Natura (NTCO3) supera inflação na reta final de 2021, mas guerra na Ucrânia impõe nova batalha

A empresa, mesmo pressionada pela inflação e pelo câmbio, viu a margem Ebitda ficar em 13,3% no quarto trimestre, um aumento de 0,9 p.p

Foto: divulgação

A Natura, uma das principais empresas do mercado de beleza no Brasil, não passou ilesa à escalada da inflação vista no ano passado, que afetou tanto o bolso dos consumidores quanto o caixa das companhias.

Para as empresas, um dos principais efeitos da inflação é a diminuição da margem de lucro. Em um cenário de crise econômica, se as despesas sobem, mas cai o poder de compra das pessoas, fica restrita a possibilidade de repassar o aumento de custo ao consumidor.

Há um pouco mais de um ano, no quarto trimestre de 2020, a margem da Natura em relação ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciações e amortizações) ficou 12,4%.

Ao longo de 2021, porém, a empresa sofreu não apenas com a inflação em geral, mas também com o avanço do dólar, que acaba também pressionando os preços.

No ano passado, o dólar teve uma valorização de 7,26%.

Com os efeitos da inflação e do câmbio, a empresa acabou tendo, no quarto trimestre de 2021, um impacto negativo de 5,4 pontos percentuais na margem Ebitda, segundo apresentação feita pela companhia na manhã desta sexta-feira (11), em teleconferência com analistas.

Não bastasse isso, a margem da empresa também sofreu com pressões temporárias nos negócios (impacto negativo de 2,3 p.p) e com investimentos feitos no período (-1,5 p.p).

No entanto, a Natura conseguiu mais do que compensar esses efeitos com alguns esforços na gestão do negócio.

O primeiro deles se refere à contenção de custos. Se a inflação estava apertando, a empresa resolveu cortar onde dava. Com isso, teve um impacto positivo de 4,7 p.p na margem.

Além disso, por meio das sinergias realizadas com a Avon, adquirida em 2020, e de um gerenciamento das fontes de receita, a Natura conseguiu gerar um outro impacto positivo de 5,4 p.p.

Segundo o CEO da Natura, Roberto Marques, as sinergias da empresa superaram as expectativas em 2021. No quarto trimestre, chegaram a US$ 59 milhões entre suprimentos, logística e funções administrativas. No ano, as sinergias totais alcançaram US$ 197 milhões, próximo a 50% do total planejado, superando a expectativa de 40%.

No balanço geral, ao contabilizar os impactos negativos e positivos na margem Ebitda da Natura, o saldo foi o melhor possível.

A empresa, mesmo pressionada pela inflação e pelo câmbio, viu a margem Ebitda ficar em 13,3% no quarto trimestre, um aumento de 0,9 p.p.

Fonte: Natura

Os problemas com a inflação, porém, não foram deixados em 2021. A escalada de preços segue em 2022, especialmente depois do início do conflito entre Rússia e Ucrânia, que tem pressionado principalmente os preços das commodities.

Em entrevista ao Estadão, o CEO da Natura, Roberto Marques, disse que o cenário que se desenha pela frente é “desafiador e volátil”. Segundo ele, haverá um impacto de custos mais intenso no primeiro trimestre deste ano, “não só pela pandemia, mas também em razão do conflito na Ucrânia”.

Ele, contudo, prometeu reagir com disciplina financeira, mais cortes de custos e uma alocação mais seletiva de investimentos.

Por volta das 17h15, as ações da Natura caíam 9,8%, depois de terem fechado em alta de 16,25% no pregão de quarta-feira, antes da publicação do balanço da companhia.

Impactos com a guerra

A Europa Central e Oriental constitui uma região importante para a Avon. A Rússia é o maior mercado e a Ucrânia também é um mercado importante.

Na teleconferência, o CEO disse que, para o grupo como um todo, as receitas provenientes desses dois mercados representam menos de 5% da receita consolidada de 2021, incluindo as operações da The Body Shop por meio de franqueados. Além disso, a contribuição para o Ebitda foi de aproximadamente 3%.

Com a guerra, algumas ações foram tomadas pela companhia. A The Body Shop e a Aesop suspenderam a entrega de produtos para seus franqueados na Rússia. A Avon, que tem fábrica na Rússia, suspendeu exportações e está avaliando embarques para outros mercados.

Segundo Marques, a fábrica da Avon na Rússia continua suas operações. O atual portfólio de fragrâncias produzidos lá é comum nos mercados da Europa Central e Ocidental e pode ser transferido para as instalações na Polônia.

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Quando observamos as recomendações de mercado, as casas de análise estão divididas entre compra, compra forte e neutro, segundo levantamento disponível na plataforma do TradeMap, com base em informações colhidas pelo Refinitiv. Das 13 casas de análises, seis recomendam compra, cinco sustentam uma posição neutra e duas recomendam compra forte. A mediana do preço-alvo é de R$ 40,00, uma potencial valorização de 88,24%.

Fonte: TradeMap

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