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Marfrig (MRFG3) avisa que indicará candidatos ao conselho da BRF (BRFS3) e ações caem

Marfrig é dona de quase um terço da BRF e até então evitava usar sua participação para influenciar os rumos da dona da Sadia e da Perdigão

Marfrig: Divulgação

A Marfrig (MRFG3) quer fazer valer seu percentual na BRF (BRFS3) e avisou que pretende começar a influenciar na administração da dona da Sadia e da Perdigão.

A Marfrig é a maior acionista da BRF, com uma participação de 33,25% na companhia, mas até então hesitava em exercer seu poder político sobre a empresa.

Em nota publicada nesta segunda-feira (21), porém, a Marfrig mudou de postura e disse que apresentará uma chapa de candidatos ao conselho de administração da BRF.

O movimento era esperado por especialistas de mercado, que não descartam a hipótese de a Marfrig tentar, em seguida à eleição de seus candidatos ao conselho, uma fusão com a BRF. As duas empresas já haviam tentado uma combinação em 2019, mas a operação, à época, fracassou.

A eleição do conselho de administração da BRF acontecerá em 28 de março, data da próxima assembleia geral ordinária de acionistas.

Às 11h45, as ações das duas companhias caíam na bolsa – enquanto Marfrig recuava 2%, BRF caía 1%.

A novela de Marfrig e BRF

Em dezembro de 2021, a BRF aprovou uma oferta de novas ações (follow-on), e a expectativa da empresa era captar de R$ 6,7 bilhões a R$ 8,0 bilhões com a operação. Os valor final foi de R$ 5,4 bilhões, bem menor que a expectativa.

Quando o follow-on foi anunciado, parte do mercado especulou que a Marfrig aproveitaria a oportunidade para contornar uma cláusula do estatuto da BRF e assumir o controle da companhia sem precisar pagar um prêmio aos demais acionistas.

O mercado apostava na possibilidade de a participação da Marfrig crescer e atingir 33,33%, o que obrigaria a empresa a fazer uma oferta para comprar o restante da BRF pagando 40% a mais que a média do preço da ação entre os últimos 30 e 120 dias.

Essa penalização ao comprador é conhecida como poison pill, e é feita justamente para desestimular ofertas hostis de compra. 

Isso, no entanto, não aconteceu: a Marfrig participou da oferta, mas apenas para evitar que sua fatia na BRF fosse diluída.

O que diz o mercado?

Em relatório divulgado na semana passada, o BTG Pactual apontou que ainda havia possibilidade de uma fusão entre as duas companhias, e que a decisão, na prática, caberia à Marfrig, que tem uma posição financeira mais confortável, além do poder para influenciar os rumos da BRF.

“Com a Marfrig mantendo sua participação de 33,2% após a oferta, apesar de entendermos que poderia tê-la aumentado sem desencadear o poison pill, acreditamos que uma fusão poderia voltar a fazer sentido”, disseram os analistas.

O BTG possui recomendação neutra para as ações das duas companhias, esperando que o ciclo das commodities negociadas por elas deve melhorar em 2021.

“A falta de clareza sobre o rumo da BRF é o principal motivo para se manter neutra. Quanto à Marfrig, enxergamos com bons olhos a alocação de capital que ela demonstrou recentemente, mas também vemos múltiplos mais elevados com base em uma margem normalizada de carne bovina dos EUA”, afirma a instituição financeira.

O Bank of America (BoFA) recomenda compra da Marfrig. Em relatório publicado no dia 8 de fevereiro, defendeu que os resultados trimestrais positivos da Tyson Foods, empresa americana do ramo de alimentos processados, corroboram com uma visão positiva para a Marfrig e também para a JBS (JBSS3).

“Recomendamos a compra dos papéis pois o ciclo da carne bovina nos EUA deve começar a ficar negativo este ano, mas de forma gradual, sustentado pelos altos preços da carne bovina e aumento limitado na utilização da capacidade de abate, limitando aumentos adicionais no preço do gado”, afirma o BofA.

O banco estima que a Marfrig registre lucro líquido de R$ 818 milhões, que deve ser impactado pelo aumento nas taxas de juros.

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