O Sistema Cantareira, maior conjunto de reservatórios da Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), está com um nível de água menor que o do mesmo período do ano passado apesar das chuvas acima da média em janeiro. No entanto, a situação ainda não é preocupante, de acordo com análise da corretora Planner.
Segundo a Sabesp, em janeiro o Sistema Cantareira recebeu um volume de 322 milímetros de chuva, 22% acima da média histórica de 267,7 mm. Com isso, o nível de água nos reservatórios da região subiu de 24,9% no final do ano passado para 36,1% nesta quinta-feira (3).
Este nível é menor que o observado no mesmo dia do ano passado (42,9%) e de 2020 (46,7%), porém é superior ao registrado em 3 de fevereiro de 2014, ano da pior crise hídrica em décadas na região Sudeste e que resultou no ressecamento total das represas, com a Sabesp tendo que instalar infraestrutura para água da reserva técnica do Sistema Cantareira.
Para o analista financeiro Victor Martins, da Planner, a situação atual não é preocupante porque a soma do volume de todos os reservatórios da Sabesp – são mais seis sistemas, além do Cantareira – está acima de 50% e, após a última crise, vários tipos de investimentos foram feitos no setor para mitigar o risco de desabastecimento. A Planner atribui preço-alvo de R$ 32 para as ações da Sabesp, que por volta das 17h30 subiam 0,41%, a R$ 36,57.
O período de chuvas na região Sudeste – que vai de outubro a março – tende a ser irregular neste ano por causa do fenômeno meteorológico La Niña. Em 2021, por exemplo, novembro e dezembro tiveram chuvas abaixo da média histórica, diferentemente de janeiro deste ano, quando choveu mais do que o comum.
De acordo com a meteorologista Ana Clara Marques, da Climatempo, há um déficit de chuvas na região Sudeste pelo menos desde 2012, e o ano passado foi marcado por chuvas abaixo da média histórica no período úmido. A especialista também aponta que em 2019 e 2020 a região Sudeste – e consequentemente os reservatórios da Sabesp – foi atingida por uma estiagem tardia, que fez o período seco terminar mais tarde do que de costume.