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Petróleo toca maior preço em 10 anos antes de negociações entre Rússia e Ucrânia

Aumento vem impulsionado pela guerra na Ucrânia, que continua a trazer incerteza e volatilidade aos mercados internacionais

Foto: Shutterstock

O preço do petróleo tipo Brent, que serve como referência internacional para a commodity, superou US$ 119 por barril na madrugada desta quinta-feira (3) e, embora tenha recuado desde então, deixou o mercado em alerta para a possibilidade de preços ainda mais altos à frente.

Por volta das 9h25 (de Brasília), os contratos futuros do Brent com entrega para maio negociados na ICE subiam 1,2%. para US$ 114,25.

A alta nos preços do petróleo é reflexo da guerra entre a Rússia e a Ucrânia. Os russos são grandes produtores e exportadores de petróleo, e desde que invadiram o país vizinho têm sofrido pesadas sanções econômicas da Europa, dos Estados Unidos e do Reino Unido.

As sanções adotadas até agora, na prática, impõem bloqueios significativos às transações financeiras da Rússia com o exterior. Elas não impedem a indústria petrolífera do país de vender a commodity, mas atrapalham consideravelmente as exportações – o que, na prática, significa que haverá menos petróleo circulando no mercado mundial.

“A relutância das refinarias em se comprometer com o petróleo russo já está muito clara”, disse o banco ING em um relatório, mencionando que o preço do barril de petróleo da Rússia – conhecido no mercado como Ural – está cotado no mercado com um desconto de US$ 18 em relação ao valor do Brent.

A tendência, segundo o ING, é que esta diferença de preço fique cada vez maior, visto que as sanções devem ficar mais severas enquanto durar o conflito entre a Rússia e a Ucrânia – podendo, inclusive, chegar a um embargo internacional ao petróleo russo.

“Portanto, está muito claro que mesmo se as sanções não focarem nas exportações de energia da Rússia, o risco de sanções juntamente com a possibilidade de pressão da opinião pública está deixando os compradores relutantes em adquirir petróleo russo. Nos últimos dias, também houve alguns leilões de petróleo russo que não receberam nenhuma oferta.”

Diante deste cenário, o ING elevou a previsão de redução na oferta de petróleo da Rússia de 1 milhão para 2 milhões de barris por dia nos próximos meses. Com isso, a estimativa do banco é de que os preços do Brent sejam de, em média, US$ 102 por barril no segundo trimestre e de US$ 96 por barril, em média, em 2022.

Preço do petróleo ainda pode diminuir

Uma pausa ou o fim da guerra entre a Ucrânia e a Rússia poderiam estancar a escalada nos preços do petróleo. Hoje, autoridades dos dois países devem se reunir pela segunda vez para tentar interromper o confronto. A Rússia quer garantir que a Ucrânia fique fora da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), uma aliança militar que envolve Estados Unidos e países da Europa.

Outro fator que poderia limitar a alta dos preços do petróleo ou reverter o movimento atual seria um acordo entre Estados Unidos e Irã que permitiria aos iranianos voltar a exportar petróleo para outros países.

Um aumento da produção da Opep (Organização dos Países Exportadores de Petróleo) também teria o mesmo efeito, mas é menos provável: ontem, mesmo diante das sucessivas altas no preço da commodity, o cartel achou melhor manter seu plano anterior, de aumento muito gradual na produção.

Uma quarta saída para conter a alta dos preços seria a liberação dos estoques de petróleo em vários países, algo que teria efeito principalmente no curto prazo, visto que uma solução mais permanente seria necessária para não esgotar as reservas.

Petróleo em alta é sinônimo de inflação

A alta global nos preços da commodity acende uma luz de atenção para temores de inflação pelo mundo. Em resposta ao fantasma inflacionário, o presidente do Federal Reserve (o banco central dos EUA), Jerome Powell, sinalizou que a instituição continua inclinada a começar o ciclo de aumento de juros neste mês, ainda que de forma menos agressiva – com um avanço de 0,25 ponto percentual na taxa.

Powell ainda destacou que não sabe o quanto a invasão da Ucrânia pela Rússia afetará a política monetária americana, e que os desdobramentos do conflito estão sendo monitorados de perto. Segundo ele, se for necessário aumentar os juros com mais força, o banco central americano estará pronto para isso.

Nesta quinta, ele ainda discursará às 12h (de Brasília) no Senado americano e apresentará um relatório de política monetária aos parlamentares.

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