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Nova oferta de ações da BRF (BRFS3) é a chance para Marfrig (MRFG3) abocanhar uma fatia maior

Oferta pode ser uma maneira de a Marfrig evitar o pagamento de um prêmio para aumentar sua participação na BRF

Foto: Marcelo Camargo / Agência Brasil

Na noite de quinta-feira (17), a BRF anunciou planos de um follow-on (uma nova oferta de ações ao mercado) para levantar capital. A proposta, que será deliberada em assembleia de acionistas em janeiro, poderia melhorar o endividamento da empresa, que tem sido alvo de preocupação de investidores.

Por meio da emissão de 325 milhões de novas ações, estima-se que a oferta levantaria cerca de R$ 6,6 bilhões, usando como base o preço de fechamento das ações no pregão de ontem.

Como consequência, os papéis da BRF disparavam por volta das 13h10, subindo 5,25%, a R$ 21,47. No entanto, analistas do Credit Suisse, em relatório, afirmaram que esperam reação contrária, tendo em vista o timing da oferta, em um momento em que as ações vêm sendo negociadas perto de mínimas históricas.

A oferta, porém, minimiza as preocupações do mercado em torno da alta alavancagem da companhia, consequência de um mal sucedido processo de internacionalização e da alta nos preços dos grãos.

“Sempre sabíamos que isso era possível, mas o timing certamente não foi o que esperávamos (…) O fato de isso estar acontecendo agora, com a ação sendo negociada em níveis historicamente baixos e implicando uma diluição de até 29%, nos faz acreditar que isso é parte de um negócio maior”, disseram analistas do BTG pactual, em relatório distribuído nesta sexta.

Oportunidade para a Marfrig

A grande especulação do mercado, neste momento, é o que o follow-on representa para a Marfrig, que é dona de uma fatia de 31,7% da BRF.

O estatuto da BRF estipula que qualquer acionista que ultrapassar 33,33% de participação na companhia deve fazer uma oferta pelo restante da companhia, pagando um valor 40% acima do preço médio da ação entre os últimos 30 ou 120 dias, qual for mais alto. É a chamada “pílula de veneno”. Na estimativa do BTG, isso significaria um preço de R$ 33,6 por ação da BRF, valor quase 65% superior ao preço de mercado.

Há a possibilidade, no entanto, de o pagamento desse “ágio” não ser necessário no caso de um follow-on, o que permitiria à Marfrig aumentar sua participação na BRF sem ter de pagar um prêmio bilionário, em um drible à pílula do veneno.

Independentemente do pagamento ou não do prêmio, o Bank of America acredita que a Marfrig está em uma posição favorável para dar esse passo. “O balanço da Marfrig está menos arriscado neste momento devido a melhores resultados, mesmo se a companhia precisasse pagar um prêmio sobre as ações da BRF, o que custaria quase R$ 19 bilhões. O potencial follow-on poderia diminuir ainda mais esse risco”, diz o banco em relatório.

A especulação dos analistas, nesse momento, é que a Marfrig deve aproveitar essa oportunidade. “Para ter uma participação perto de 50%, não nos surpeenderíamos se víssemos a Marfrig sendo agressiva nesse follow-on”, afirmam analistas do Credit Suisse.

Na análise do BTG, o longo histórico de M&As agressivos e transformadores da Marfrig sempre indicaram a intenção da empresa em ser mais do que uma acionista passiva na BRF. “Esse anúncio pode ser uma forma de matar dois coelhos em uma cajadada só: lidar com a necessidade de desalavancagem da BRF e, ao mesmo tempo, permitir que a Marfrig exerça um controle maior”, afirmam.

Caso a Marfrig adquira todas as ações que estão sendo emitidas, sua participação na BRF superaria 52%, o que daria a ela controle sobre a companhia. O BTG não descarta a possibilidade de uma fusão, o que, na visão do banco, criaria uma gigante global e multiproteínas.

Por volta das 13h10, a ação da Marfrig era negociada em alta de 5,45%, a R$ 24,18.

O Credit Suisse tem recomendação neutra para a BRF, com preço-alvo de R$ 22. O BTG tem recomendação neutra para ambas as companhias. O BofA, por sua vez, recomenda compra para a Marfrig, mas também tem recomendação neutra para a BRF.

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