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Mudança em vista? Entenda como a atualização do Ethereum vai mexer com os preços dos criptoativos

Em meio à enxurrada de notícias negativas que têm dominado as manchetes do mercado de criptoativos, as boas (apesar de poucas) novidades têm passado batidas, sem conseguir evitar a fuga generalizada dos investidores.

Nem mesmo os avanços bem-sucedidos nos testes para a atualização e as melhorias da blockchain Ethereum nas últimas semanas, responsável pela Ether (ETH) – a segunda maior cripto em capitalização, atrás apenas do Bitcoin (BTC) -, foram suficientes para reverter o mau humor que tomou conta dos ativos digitais.

O clima de incertezas e o temor de recessão nas maiores economias do mundo, os mesmos fatores que derrubam as principais Bolsas ao redor do planeta, explica parte do pessimismo.

A sequência de notícias negativas, como o colapso do projeto Terra (LUNA) e o risco de insolvência envolvendo grandes empresas do mercado, pressionam ainda mais a confiança dos investidores.

Diante deste quadro, especialistas ouvidos pela Agência TradeMap estão céticos em relação à capacidade de a fusão (The merge, em inglês) do Ethereum, um dos eventos mais aguardados do ano pelo mercado cripto e previsto para ocorrer entre agosto e outubro, ter forças para reverter a maré de baixa.

“Hoje, os temas dominantes são geopolíticos e de empresas com problemas. É um momento de maior cautela, mas o que se vislumbra é que o Ethereum estará bem-posicionado no futuro”, afirma Alexandre Ludolf, CIO da QR Asset.

Lançado em 2015, o ETH acumula queda de 67% em 2022, acima do tombo de 55% observado no Bitcoin. Em 2021, porém, enquanto o maior ativo cripto valorizou 60%, o Ethereum teve um salto de 400%, em meio à euforia dos investidores com as altcoins, como são chamados os ativos alternativos ao BTC.

Nesta segunda-feira (27), o ETH operava com queda de 1,1% por volta das 15h20, a US$ 1.202, enquanto o BTC registrava recuo de 1,5%, negociado a US$ 20.864.

“Há um otimismo com o ativo de forma geral, mas a questão macro ainda comanda muito a narrativa”, afirma Pedro De Luca, head de cripto da Levante Ideias de Investimentos.

O que muda com a fusão?

A atualização do Ethereum marca a transformação do sistema de mineração da cripto da atual prova de trabalho (PoW, na sigla em inglês) – que também é usada pelo BTC – para a prova de participação (PoS).

Na primeira etapa, novas unidades do ETH são validadas na rede por meio do uso massivo de computadores para a realização de contas que garantam que aquele token é real, o que demanda um alto consumo de energia.

Já a PoS funciona como uma forma de “caução”: os investidores adiantam 32 ETHs para participar e se tornarem validadores do processo, e perdem esse valor caso sejam flagrados fazendo operações irregulares.

Arte explicativa do processo de fusão do Ethereum

No PoW, o gasto de energia exigido no processo de validação é o principal inibidor de fraldes, já que o custo é elevado para arriscar perder os tokens minerados caso seja descoberto algum tipo de irregularidade no processo. Porém, o grande passivo ambiental gerado no processo é um dos principais pontos apontados pelos críticos das criptomoedas.

Esse novo modelo começou a ser colocado em prática no fim de 2020, com o lançamento da Beacon Chain, uma das redes paralelas criadas pelos programadores do ETH para testar falhas e riscos do programa. A fusão em si será justamente a junção dessa rede com a principal, que então passará a valer para todos os usuários da blockchain.

O grande dia, porém, não foi oficializado pelos responsáveis do programa. No fim de maio, Preston Van Loon, cofundador do Ethereum, afirmou que o movimento deve ocorrer entre agosto e outubro deste ano. Vale lembrar, porém, que outras datas já haviam sido anunciadas e não cumpridas.

Se a data ainda não é certa, os últimos passos dão motivos para acreditar que as coisas estão indo para frente. Na segunda semana de junho os programadores anunciaram o sucesso de mudança em uma das redes. Outros dois testes devem ser feitos nas próximas semanas, ou meses, antes da atualização completa.

“É uma evolução importante para o mercado e gera muita expectativa. É como se fosse trocar as asas de um avião com ele voando”, compara Ludolf.

Os atrasos são inclusive minimizados pelos resultados que eles apresentam. “O Ethereum é conhecido pelos atrasos. Quando ocorrem as atualizações, elas funcionam, mas é sempre com muito atraso”, ressalta Luca.

Mais melhorias à frente

Apesar de toda a expectativa em cima da fusão, ela é apenas mais uma parte do processo de atualização. O cronograma dos programados do ETH conta ainda com mais duas etapas para o ano que vem.

Essas fases finais serão as com maiores impactos no funcionamento da blockchain, com a diminuição dos custos de transições e melhorias no acesso à rede e na escalabilidade do projeto.

Se as mudanças previstas para este ano não possuem força para tirar de cima das criptos o peso do noticiário macroeconômico, os analistas afirmam ao menos que elas abrirão caminho para uma recuperação mais forte do mercado quando a situação começar a melhorar.

“Como há muita correlação entre as criptomoedas, a tendência é que empurre para cima, e o Bitcoin deve acompanhar”, afirma Rony Szuster, especialista da área de research do Mercado Bitcoin.

Ludolf, da QR Asset, também prevê que as mudanças virão para quem aposta em um horizonte mais distante. “Há muita coisa dentro do Ethereum, e no médio e longo prazo se vê com bons olhos o que está acontecendo”, diz.

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