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Mesmo se consumo cair, Minerva (BEEF3) pode ganhar mercado na China, diz Santander

Banco reitera classificação de outperform para a ação, com preço-alvo de R$ 19

Foto: Shutterstock

Ainda que notícias sobre uma possível desaceleração nas importações chinesas de carne bovina tenham derrubado as ações de exportadoras de proteínas brasileiras nos últimos dias, as preocupações são exageradas, na avaliação do Santander, e as companhias brasileiras, como a Minerva (BEEF3), podem inclusive ganhar participação de mercado na China.

Diante dessa análise, e de conclusões positivas da uma recente reunião com o CFO da Minerva, Edison Ticle, o banco reiterou sua classificação de outperform para o papel – isto é, aposta em um desempenho superior à média do mercado – com preço-alvo de R$ 19.

Depois de a ação da Minerva ter caído 1,52% no pregão desta sexta-feira (9), fechando a R$ 14,26, na segunda maior baixa do Ibovespa, o preço-alvo fixado pelo Santander corresponde a uma valorização de 33% para a ação.

Os temores do mercado, que pesaram sobre os papéis do setor nos últimos dias, começaram quando o escritório da USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) em Pequim divulgou suas projeções para o consumo chinês de proteínas em 2023, na última quarta-feira (7).

Em suas projeções, a USDA espera que as importações chinesas de carne bovina caiam cerca de 19% em 2023, na comparação com este ano, devido à deterioração do cenário econômico, às restrições à mobilidade impostas para conter a disseminação da Covid-19, à atividade mais fraca em restaurantes e a um aperto na oferta global.

Outro fator mencionado pela agência é que a produção doméstica de carne bovina deve crescer, resultado do forte carregamento de estoques de gado de 2022 para 2023.

“Vemos as estimativas da USDA de uma baixa nas importações chinesas de carne bovina como excessivamente pessimistas, e não esperamos que as exportações brasileiras caiam tanto quanto previsto pela agência”, afirma Rodrigo Almeida, analista do Santander, em relatório distribuído nesta sexta.

Em primeiro lugar, a percepção do banco é que o aumento no consumo chinês de carne bovina se deve principalmente ao enriquecimento da população do país, tornando-se um produto aspiracional e inelástico.

Nesse sentido, o Santander não acredita que o aumento no consumo tenha se dado exclusivamente pelo surto de peste suína africana que invadiu a China e fez com que o país abatesse cerca de 50% de seus rebanhos de porcos.

“Enquanto alguns participantes do mercado possam argumentar que o maior consumo chinês de carne bovina foi causado simplesmente por uma mudança temporária de carne suína para bovina, acreditamos que o surto acelerou uma tendência que já estava acontecendo desde o início da década de 2010”, afirma o banco.

Quanto ao aumento de produção doméstica na China, o Santander aponta que uma elevação significativa deve levar mais tempo, considerando o ciclo do gado.

Além disso, mesmo que as importações chinesas de fato caiam tanto quanto projetado pela USDA, o Santander ainda acredita que as empresas brasileiras podem inclusive ganhar participação no mercado chinês, devido à competitividade de preços e a dificuldades enfrentadas por outros países exportadores.

Para além da China, o banco defende que as exportações brasileiras seguem bem posicionadas no comércio global, e que podem inclusive chegar a novos mercados, compensando uma possível baixa na demanda chinesa.

Em outra frente, a aposta na Minerva também se deve a fatores internos da companhia, reforçados pela reunião com o CFO. Em primeiro lugar, o Santander acredita que a Minerva irá entregar resultados fortes no segundo semestre deste ano e em 2023, com destaque para as operações brasileiras, refletindo uma melhora no ciclo de gado e o cenário positivo para exportações.

Outro ponto que favorece o investimento na companhia, segundo o Santander, é a forte geração de fluxo de caixa livre, que deve permitir o pagamento de bons dividendos neste ano e no próximo.

Por fim, o banco menciona ainda a abordagem prudente de alocação de capital da gestão da Minerva.

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