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Vale (VALE3) terá de correr para cumprir projeções, mas há mais empresas na lista – veja análise!

Empresas do setor bancário e a Suzano elevaram as projeções, enquanto as mineradoras e as aéreas sentiram o peso do cenário

Foto: Shutterstock

O cenário econômico ao fim do primeiro semestre levou muitas empresas a revisarem as previsões para 2022 – algumas para refletir situações negativas, como nos setores aéreo e de mineração, e outras para demonstrar otimismo, como foi o caso no setor bancário. Algumas delas, porém, terão de correr contra o tempo para cumprir o que foi divulgado ao mercado.

Banco do Brasil (BBAS3) e Itaú (ITUB4), por exemplo, elevaram a projeção de crescimento da carteira de crédito, mas ao final de junho, que marca o meio do ano, ainda estavam a menos da metade da expansão prometida.

Já mineradoras como Vale (VALE3) e CSN Mineração (CMIN3) reduziram as metas de produção de minério de ferro, mas mesmo assim estavam a menos de 50% do volume estimado para 2022 no fim do primeiro semestre, em meio a incertezas quanto a novos lockdowns que podem desacelerar ainda mais a atividade econômica da China.

Outra empresa que optou por reduzir metas neste ano foi a Gol (GOLL4), do setor aéreo. No meio deste ano, a empresa cumpria menos da metade da meta de oferta de assentos de 2022. Apesar de o fim da pandemia aumentar as buscas por voos, outras adversidades, como aumento nos preços dos combustíveis, foram pedras no sapato da companhia.

Mesmo com os ajustes nas previsões, será que as empresas estão no caminho para atingir as novas metas? Confira a análise abaixo.

Mineração – Produção Minério de Ferro

Tanto a Vale, maior mineradora do Brasil, quanto a CSN Mineração cortaram a previsão para a produção de minério de ferro neste ano. A primeira reduziu a estimativa em quase 4%, e a segunda em aproximadamente 8%, considerando o ponto médio das projeções.

Mesmo assim, ao fim do primeiro semestre, ambas ainda estavam com mais de 50% da meta a cumprir.

A produção das duas empresas foi prejudicada por períodos de fortes chuvas nas áreas de operação no primeiro trimestre. Além disso, ambas diminuíram o ritmo de extração por causa da menor demanda por minério de ferro na China, o principal consumidor mundial da commodity.

A queda na produção das mineradoras têm sido acompanhada por preços menores do minério de ferro. Juntos, estes fatores sugerem redução da receita e da rentabilidade no futuro.

A produção da Vale ainda deve ser afetada por um terceiro fator: a venda do Sistema Centro-Oeste para J&F Mineração, em abril. O sistema tem capacidade para produzir 3,5 milhões de toneladas por ano e em 2021 produziu 2,7 milhões de toneladas do minério.

É a Vale, no entanto, que tem mais chances de entregar o que prometeu ao mercado. A empresa teria que produzir só 0,5% a mais que no segundo semestre do ano passado para cumprir a previsão. Já a CSN Mineração teria que fazer um esforço bem maior, ampliando a oferta em 23,4% na mesma comparação.

Um ponto positivo para as empresas é que a China aplicou uma injeção de estímulos econômicos para aquecer a indústria no país, isso pode favorecer a demanda pela commodity.

Além disso, ambas devem aproveitar a normalização climática, com redução de chuvas no período, para produzir mais.

Aéreas – Assentos-Quilômetro Oferecido (ASK)

A Gol reduziu a previsão de oferta de seus serviços – medida em assentos-quilômetro oferecidos (ASK) -, mesmo diante da expectativa de recuperação na demanda por viagens aéreas.

A Azul (AZUL4) manteve as previsões de ASK, mas havia feito projeções mais cautelosas que as da concorrente.

Ainda que as barreiras a viagens impostas pela pandemia tenham sido eliminadas, o cenário macroeconômico trouxe novas adversidades que arrefeceram as atividades de turismo.

Nesta lista entram a necessidade de aumentar o preço das tarifas para compensar o aumento nos custos com combustíveis e outras despesas operacionais, além da inflação e dos juros elevados, que reduziram o poder de compra do consumidor, afetando a procura por voos.

A redução nas metas da Gol sugere que a demanda não acompanhou as estimativas feitas pela empresa, e que foi necessário reduzir a oferta para melhorar a eficiência operacional.

A taxa de ocupação dos voos da Gol no segundo trimestre, por exemplo, foi de 77,2%, menor que a de 85,1% registrada no mesmo período de 2021. Com um ASK menor, a expectativa da empresa é aumentar a ocupação dos voos e reduzir custos, elevando a rentabilidade do negócio.

A oferta de assentos reduzida, porém, sugere redução na receita e possivelmente no lucro da empresa.

Ambas as companhias aéreas, porém, devem atingir as metas atuais. Elas já demonstraram forte recuperação frente à fraca base de 2021, quando foram prejudicadas por restrições a viagens adotadas para conter o crescimento da Covid-19.

Para atingir a meta de ASK para o ano, a Azul precisaria elevar a oferta em 30% no segundo semestre frente ao registrado em igual período de 2021. A Gol precisaria de um aumento de 42% no ASK na mesma comparação.

Porém, o fim de ano é um período favorável ao turismo, e os preços dos combustíveis para as aeronaves devem cair 15,7% a partir de setembro – o que permitiria a queda nos preços das tarifas para atrair clientes.

Papel e celulose – Capex

O aumento nos preços da celulose e da demanda na Europa garante um bom momento para as empresas do setor, que no entanto esbarram em dificuldades para atender o maior volume de pedidos diante da capacidade limitada de produção.

Foi neste contexto que a Suzano optou por ampliar as projeções de investimentos para o ano. O investimento novo reflete aquisições de terras e florestas feitas pela companhia.

Além disso, a companhia manteve nos planos o investimento de R$ 7,3 bilhões no Projeto Cerrado, o que mostra compromisso com o crescimento produtivo.

Este projeto prevê a construção de uma fábrica da Suzano em Mato Grosso do Sul que deve aumentar em 20% a capacidade da empresa, ou seja, em 2,55 milhões de toneladas de celulose por ano.

Em 2021 a Suzano atingiu a meta de investimento com 42% realizados até a metade do ano. Este ano a empresa já concluiu 44% dos investimentos prometidos e deve atingir a meta sem problemas.

Além disso, o caixa da empresa hoje é de R$ 20,3 bilhões, 80% maior que o registrado no fim do segundo trimestre de 2021. Com um caixa mais robusto, há maior flexibilidade de alocação, permitindo que ela cumpra as metas sem prejudicar as operações.

Bancos – Carteira de Crédito

Os chamados “bancões” estão otimistas neste ano. Com os juros elevados, um resultado direto da inflação em níveis historicamente altos, as instituições financeiras conseguem receitas e rentabilidade maiores.

Apesar do efeito colateral da alta do juros sobre o aumento da inadimplência, os “bancões” continuaram a mostrar melhor desempenho na carteira de crédito neste segundo trimestre.

Tanto é que, ao fim do segundo trimestre, as carteiras de crédito de Bradesco, Itaú e Banco do Brasil estavam no mínimo 5% acima do nível observado no encerramento de março.

O aumento da inflação torna os produtos mais caros, como por exemplo eletrodomésticos. Portanto, os consumidores precisam de mais crédito para comprar o item, o que leva a um aumento na carteira de crédito.

O bom desempenho tanto na rentabilidade quanto nas receitas, motivou o Itaú e o Banco do Brasil a aumentarem a previsão de expansão da carteira neste ano.

Até o final do segundo trimestre o Bradesco – que não revisou a projeção de crescimento da carteira de crédito – era o que mais perto estava da projeção anual. Já o Banco do Brasil havia atingido quase metade da meta, enquanto o Itaú, cuja projeção foi a mais ambiciosa para o ano, estava com apenas um terço da expansão esperada.

O Itaú e o Bradesco apostam nas linhas de cartão de crédito e empréstimo pessoal consignado para atingir a meta de expansão da carteira. Já o Banco do Brasil tem o foco na linha de crédito para o agronegócio.

As carteiras de crédito dos bancos já crescem em ritmo acelerado em comparação com o segundo trimestre do ano passado. No Itaú, a expansão é de 19,3%, enquanto no Bradesco chega a 17,7%. O BB registra avanço de 19,9%.

O forte ritmo de crescimento leva a crer que as empresas alcançarão as metas projetadas para o fim do ano.

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