IPO do Nubank (NUBR33): ação fecha em alta de 15% em NY; BDR sobe 20%

O Nubank (NUBR33) estreou em disparada na Bolsa de Valores de Nova York (Nyse). As ações do roxinho, que chegaram a subir até 34% na abertura, fecharam o dia com alta de 14,78%, para US$ 10,33.

Na B3, os Brazilian Depositary Receipts (BDRs) do Nubank passaram pelo ajuste do primeiro pregão e encerraram o dia com avanço de 20,10%, a R$ 10,04.

Somente no primeiro dia de negociação, a empresa ganhou US$ 6,13 bilhões em valor de mercado (mais do que o Banco Inter inteiro), chegando a US$ 47,63 bilhões (aproximadamente R$ 265,45 bilhões).

Com isso, a empresa firmou a posição de instituição financeira mais valiosa da América Latina, deixando o Itaú Unibanco em segundo lugar, e já é a quarta maior empresa brasileira listada.

“Ainda estamos no primeiro minuto deste jogo”, comentou o CEO do Nubank, David Vélez, em discurso na Nyse. “Por focar em nossos clientes, trabalhar duro, ser fiel à nossa cultura e missão e empoderar as pessoas conseguimos ajudar 40 milhões de pessoas a terem uma vida melhor.”

Desde a sua criação, em 2013, a institução trilhou o caminho da disrupção do setor bancário brasileiro e agora possui 48 milhões de clientes.

Segundo o SoftBank, grande fundo de investimento japonês, a fintech pode atingir a marca de 100 milhões de clientes e bater um valor de mercado de US$ 200 bilhões em apenas cinco anos.

Curiosamente, o SoftBank não investiu no Nubank anos atrás (embora tenha ancorado o IPO), mas, sim, no Inter (BIDI11). Hoje, o banco digital mineiro é 7 vezes menor que o Nubank, embora tenha clientes muito mais “baratos”, conforme mostrou a Agência TradeMap em relatório recente.

Nubank crava IPO em proporções históricas

Ontem à noite, a fintech relevou que seus papéis estreariam na Nyse a US$ 9 cada, topo da faixa indicativa, mostrando o apetite dos investidores.

Essa foi a terceira maior oferta de ações nos Estados Unidos em 2021, ficando atrás somente da chinesa Didi (dona da 99) e da sul-coreana Coupang, superando o IPO da corretora online Robinhood.

Em suma, com a venda de 289 milhões de ações classe A, a companhia movimentou US$ 2,60 bilhões (R$ 14,42 bilhões) que irão diretamente para o caixa da empresa. Com o bolso cheio, os recursos serão alocados da seguinte forma:

• 25% para capital de giro;
• 25% para despesas operacionais;
• 25% para despesas de capital;
• 25% para investimentos e potenciais aquisições.

A oferta pública da empresa foi chancelada pelo megainvestidor Warren Buffett.

A Berkshire Hathaway, sua holding, já havia adquirido uma participação na empresa em meados deste ano, e aproveitou para expandir essa fatia com a compra de mais US$ 260 milhões em papéis da fintech, segundo fontes ouvidas pelo jornal O Estado de S.Paulo.

Vale a pena investir?

Quem aderiu à oferta do Nubank através do programa NuSócios terá o BDR do Nubank pelos próximos 12 meses. Foram cerca de 7,5 milhões de clientes que passarão a ser investidores da fintech.

Já na Bolsa de Valores de São Paulo, foram 815 mil CPFs que fizeram reservas dos BDRs. Porém, para quem ainda não se decidiu, as portas estão abertas. Mas será que vale a pena investir no Nubank?

As estratégias de expansão estão bem definidas, como o fortalecimento de seu ecossistema e diversificação de receitas, de forma orgânica ou por meio de aquisições. Contudo, riscos estão no radar, entre eles exposição a moedas fracas, risco da marca e escrutínio regulatório.

Os investidores que aderirem à oferta acreditam que, em algum momento, ela terá resultados robustos e, consequentemente, entregas maiores do que os grandes bancos brasileiros.

A fins comparativos, agora o Nubank é mais valioso que Banco do Brasil e Santander juntos. Estes bancos tiveram um lucro somado de R$ 26,23 bilhões nos primeiros nove meses de 2021, enquanto o Nubank teve um prejuízo de R$ 528 milhões no mesmo período.

A empresa procura afastar os riscos e mostrar que vale a pena pagar pelo crescimento. A grande questão sobre o Nubank é se as expectativas já não estão precificadas.