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Por que as ações da PagSeguro (PAGS) caem quase 24% após o lucro subir 29%?

Apesar de crescimento nos ganhos e na receita, margem líquida é ponto de preocupação

Foto: Shutterstock

Mesmo depois de ter apresentado crescimento de 29% no lucro líquido no primeiro trimestre, em comparação com o mesmo período de 2021, e de alta de 66% na receita, as ações da PagSeguro (PAGS) despencaram no pregão desta quinta-feira (9), sendo negociadas em baixa de 23,8%, a US$ 13,10, por volta das 17h.

O lucro líquido, de R$ 350 milhões, ficou 12,5% acima das expectativas do Itaú BBA, enquanto o lucro líquido ajustado, de R$ 370 milhões, superou a projeção do UBS-BB em 2% e a do BTG Pactual em 9%. Já a receita, de R$ 3,42 bilhões, superou a estimativa do BTG em 2%.

A queda das ações, que contraria a visão de analistas do BBA, que esperavam uma reação positiva do mercado, segundo relatório distribuído na manhã de hoje, se deve a uma série de fatores, tanto internos quanto setoriais.

Em primeiro lugar, apesar dos números positivos de lucro, receita e TPV (volume total de pagamentos), e de a PagSeguro ter ganhado participação de mercado, a margem líquida caiu de 16% no primeiro trimestre de 2021 para 11% nos mesmos três meses deste ano – o que, na visão de Rodrigo Lima, analista de investimentos da Stake, cria preocupações sobre a rentabilidade da companhia.

Como resultado dos crescimentos em lucro e receita, menciona Lima, a PagSeguro elevou sua projeção de receita para o segundo trimestre de R$ 3,42 bilhões para o intervalo entre R$ 3,5 bilhões e R$ 3,7 bilhões.

A queda na margem líquida, no entanto, faz com que essa revisão nas expectativas de receita não se traduza em uma melhora da mesma ordem nas estimativas de lucro líquido, que saíram de R$ 371 milhões para algo próximo, um intervalo entre R$ 370 milhões e R$ 380 milhões, explica o analista da Stake.

“O crescimento não apenas não impressiona, mas também tem sua capacidade de execução questionada, em um cenário de maior incerteza econômica e com as margens da companhia se deteriorando”, explica Rodrigo Lima, que atribui a esta incerteza a pressão sobre as ações.

Neste sentido, os analistas do BTG, em relatório distribuído hoje, afirmaram estar cada vez mais preocupados com a qualidade do lucro da companhia, uma vez que os gastos com Capex (despesas de capitais e investimentos em bens de capital) vêm em tendência de alta desde o IPO. “Com a Selic devendo permanecer alta por mais tempo, junto com todo o Capex pesando sobre os resultados futuros, vemos espaço para mais revisões baixistas nas projeções de lucro, limitando o potencial de alta das ações”, afirma o banco.

Já Guilherme Zanin, estrategista da Avenue Securities, credita a queda do papel mais a tendências setoriais do que à performance da companhia em si, que considera positiva.

“A PagSeguro, assim como diversas empresas do setor de tecnologia, vem sofrendo em 2022. Vemos diversas empresas, em diversos mercados, com quedas expressivas. A PagSeguro é um exemplo disso: as ações caem 73% no ano, algo considerado anormal, dado que a empresa apresenta crescimento de receita e lucro”, diz Zanin.

Esta pressão sobre as ações do setor, segundo o estrategista, se deve ao movimento de elevação de juros iniciado pelo Fed (Federal Reserve, o banco central americano).

“A PagSeguro, diferentemente de diversas outras empresas de tecnologia no mercado internacional, se destaca pelo crescimento de receita elevado e por apresentar lucro líquido, algo que não é tão trivial no mercado de tecnologia. Mas todas as empresas acabam sofrendo”, argumenta Zanin.

Outro ponto que pesa sobre as ações do setor, segundo o estrategista da Avenue, é a perspectiva de uma desaceleração no crescimento da base de usuários nos próximos anos, depois de uma alta expressiva em 2020, impulsionada pela pandemia de Covid-19.

Apesar da reação negativa das ações no pregão de hoje, os analistas do BBA reiteraram sua classificação de outperform (performance acima da média do mercado) para as ações, com preço-alvo de US$ 28, enquanto o Bank of America confirmou sua recomendação de compra para o papel, com preço-alvo de US$ 27.

Mais cauteloso, o UBS-BB manteve sua classificação neutra sobre o ativo, com preço-alvo de US$ 33, assim como o BTG Pactual, que fixou seu preço-alvo em US$ 23.

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