Depois de ter ocupado a primeira posição entre as ações mais recomendadas por analistas em janeiro, a Vale (VALE3) segue como queridinha para investir em fevereiro, de acordo com as carteiras recomendadas para o mês de 14 corretoras.
Em janeiro, a Vale acumulou valorização de 3,7%. Mas o mercado parece acreditar que a trajetória de alta irá continuar, em um cenário favorável para ações ligadas a commodities, que devem seguir se beneficiando das altas dos preços nos mercados internacionais, em meio à retomada econômica global e a temores em torno de conflitos entre a Rússia e a Ucrânia.
Assim, a alta nos preços de commodities como gás natural, petróleo e aço pode favorecer empresas de mineração, siderurgia, papel e celulose e frigoríficos.
Outro ponto que favorece os papéis de commodities, junto com as outras ações de valor (empresas com bons fundamentos e histórico), segundo o BB Investimentos, é sua liquidez, que permite tanto uma montagem de posição mais fácil quanto uma saída mais rápida no caso de aumento de riscos internos e de acentuação da volatilidade, o que pode ocorrer com o desenrolar do quadro político-eleitoral ao longo dos próximos meses, na visão do banco.
Entre as blue chips (ações de maior liquidez), também os bancos podem continuar apresentando performance positiva, beneficiando-se ainda do ciclo de alta da Selic, segundo a Toro Investimentos, o que aumenta a remuneração dos bancos com os empréstimos.
A Genial Investimentos, por sua vez, vê espaço para a valorização de outros papéis. A recente valorização de blue chips pode ser uma oportunidade de apostar em setores que vêm sofrendo mais, como varejo, construção civil e small caps, depois da sinalização positiva do mercado brasileiro no início do ano.
Os analistas do BTG Pactual Digital apontam ainda que há espaço para que as taxas de juros de longo prazo caiam em 2022, de modo que ações mais expostas à economia doméstica, como os setores listados pela Genial, podem se sair bem. Segundo a Toro Investimentos, dados animadores de vendas no varejo e crescimento no setor de serviços também podem ajudar esses papéis.
Confira a seguir os cinco papéis mais indicados para fevereiro:
Ação | Número de indicações |
Vale (VALE3) | 12 |
Itaú Unibanco PN (ITUB4) | 8 |
Petrobras PN (PETR4) | 5 |
Gerdau (GGBR4) | 5 |
Lojas Renner (LREN3) | 5 |
Fontes: Ágora, Banco Inter, BB Investimentos, BTG Pactual Digital, Elite Corretora, Genial Investimentos, Guide, Mirae, Warren, Órama, Safra Corretora, Santander Corretora, Ativa Investimentos e Toro Investimentos. |
Depois de brilhar em janeiro, Vale segue preferida para fevereiro
As altas recentes no minério de ferro, seguindo interrupções na produção do Brasil e da Austrália e a forte demanda chinesa, também deve continuar no médio prazo, de acordo com analistas, ainda que possa haver maior incerteza sobre o nível de crescimento da China.
Depois de fortes altas, a expectativa, segundo a Santander Corretora, é que a demanda por minério de ferro continue aquecida no curto prazo.
Nesse cenário, ainda que o Safra aponte para uma possível pressão nas ações no curto prazo, a tese do Santander é que a Vale está bem-posicionada para se aproveitar da tendência de demanda aquecida.
Na mesma linha, a Órama Investimentos destaca as economias aquecidas ao redor do mundo e estímulos para projetos de infraestrutura nas economias desenvolvidas, o que deve aumentar a demanda por minério de ferro e, consequentemente, impulsionar os preços.
As casas de análise destacam também a distribuição de dividendos da Vale. A projeção do BTG é de rendimento entre 11% e 12% em 2022.
Os riscos para a performance da ação, na visão da Santander Corretora, seriam um aumento de passivos relativos ao rompimento da barragem de Brumadinho, uma redução na produção de aço chinesa, uma rápida valorização do real, uma queda nos preços de níquel e cobre e adições inesperadas de capacidade por concorrentes.
Alta de Selic e busca por ativos de qualidade ajudam o Itaú
O BTG Pactual Digital acredita que as ações dos grandes bancos devem se mostrar defensivas no ambiente atual. “Os valuations são atraentes e a visibilidade dos lucros permanece decente, com um momento favorável à frente depois que a receita começou a melhorar no segundo semestre de 2021″, diz o banco.
O Inter aponta que as recentes sinalizações de aumento de taxa de juros pelo Fed (Federal Reserve, o banco central dos Estados Unidos) faz com que o apetite pela renda variável caia e, com isso, os investidores passem a buscar ações mais defensivas e de maior qualidade, como os bancos.
A carteira de crédito do Itaú deve continuar crescendo, podendo registrar alta anual de 9% em 2022, na estimativa do Santander, enquanto o custo do risco de crédito deve permanecer estável. Na visão do BTG, a margem financeira (NII) deve ser positiva, consequência do crescimento da carteira de crédito. O aumento da Selic e ganhos advindos das linhas emergenciais também devem jogar a favor do banco, segundo o BTG.
O principal diferencial do Itaú em relação aos outros grandes bancos, para a Santander Corretora, é sua estratégia phygital, que busca integrar agências físicas e projetos digitais. Além disso, o Inter destaca sua posição de liderança no mercado bancário, a qualidade de sua carteira de crédito e o retorno gradual a patamares de rentabilidade pré-pandemia.
Os maiores riscos para a performance da ação, por outro lado, são um enfraquecimento da economia, aumento da inadimplência e um impacto maior do que o previsto das fintechs.
Alta do petróleo deve continuar, favorecendo a Petrobras
Como observado nas últimas semanas, a Petrobras deve continuar surfando na alta dos preços do petróleo, que vêm sendo impulsionados por tensões geopolíticas no Oriente Médio e na Europa Oriental, com uma possível invasão da Ucrânia pela Rússia.
Já o BTG ressalta como principal motivo para a recomendação de compra da Petrobras a possibilidade de pagamentos de dividendos muito atraentes nos próximos trimestres, depois de a empresa decidir aumentar a recorrência de distribuição para o base trimestral.
A nova política de dividendos vem na esteira de um processo de redução do endividamento, o que, na visão do Safra, também é um ponto positivo.
O principal ponto de atenção, segundo o Safra, segue sendo a possibilidade de interferência na política de preços da petroleira. “Porém, acreditamos que esse risco é limitado, uma vez que a legislação e o estatuto da empresa trazem alguma proteção contra interferência política”, diz o banco.
Diversificação: palavra de ordem para a Gerdau
O ponto forte da Gerdau, na visão dos analistas, é sua diversificação, tanto em diferentes segmentos da cadeia do aço quanto em diversas geografias. “A diversificação geográfica é a grande vantagem da companhia neste momento, dada a maior incerteza com relação à economia chinesa”, diz a Elite Investimentos, que cita a maior exposição da Gerdau aos EUA como vantagem.
A diversificação geográfica permite também uma maior proteção contra a volatilidade que o ano eleitoral pode trazer para o Brasil.
A liderança da empresa no segmento de aços longos permitiu capturar a demanda de reformas residenciais em 2020 e dos lançamentos e avanço nas entregas das incorporadoras em 2021. Na análise do Inter, a Gerdau caminha para um ano recorde em 2021, “resultado de um cenário favorável de demanda e preços, apesar da pressão crescente de custos”.
Em suma, o Inter vê boas perspectivas para praticamente todos os setores da companhia, e destaca que 2022 deve ser mais um ano forte, com crescimento de resultados e boa geração de caixa.
Volta às compras joga a favor de Renner
A expectativa de retorno à normalidade foi impulsionada pelos resultados da Lojas Renner no terceiro trimestre, diz a Ativa Investimentos, com destaque para a recuperação da receita, apesar do tráfego ainda reduzido nas lojas físicas.
Além disso, o fato de a companhia estar capitalizada pode ser uma vantagem diante da pressão no cenário macroeconômico, segundo a Ativa, além de permitir que a empresa aproveite possíveis oportunidades de fusões e aquisições.
A tendência de aumento da penetração digital no varejo de moda brasileiro também pode beneficiar a Renner, na análise da Ativa, visto que a empresa está apresentando iniciativas omnichannel bem executadas.
“A reabertura dos shopping centers, o crescimento das vendas online e o bom trabalho da administração em criar uma estrutura de omnichannel deverão impulsionar os resultados da companhia de agora em diante”, diz a Elite Investimentos, que espera ainda que a empresa se beneficie de sua capilaridade e de sua estratégia de expansão para fora dos grandes centros.
Ainda que a rentabilidade possa ser um pouco pressionada nos próximos anos, devido ao aumento da penetração digital e ao plano de expansão de lojas, as margens devem seguir saudáveis no médio a longo prazo, na visão da Ativa.