMS sobre a telecomunicação, aprovado na semana passada pelo presidente Jair Bolsonaro. Agora, a cobrança máxima do imposto passa do intervalo entre 25% e 30% para entre 17% e 18%.
⇨ Quer conferir quais são as recomendações de analistas para as empresas da Bolsa? Inscreva-se no TradeMap!
De acordo com o BofA, as empresas de telecomunicações poderiam absorver parte destes ganhos, levando a um aumento entre 15% e 20% do Ebitda, além de ampliar sua capacidade de repasse de inflação. Com uma cobrança menor de impostos, os aumentos de preços não pesariam sobre a demanda – pelo contrário, poderiam levar a uma demanda mais alta e, potencialmente, impulsionar as margens, segundo o banco.
Além das sinergias e do ICMS, o BofA aponta também os negócios de fibra ótica da Vivo, mais avançados do que a concorrência. Na análise do banco, a companhia tem sido capaz de reverter a tendência do ano passado, quando pequenas provedoras de internet cresciam suas bases de clientes enquanto as maiores perdiam assinantes.
“A performance dos pequenos está se deteriorando, especialmente considerando que mais recursos podem ser necessários para ampliar a consolidação do setor, o que não deve acontecer no curto prazo, devido ao macro desafiador. A Vivo, por outro lado, vem registrando adições líquidas em fibra e tem muito caixa para financiar expansão”, explicam os analistas.
Finalmente, o BofA argumenta ainda que, com o valor atual das empresas do setor, abrem-se oportunidades de fusões e aquisições para a Vivo, o que impulsionaria seu crescimento.
Na ponta oposta, os principais riscos para o desempenho da Vivo, na visão do BofA, seriam benefícios limitados de uma recuperação da macroeconomia, uma vez que sua base de clientes premium vem sofrendo menos com o cenário; continuidade de pressão de tecnologias mais antigas (legado) sobre as receitas; pressão de preços no segmento móvel, uma vez que a Vivo tem a maior receita média por cliente do mercado; e a possível criação de um imposto sobre dividendos.
Otimismo vai além da Vivo
O otimismo do banco, no entanto, se estende além da Vivo, uma vez que o setor como um todo deve se beneficiar de seu posicionamento defensivo, vantagem especialmente diante das eleições; de seu alto retorno sobre o fluxo de caixa livre; da alta liquidez dos papéis; e da redução do ICMS.
Além de todos estes pontos, o banco ainda enxerga um fator que pode fazer com que o setor tenha um desempenho ainda melhor do que o esperado: uma maior consolidação, o que o tornaria um mercado liderado por três concorrentes.
Nesse contexto, apesar de passar a recomendar a compra da ação da Vivo, o BofA reiterou sua preferência pela Tim (TIMS3), e elevou o preço-alvo do papel de R$ 17 para R$ 19 – potencial de alta de 49% contra o valor atual, de R$ 12,76.
Para a Tim, a projeção do banco é que a compra de ativos da Oi gere sinergias de R$ 6,3 bilhões, o equivalente a R$ 2,6 por ação.
Alguns fatores que poderiam fazer com que a companhia tenha uma performance superior à projetada são o fato de ela ser mais leve em sistemas do que seus pares, visto que suas operações de TV a cabo e telefonia são irrelevantes; o fato de ser a maior beneficiária de potenciais sinergias com a Oi; o estabelecimento de novas frentes de receita; seu potencial de ser a mais beneficiada por uma recuperação macroeconômica; e o acordo de compartilhamento de redes com a Vivo, que irá permitir economias de custos.
Por outro lado, as maiores ameaças para a Tim, segundo o BofA, são o crescimento limitado do setor, que coloca pressão sobre os preços; a baixa adição de novos clientes, o que pode levar a uma perda de participação de mercado; o alto endividamento de seu acionista controlador; e o foco reduzido em fibra ótica.