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O que é curva de juros, e como monitorá-la pode te ajudar a investir melhor

Juros futuros podem mostrar quais as expectativas para a atividade econômica e definir melhores aplicações em renda fixa e variável

Vamos supor que você vai emprestar dinheiro para um amigo que vai te pagar daqui a um mês, com juros bem baixinhos. Agora imagine que ele muda de ideia e diz que, pensando bem, só vai conseguir te pagar daqui a um ano. A taxa que você vai cobrar por esse crédito será bem maior, certo?

Afinal de contas, em 12 meses muita coisa pode acontecer, e é muito mais tempo para você ficar separado do seu rico dinheirinho. O seu horizonte de riscos, de repente, se ampliou bastante, e você precisa ser melhor recompensado para topar fazer o empréstimo.

É exatamente esse o conceito da famosa curva de juros, apontada como uma espécie de termômetro do nível dos perigos a que a economia de um país está exposta no futuro. Ela é a representação gráfica do quanto os investidores estão pedindo para comprar papéis da dívida brasileira que vencem em diferentes momentos do futuro: em alguns meses, em poucos anos, em mais de uma década.

A lógica diz que, quanto menor o prazo de vencimento, mais baixos os juros cobrados, já que é mais fácil adivinhar as condições econômicas no curto prazo. Quanto mais longos, maiores, já que as incertezas se multiplicam.

Uma curva de juros mais “saudável”, que reflete uma economia racional, seria parecida com a mostrada no gráfico abaixo (na linha vertical, temos as taxas de juros, e na horizontal, o número de dias úteis para o vencimento), de 2018, quando a taxa básica (Selic) estava em 6,50% ao ano.

 

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Reprodução/ Anbima

 

Quando a curva vira reta ou se inverte

Mas existe uma exceção importante para essa regra, que aparece em momentos de elevada instabilidade ou dúvidas sobre a capacidade de um país de pagar os seus credores.

Ou seja, exatamente o que estamos vivendo hoje com a decisão do governo de mexer no teto de gastos, mecanismo que limita o crescimento das despesas à inflação e que dá previsibilidade ao pagamento da nossa dívida pública.

Em momentos assim, essa curva acaba se tornando uma reta ou até se invertendo, já que de repente os investidores passam a esperar uma remuneração de curto prazo igual ou até maior do que para vencimentos mais longos.

Veja abaixo como está hoje a nossa curva de juros prefixados (ou seja, que não pagam nenhuma remuneração além daquela acordada no momento em que a aplicação é feita), segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

A entidade calcula quanto os investidores estão pedindo para investir em títulos prefixados com base em negociações de títulos no mercado.

 

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Reprodução/ Anbima

 

Essa curva inclinada tem a ver com o fato de que o mercado sabe que, para acalmar os ânimos, o Banco Central terá que elevar os juros rapidamente e com força.

É só dizer que, de 2% ao ano no início de 2021, nossa taxa básica de juros já está em 7,75%, e ao que tudo indica vai terminar o ano em 9,25%. O atual ciclo de aperto monetário deve ser encerrado em 2022 com os juros em 11% ao ano, na avaliação dos analistas ouvidos no Boletim Focus.

A expectativa é que essa pancada nos preços retraia o consumo e reduza a inflação, o que permitirá ao BC voltar a reduzir a Selic mais para a frente, a partir de 2023. É por isso que, na ponta da curva, alguns vencimentos já pagam menos que os mais curtos.

Mas como ler isso, na prática?

Saber “ler” a curva de juros é essencial para identificar as melhores oportunidades na renda fixa e também na renda variável.

Tradicionalmente, momentos em que a curva se inverte, pagando mais no curto prazo, são seguidos por recessões na economia, o que indica um cenário desafiador para o mercado de ações, por exemplo.

De fato, alguns bancos já apostam em queda no PIB (Produto Interno Bruto) de 2022, e semana a semana analistas revisam para baixo as apostas no comportamento da atividade econômica no ano que vem.

Acompanhar a curva também é essencial para escolher os melhores investimentos em renda fixa.

Veja o exemplo abaixo, com taxas dos títulos do Tesouro Direto desta sexta-feira, 19:

td prefixado 19 11 2021

Quem compra o Tesouro Prefixado para 2024 recebe o dinheiro de volta quase um ano e meio antes e com um retorno anual maior do que o investidor que aplica no título com vencimento em 2026.

Em momentos como o atual, o interesse em vencimentos com prazos mais curtos se torna muito maior. Afinal de contas, porque você vai investir em um papel que vence em 10 anos se o de prazo de 3 anos te entrega uma taxa parecida ou até maior?

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