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Rumo (RAIL3) mantém estimativas para 2025, mas espera números no limite inferior das projeções; ações despencam

Resultados do quarto trimestre de 2021 e guidance para 2022 decepcionaram o mercado

Foto: Divulgação

Depois de resultados decepcionantes no quarto trimestre de 2021 e projeções abaixo do que o mercado esperava para o ano de 2022, a administração da Rumo (RAIL3) manteve seu guidance para 2025, mas reconheceu que os números devem ficar no limite inferior do intervalo de projeções.

Segundo João Alberto Abreu, CEO da Rumo, a companhia tem capacidade para seguir crescendo e atingir seu guidance. “Reconhecemos que estamos um pouco atrás de nosso cronograma de crescimento, mas temos certeza de que temos as alavancas para retomar o plano”, afirmou Rafael Langoni, diretor de expansão da empresa, em teleconferência com analistas.

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Gustavo Marder, diretor de relações com investidores, reconhece, contudo, que a empresa vem enfrentando desafios como a quebra de safra, cenário que dificultou os repasses de alta nos custos de combustíveis e da inflação para os preços. O executivo, porém, acredita que esse descasamento entre custos e preços seja temporário.

Outro desafio apresentado por Marder diz respeito à sazonalidade. Com a pavimentação da rodovia BR 163, diz o executivo, as tradings têm conseguido concentrar a exportação, de modo que se torna mais difícil garantir volumes altos na baixa estação. Nesse sentido, a companhia busca negociar para garantir mais consistência de volumes ao longo do ano e evitar limitações por falta de capacidade durante os picos de safra.

Segundo Langoni, as mudanças no ambiente competitivo criam certa incerteza, levando a empresa a ter a expectativa de alcançar apenas o intervalo inferior de suas projeções de guidance. “Sem comprometer o crescimento, já estamos trabalhando com um cenário que está na parte inferior do intervalo do guidance”, afirmou o executivo, ressaltando a possibilidade de melhora nesse cenário.

Por volta das 17h20 desta sexta-feira, os papéis da Rumo lideravam as quedas do Ibovespa, com recuo de 8,87%, a R$ 15,20. Em um mês, a baixa supera os 9%.

Projeções para 2025 mantidas

Em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, na sigla em inglês), que a empresa projeta entre R$ 7 e R$ 8 bilhões para 2025, o CEO enxerga duas alavancas importantes para a redução de custos: a primeira é o aumento da eficiência energética para um menor consumo de combustível, o que, considerando os patamares elevados de preço, pode significar uma queda importante de custos.

Em segundo lugar, Abreu menciona a redução de 58% no direito de repasse de tarifas da última linha do Porto de Santos, em Ferradura, processo que já foi aprovado. Segundo o executivo, a questão implica redução de custos de R$ 250 milhões apenas em 2022. “Isso nos dá confiança de que chegaremos ao Ebitda que projetamos para o médio e o longo prazo.”

Do ponto de vista de receitas, diz o diretor de RI, a estratégia de ganho de participação de mercado da Rumo deverá permitir a captura de volumes adicionais, principalmente no segmento de grãos, que também deve se beneficiar da melhora nas colheitas. O executivo menciona ainda que a empresa está conduzindo algumas “conversas estratégicas” com clientes que podem trazer volumes consideráveis nos próximos anos.

A projeção de volumes da Rumo para 2025 está entre 99 bilhões e 109 bilhões de toneladas por quilômetro útil (TKU).

Em termos de Capex, que deve atingir entre R$ 16,5 bilhões e R$ 18,5 bilhões de 2021 a 2025, João Alberto Abreu ressalta as melhorias trazidas pelos investimentos recentes, com ganhos de eficiência. “Essa é a nossa perspectiva com relação a Capex. Foco total em eficiência como principal driver para ganhos de capacidade”, afirma.

O que esperar para 2022?

Pelos mesmos motivos apresentados, a empresa acredita que pode entrar em trajetória de recuperação de 2022. Para este ano, a Rumo projeta volumes entre 72 bilhões e 76 bilhões de TKU, alta de 16% em relação ao registrado em 2021. O Ebitda é esperado entre R$ 4,1 bilhões e R$ 4,5 bilhões, um crescimento de 28% sobre o ano passado; e o Capex, de R$ 2,7 milhões a R$ 2,9 milhões, 19% inferior ao de 2021.

Vale ressaltar que o guidance oferecido pela companhia não leva em consideração os resultados esperados para o projeto Lucas do Rio Verde, que ainda precisa ter o início de sua construção aprovada.

Para a equipe de analistas do BTG Pactual Digital, os números projetados pela Rumo para 2022 estão muito abaixo do previsto. No entanto, o banco manteve recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de R$ 27, o que representa alta de 64% em relação ao preço de fechamento da última quinta-feira, de R$ 16,68.

“Acreditamos que a recente queda das ações já precificou parcialmente as expectativas mais fracas para 2022, especialmente após o aumento nos custos de combustível”, afirmou o BTG, destacando os sólidos fundamentos de longo prazo para a indústria agro-logística do Brasil.

A XP Investimentos chama atenção para o Ebitda projetado, que está abaixo de sua estimativa de R$ 4,6 bilhões, o que indica ventos contrários para a rentabilidade. “Acreditamos que a Rumo está focada em garantir sua liderança no longo prazo e reiteramos nossa visão positiva sobre o nome”, disseram os analistas da corretora, que também indicam compra, com preço-alvo de R$ 22 – potencial de alta de 32%.

Por fim, a Safra Corretora também manteve classificação de compra para a ação, considerando o potencial de valorização do papel, que estima em 97%, e sua visão otimista para a empresa no longo prazo. O preço-alvo do Safra é de R$ 32,80.

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