Os investidores repercutem uma nova ameaça de ataque às instituições hoje, com atos golpistas programados para todo o país, e reagem à carta do Banco Central, que justificou o estouro da meta de inflação de 2022 ontem e admitiu que o mesmo pode ocorrer em 2023.
Ontem, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva acionou o STF (Supremo Tribunal Federal) através da AGU (Advocacia Geral da União), pedindo que a corte determine a adoção de medidas “imediatas, preventivas e necessárias” por autoridades do governo federal e dos estados, como rechaçar tentativas de bloqueio de avenidas ou rodovias ou invasão de prédios públicos.
Pediu ainda que a corte imponha multa de R$ 100 mil por hora a empresas que facilitarem os atos golpistas, e R$ 20 mil por hora a pessoas físicas.
A “Mega Manifestação Nacional pela Retomada do Poder”, como o movimento foi batizado, está marcada para acontecer a partir das 18h desta quarta, e o clima de incerteza pode causar volatilidade no mercado hoje.
Carta do BC e comércio
Por aqui, os investidores reagem ainda à carta aberta do presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, ao ministro da Fazenda, Fernando Haddad, enviada ontem após o fechamento do mercado, explicando o não cumprimento da meta de inflação de 2022.
O documento, cuja divulgação é uma regra do sistema de metas de inflação, apontou o pico nos preços das commodities e alimentos, consequência da guerra da Ucrânia e lockdowns na China, como a causa do estouro da meta.
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No texto, Campos Neto reconheceu que o IPCA de 2023 deve ficar acima do teto da meta para este ano (de 3,25%, com banda de 1,5 ponto percentual), o que pode mexer com as expectativas do mercado.
Como resultado desse reconhecimento, parte dos analistas acredita que o BC pode decidir elevar a Selic para reduzir as expectativas de inflação e levar o IPCA à meta, enquanto que outros especialistas veem chance da manutenção da taxa no patamar atual até o final do ano.
Às 9h, o IBGE publica a PMC (Pesquisa Mensal de Comércio) de novembro, que mostrará o comportamento do setor no final do ano passado. Amanhã, será divulgada também a PMS (Pesquisa Mensal de Serviços) do mesmo mês, fechando o trio de pesquisas sobre atividade econômica do órgão.
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Após respiro em outubro, quando avançou 0,3% após dois meses de queda, a produção industrial voltou a cair no mês retrasado, se mantendo em um patamar 2% abaixo do registrado no pré-pandemia, em fevereiro de 2020. O dado foi divulgado pelo IBGE na semana passada.
Compasso de espera
Lá fora, o mercado opera em compasso de espera pelo CPI (índice de preços ao consumidor) dos Estados Unidos em dezembro, que será publicado amanhã.
Após uma fala considerada mais neutra do presidente do Federal Reserve, Jerome Powell, ontem, os investidores aguardam as próximas estatísticas de inflação e emprego para calibrar as apostas para os próximos movimentos do Fed, cujo colegiado de política monetária se reúne em fevereiro.
Por volta das 8h20, os índices futuros americanos subiam: o Dow Jones tinha alta de 0,15%, o S&P 500 subia 0,16% e o Nasdaq avançava 0,07%. No mesmo horário, o EuroStoxx 50 operava em alta de 0,96%.