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Méliuz (CASH3) e Enjoei (ENJU3) têm o mesmo problema, mas uma delas está mais perto da solução

Grande desafio das empresas é rentabilizar suas bases, dizem especialistas

Foto: Shutterstock

Trimestre após trimestre, as empresas Méliuz (CASH3) e Enjoei (ENJU3), que combinam tecnologia e varejo em suas operações, apresentam crescimento em suas bases de usuários. Isso, porém, pode ser insuficiente para garantir o sucesso das companhias no futuro, segundo especialistas consultados pela Agência TradeMap.

Ao fim do primeiro trimestre, a Méliuz tinha 8,6 milhões de usuários ativos (que realizaram alguma operação nos últimos 12 meses) em sua plataforma de cashback – 21,1% a mais do que o registrado um ano antes.

Já a base de usuários ativos do marketplace de compra e venda de itens usados Enjoei cresceu 20,3% no período, chegando a 2,04 milhões em março deste ano, entre vendedores e compradores.

A expansão das bases, porém, não vem sendo acompanhada por um crescimento de lucro.

No primeiro trimestre deste ano, a Méliuz teve prejuízo líquido de R$ 6,5 milhões, contra lucro de R$ 3,02 milhões nos mesmos três meses do ano passado. A Enjoei, por sua vez, registrou prejuízo de R$ 31,1 milhões entre janeiro e março deste ano, ante perdas de R$ 31,8 milhões em igual período de 2021.

“Durante os últimos trimestres, ambas investiram fortemente no crescimento da base e destinaram boa parte da receita para a aquisição de clientes, mas o resultado financeiro na prática ainda não apareceu de forma relevante no balanço das empresas”, explica Idean Alves, sócio e chefe da mesa de operações da Ação Brasil.

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“Elas abriram mão da rentabilidade para crescer, e cresceram, mas hoje ainda têm muita dificuldade em monetizar isso”, completa Fabiano Vaz, analista de ações da Nord Research.

Um exemplo disso, diz Alves, é a expansão dos custos operacionais de publicidade e pessoal. No primeiro trimestre deste ano, as despesas operacionais da Méliuz somaram R$ 108,9 milhões, alta de 130% na comparação com o mesmo período do ano passado. No caso da Enjoei, as despesas cresceram 9,3%, para R$ 41 milhões.

Para Vaz, da Nord, rentabilizar essa base de usuários é justamente o principal desafio dessas companhias daqui para frente e, na visão de Alvez, isso se torna ainda mais difícil com a inflação alta, a renda comprimida e a concorrência em crescimento. “O maior desafio é disputar pela atenção e pelo dinheiro do consumidor sem extrapolar o orçamento para aquisição de cliente, aumentando cashback e descontos”, diz o sócio da Ação Brasil.

“O desafio é conseguir aumentar a receita, ter uma rentabilidade por cliente que seja interessante e que vá se transformar em lucro e Ebitda no futuro”, completa Fabiano Vaz.

Nesse contexto, as duas companhias vêm focando em gerar receita de forma colateral, por meio do lançamento de novos produtos. E o caminho parece mais claro para a Méliuz, na visão de Vaz. “Talvez a Méliuz tenha uma perspectiva melhor, até pelos serviços que ela está colocando para dentro da plataforma, desde cashback e e-commerce até serviços financeiros, conta digital, cartão de crédito”, opina.

Na direção oposta, a Enjoei, que segue dependente basicamente apenas do e-commerce, pode ter mais dificuldade, uma vez que o setor de varejo é mais desafiador. “A Enjoei ainda é uma empresa que está crescendo e pagando caro por seu crescimento. Tem um custo alto para adquirir sua base de clientes e despesas altas. Acho que ainda vai ter muita dificuldade”, explica o analista da Nord.

Ações sentem pressão

A dificuldade em monetizar também é o principal fator por trás da desvalorização recente das ações, diz Vaz. Idean Alves concorda: “Ambas as companhias entendem que é um jogo de longo prazo e de melhorar a experiência de mercado, só que o mercado nem sempre é paciente com esse tipo de case, vide as cotações de ambas atualmente”.

Desde o início do ano, as ações da Méliuz acumulam perdas de 61,1% e as da Enjoei, de 59,6%. O Ibovespa, enquanto isso, soma desvalorização de 5,9%.

Performance de Enjoei, Méliuz e Ibovespa em 2022

Gráfico comparando a performance das ações de Méliuz, Enjoei e do Ibovespa desde o início do ano
Fonte: TradeMap

De uma maneira geral, o mercado parece otimista em relação às ações da Méliuz. De acordo com dados da Refinitiv disponíveis no TradeMap, de sete instituições financeiras consultadas, cinco recomendam a compra do papel, enquanto as outras duas indicam a manutenção do ativo em carteira.

A mediana de preços-alvo dos analistas é de R$ 4,20, o que corresponde a alta de 233% em relação aos níveis atuais. A ação fechou o pregão da última sexta-feira (24) em baixa de 2,56%, negociada a R$ 1,26.

Gráficos com análises de especialistas sobre as ações da Méliuz
Fonte: TradeMap

Já no caso de Enjoei, as opiniões são um pouco mais divididas. Das cinco instituições financeiras consultadas pela Refinitiv, três indicam a compra da ação, enquanto duas têm recomendação neutra.

A mediana de preços-alvo é de R$ 5,50, o equivalente a alta de 378% contra o patamar atual. No fechamento de sexta, o papel era avaliado a R$ 1,15, depois de fechar em baixa de 3,36%.

Gráficos com análise de especialistas sobre as ações da Enjoei
Fonte: TradeMap

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