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Por que os investimentos de Randon (RAPT4) e Iochpe (MYPK3) não tem animado os investidores?

Empresas têm investido pesado em produtividade e diversificação de produtos para driblar o cenário macroeconômico adverso

Foto: Shutterstock

Empresas ligadas ao setor automotivo têm apresentado forte avanço nas receitas. Apesar disso, as ações não estão acompanhando o crescimento, uma vez que a rentabilidade e os lucros estão em queda.

Os papéis da Randon (RAPT4), que tem como principal produto carretas para caminhões, apresentam queda de 13% no ano até o dia 26 de setembro. Já a Iochpe-Maxion (MYPK3), produtora de componentes e rodas para automóveis, tem queda de 15,6% no mesmo período.

Fatores como a escassez de semicondutores, lockdowns na China e o conflito no Leste Europeu pesaram nos resultados das empresas. Estes acontecimentos refletiram em uma quebra na cadeia logística e o resultado foi uma inflação de custo ainda maior.

Para compensar os custos elevados, a Randon aumentou o preço médio dos produtos para repassar a inflação ao consumido, enquanto a Iochpe aproveitou o maior volume de vendas no segmento de veículos comerciais e lançamentos de novos produtos para maior receita no segundo trimestre do ano.

Porém, o crescimento da receita não foi suficiente para bater o aumento dos custos e despesas, o que levou as companhias a perderem rentabilidade e lucratividade no período.

Para o futuro, uma possível recessão global em 2023 inspira pessimismo nos investidores, o que acaba refletindo no preço das ações das empresas.

A guerra no Leste Europeu, além da inflação, trouxe na bagagem aumento nas taxas de juros globais. Este cenário macroeconômico reverbera em uma menor demanda por veículos leves e comerciais, afetando negativamente o volume de vendas.

No entanto, a queda no volume de vendas foi minimizada pelo maior poder de compra dos países vizinhos, fruto do bom momento do agronegócio, já que o segmento é o principal responsável pela economia da América do Sul.

O que as empresas têm feito para driblar o cenário adverso?

Em busca de uma saída, a Randon e a Iochpe têm aumentado os investimentos para ampliar a capacidade produtiva e a diversificação de produtos. Na comparação anual, as duas empresas investiram mais no primeiro semestre deste ano.

A Randon, por exemplo, iniciou uma parceria com a Gerdau (GGBR4) para entrar no segmento de locação de caminhões e equipamentos. O valor somado do investimento entre as duas será de R$ 250 milhões, no qual ambas terão 50% do negócio.

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Ainda que seja um investimento baixo em relação ao tamanho das empresas, este novo segmento tem alto potencial de crescimento. A Randon pode, inclusive, aproveitar as sinergias para impulsionar as vendas.

Outro ponto positivo do negócio é a melhoria na rentabilidade da Randon. Em relatório, o Bradesco BBI afirma que a margem Ebitda (lucro antes juros, impostos, depreciação e amortização) no segmento de locação pode girar em torno de 80%, muito acima da margem de 10% registrada no primeiro semestre de 2022.

Além deste movimento, a Randon está focada em ampliar a atuação no mercado internacional. Em julho, a empresa divulgou um contrato de compra da empresa Hercules Enterprises, que fabrica reboques e semirreboques nos Estados Unidos.

Esta aquisição deve impulsionar a receita da empresa por meio do maior volume de vendas, o que deve ser facilitado pela forte sinergia dos negócios.

A Iochpe, ao mesmo tempo em que ampliou a capacidade produtiva, também aumentou o portfólio de produtos. A empresa deve inaugurar a nova fábrica de rodas para caminhões na Turquia neste terceiro trimestre com uma capacidade de fabricação de 1,5 milhão de rodas.

Este aumento produtivo somado a recente expansão na unidade de Cruzeiro, no interior de São Paulo, deve elevar o volume de produção em 25%, para 10 milhões de rodas.

Além disso, a empresa entrou em um novo segmento, o de rodas de alumínio forjadas para caminhões e ônibus. A expectativa é que a fábrica esteja ativa até 2024.

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Estes movimentos fazem parte de um plano de investimentos no valor de US$ 150 milhões que deve ser alocado em fábricas na Turquia entre 2021 até 2025.

O investimento no mercado turco é um passo importante para a Iochpe, já que o país conta com cerca de 15% do movimento de rodas para caminhões vendidas no mundo, além de ser um ponto estratégico para logística de vendas na Europa.

A empresa, no entanto, passará a atuar em um país que passa por uma crise econômica na qual apresentou a maior inflação acumulada em 12 meses até junho, segundo ranking compilado pela Austin Rating.

Este é uma faca de dois gumes. Por um lado, a desvalorização da moeda turca pode impulsionar a receita e a rentabilidade da Iochpe pelo fato de exportar para outros países, enquanto, por outro, a inflação dos custos pode “corroer” as margens geradas.

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