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Vamos (VAMO3) bate um terço da meta para investimentos e CFO já fala em novo alvo

No primeiro trimestre, a empresa somou R$ 1,6 bilhão em investimentos contratados

Foto: Divulgação

A Vamos (VAMO3), empresa focada em locação de caminhões e máquinas agrícolas, apresentou crescimento em todos os seus indicadores no primeiro trimestre de 2021, de acordo com o balanço de resultados da companhia, divulgado na noite desta quarta-feira (27).

Em entrevista à Agência TradeMap, o CFO da companhia, Gustavo Moscatelli, disse que o principal destaque foi o avanço do volume de investimentos que a empresa terá de fazer com base em contratos já fechados com clientes.

O balanço do primeiro trimestre apresentou R$ 1,6 bilhão em investimentos já contratados, alta de 56% ante o resultado do primeiro trimestre do ano passado e o equivalente a um terço do que a empresa pôs como meta para o ano todo, de algo entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,8 bilhões. “É o indicador que mede o crescimento da carteira de pedidos e dita a expansão da companhia”, ele disse.

Assim, o executivo afirma que existe a possibilidade de esses números serem revistos para cima após o segundo trimestre, a depender dos resultados dos próximos três meses.

“O guidance está mantido, mas obviamente com uma expectativa muito positiva. Talvez, no fechamento do segundo trimestre, se tudo correr como estamos vendo acontecer em abril, possamos revisar esses números”, afirmou. “Mas acho que ainda é um pouco cedo. Vamos trabalhar duro para ter mais um trimestre excelente como foi o primeiro, e talvez tenhamos uma notícia positiva.”

Para além do investimento contratado, o lucro líquido também apresentou expansão na comparação com os mesmos três meses de 2021, de 66,4%, indo para R$ 121,9 milhões – o mais alto da história da companhia.

A receita líquida, por sua vez, subiu 81,6%, para R$ 945,2 milhões; o Ebitda avançou 77,2%, para R$ 361,5 milhões, e a receita futura contratada (backlog) fechou o primeiro trimestre em R$ 8,9 bilhões, crescimento de 111,3%.

Confira a seguir a entrevista completa com Gustavo Moscatelli, CFO da Vamos.

Quais foram os destaques do balanço?

O primeiro trimestre de 2022 foi o melhor da história da companhia em todos os aspectos, tanto em indicadores operacionais quanto em financeiros. No Capex contratado [investimentos em bens de capital que a empresa tem de fazer para atender à demanda de contratos já fechados com clientes], assinamos contratos com clientes que demandam um Capex de R$ 1,6 bilhão, o maior já reportado pela companhia e 58% superior ao melhor trimestre já reportado, que foi o primeiro trimestre do ano passado. É uma mudança de patamar na escala da companhia e na geração de novos negócios, e mostra que a companhia está em um ritmo bastante acelerado de crescimento. O número já representa um terço do guidance da companhia para o ano, que é entre R$ 4,3 bilhões e R$ 4,8 bilhões.

E os caminhões e máquinas que a empresa já entregou para clientes e já gera receita?

Isso é o que chamamos de Capex implantado. Esse número foi de R$ 846 milhões no primeiro trimestre, crescimento de 75% em relação ao primeiro trimestre do ano anterior, e mostra não só o crescimento, mas a capacidade operacional para gerir a companhia em uma escala completamente diferente.

Como estão os estoques de ativos novos para locação?

Terminamos o primeiro trimestre com R$ 1,3 bilhão em caminhões e máquinas em estoque, ainda não locados, o que tem se mostrado um diferencial competitivo muito grande. Dado que o mercado está com falta de entrega, o fato de termos caminhões a pronta entrega é um diferencial competitivo. Ao mesmo tempo, é bastante gerador de valor, uma vez que compramos esses caminhões com bastante antecedência, por um preço quase 35% menor do que o valor de mercado de um caminhão hoje. Esse talvez seja um dos principais destaques operacionais da companhia. As consequências são números financeiros também recorde em todas as linhas. Viramos uma empresa com quase R$ 1 bilhão de faturamento por trimestre. Nosso faturamento líquido foi de R$ 945 milhões, cresceu mais de 80% em relação ao trimestre passado, e o lucro líquido também bateu recorde, em R$ 122 milhões, crescimento de 66%. A companhia cresceu seu lucro líquido todos os trimestres nos últimos quatro anos, independente de taxa de juros, de mudança de governo, de crise na cadeia de suprimentos…

Um destaque no trimestre passado foi a capacidade da Vamos de reajustar taxas de aluguel para compensar a alta no custo de capital. A empresa ainda tem conseguido reajustar?

Sim. Tivemos mais um reajuste positivo nos novos contratos nesse primeiro trimestre. Quando comparamos o primeiro trimestre deste ano com o primeiro trimestre do ano passado, o reajuste foi acima do aumento da taxa de juros. Boa parte disso é a diligência que fazemos na hora de negociar com o cliente. Agora, também uma boa parte que é ter esse estoque, que dá flexibilidade para conseguir fazer negócios com uma rentabilidade maior e compensar o aumento da taxa de juros.

A alta de juros ainda deve gerar pressão nas receitas financeiras?

O impacto é natural. Se aumenta a taxa de juros e a companhia é intensiva em capital, tem um aumento natural na despesa financeira. Mas isso também é compensado nos novos contratos. Vale lembrar também que temos uma política de hedge de dívida aprovada pelo conselho de administração. Um terceiro ponto é que os nossos ativos valorizaram mais de 30%, o que dá quase R$ 2 bilhões, valor mais do que suficiente para cobrir qualquer mudança na taxa de juros. Acho que estamos bem seguros e confortáveis com esse ambiente, protegidos para continuar entregando uma rentabilidade crescente trimestre após trimestre.

A Vamos já tinha comentado que o primeiro trimestre costuma ser sazonalmente mais forte. Isso ajudou os resultados ou foi um crescimento sequencial?

Na locação, costumamos falar que o primeiro trimestre é um pouco mais forte por conta da sazonalidade do setor sucroalcooleiro. Mas, se compararmos a participação do setor sucroalcooleiro neste trimestre e no mesmo trimestre do ano passado, foi igual. Então temos a expectativa de que o crescimento reportado no primeiro trimestre continue nos próximos. Não vemos um crescimento pontual.

O ambiente macroeconômico, com alta de inflação e juros, é positivo ou negativo para o negócio de locação?

Obviamente, a inflação nunca é boa para a economia como um todo. Agora, o efeito prático no nosso negócio até agora foi bastante positivo. Tivemos uma apreciação muito grande nos ativos. Esse ambiente inflacionário também fez com que as empresas, na hora de renovar a frota, se deparassem com um valor muito maior do caminhão e com uma taxa de juros muito maior para financiar, então a opção de locação passou a ser mais analisada, e isso tem nos ajudado a crescer com uma velocidade maior do que esperávamos.

A escassez de produção de veículos tem segurado o crescimento?

Não. Temos entregado crescimento no nosso full potential com a estrutura que a gente tem hoje. Mas, se você observar, temos em estoque R$ 1,3 bilhão de ativos novos, que representam cerca de dois meses de vendas. É um estoque supersaudável, e isso mostra que ainda temos muito espaço para crescer. Acho que isso depende mais da gente do que dos caminhões que estamos recebendo das montadoras no cronograma acordado.

Esse mesmo evento causou um aumento nas margens de seminovos. Isso deve continuar?

A margem de seminovos desse trimestre bateu 34%. No ano passado foi 19% e historicamente ficava por volta de 5%. Mas uma das principais diferenças do nosso negócio para o negócio de aluguel de veículos leves é que o nosso é de longo prazo. Os nossos contratos são de cinco anos. Então, em todo ano, daqui para frente, teremos contratos sendo desmobilizados, em que iremos apurar uma margem muito acima do que esperávamos anteriormente.

Por que que a empresa decidiu entrar no negócio de implementos, com a aquisição da Truckvan? Qual é a estratégia?

A Truckvan é uma empresa que faz implementos para caminhões, focada em um nicho de mercado de implementos customizados. Não temos pretensão de competir com Randon ou Fachini, é um nicho completamente diferente e que tem uma sinergia muito grande com o nosso negócio. A principal sinergia é a carteira de cliente. Quase todos os nossos clientes são potenciais clientes da Truckvan, e vice-versa. A Truckvan, por ser uma empresa familiar e menor, tinha uma limitação de capital que agora não tem mais, e pode passar, por exemplo, a alugar as carretas que produz Com isso passamos a tangibilizar o que chamamos de ecossistema. Tem a locadora, as concessionárias, os seminovos e uma empresa que faz implementos. Conseguimos atender os nossos clientes de qualquer forma.

As aquisições devem seguir como estratégia?

A nossa estratégia é 100% pautada no crescimento orgânico da companhia. As aquisições são feitas de forma oportunística à medida que encontramos empresas que agreguem valor no nosso modelo de negócio, como foram todas até então. Se acontecer alguma coisa vai ser incrementando todas as nossas expectativas.

Quais são as principais avenidas de crescimento?

Hoje vemos muito crescimento tanto em locação quanto em concessionárias. O negócio de concessionárias se transformou nos últimos doze meses – o faturamento líquido desse trimestre foi o dobro do faturamento do mesmo trimestre do ano passado. É um negócio que cresceu muito, de forma orgânica e através de operações de M&A que fizemos durante o ano passado. Temos uma expectativa muito positiva para os próximos trimestres, que devem ser ainda melhores do que esse, que foi recorde e que, sazonalmente, não é um trimestre bom. Mas claro, do ponto de vista de alocação de capital, é a locação que vai continuar ditando o ritmo da companhia.

Quais são os desafios que a empresa enxerga pela frente?

O nosso maior desafio aqui é contratar as pessoas certas para continuar expandindo o negócio. A locação é o principal gerador de fluxo de caixa e de resultados da companhia, e fizemos um trabalho muito grande no ano passado para expandir nossa capilaridade comercial. Praticamente dobramos a equipe comercial. E por isso estamos conseguindo gerar muito mais negócios. Mas ainda tem muito espaço, e precisamos crescer a equipe comercial para conseguir expandir.

Quais são as expectativas de resultado para os próximos trimestres? O guidance está mantido?

Já fizemos um terço do guidance de Capex no primeiro trimestre, então estamos bem adiantados. E o guidance está mantido, mas obviamente com uma expectativa muito positiva. Talvez, no fechamento do segundo trimestre, se tudo correr como estamos vendo acontecer já em abril, possamos até revisar esses números. Mas acho que ainda é um pouco cedo. Vamos trabalhar duro para ter mais um trimestre excelente como foi o primeiro, e talvez tenhamos uma notícia positiva. Além de todos os números, fizemos um exercício de anualizar os resultados do primeiro trimestre, e a empresa já tem o lucro, e todos os outros indicadores, pelo menos 20% maior do que o do ano passado, sem considerar todo o crescimento que iremos ter durante o ano. Isso mostra que, mesmo em um ambiente macroeconômico mais difícil, com taxa de juros mais alta, a companhia tem conseguido crescer não só operacionalmente, mas financeiramente, e a expectativa para os próximos trimestres segue essa tendência.

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