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Ligadas a consumo, Méliuz (CASH3) e Magalu (MGLU3) disparam após recado de BC sobre juros

Para Angelica Marufuji, sócia da gestora Meraki Capital, a alta expressiva de setores ligados ao varejo está relacionada à comunicação do Copom

Foto: Shutterstock

O investidor que olha para a movimentação do Ibovespa nesta quinta-feira (4) vai notar uma subida intensa e em bloco de empresas  ligadas ao consumo, como Magazine Luiza, Méliuz, Natura, Via, CVC e Grupo Soma.

O avanço dessas ações ocorre porque, embora o Banco Central (BC) tenha anunciado na quarta-feira (3) mais uma elevação da Selic, de 0,5 ponto percentual, para 13,75% ao ano — o que em tese é negativo para essas companhias, por reduz o crédito e consequentemente o consumo –, a autoridade monetária sinalizou, em comunicado que acompanha a decisão, que o ciclo de aperto monetário agora tende a ser menos intenso e está perto do fim.

No comunicado, o BC deixou a porta aberta para uma alta menor da Selic na próxima reunião do Comitê de Política Monetária (Copom), marcada para setembro, de 0,25 p.p, para 14%, possivelmente a última elevação do ciclo.

Por volta das 12h, entre as empresas que fazem parte do Ibovepsa, a maior alta do dia era de Magazine Luiza (MGLU3), que subia 12,97%. A Méliuz (CASH3), uma plataforma de cashback que tem um pé no varejo e outro na tecnologia, aparecia em seguida, com valorização de 12,39%.

Outras ações ligadas ao consumo também disparam: Natura (NTCO3) avançava 10,05%, Via (VIIA3) subia 8,78%, CVC (CVCB3) tinha alta de 7,96% e Grupo Soma apresentava valorização de 6,72%.

“Essa sinalização da alta de juros se arrefecendo é bem positivo de um modo geral para o setor varejista e para as outras empresas de maior sensibilidade aos juros”, afirma a analista Angelica Marufuji, sócia da gestora Meraki Capital, à Agência TradeMap.

Com a elevação para 13,75% ao ano, a Selic chegou ao seu maior patamar desde janeiro de 2017. A decisão foi unânime.

O economista Luis Menon, da Garde Asset Management, era um dos que acreditavam que o BC poderia indicar um aperto monetário que fosse além de setembro e chegasse à reunião de outubro.  “Mas a comunicação deixou claro que o BC antevê a necessidade de no máximo um ajuste residual. Não deixou a porta nem aberta, deixou entreaberta”, disse, em entrevista concedida na quarta-feira à noite à Agência TradeMap.

Ele se refere ao fato de o comitê ter dito, no comunicado, que “avaliará a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”. “Nos outros comunicados, o Copom falava que antevia novos ajustes. Agora, indicou que vai avaliar. É uma comunicação diferente”, diz Menon.

No mercado, há até quem considere que o ciclo de aperto monetário já acabou. É o caso de Caio Megale, economista-chefe da XP. Em relatório ao mercado, ele disse que, que embora exista um “risco” de uma alta final da taxa em setembro, o cenário mais provável é que a Selic se mantenha inalterada em 13,75% até meados de 2023.

“Não acreditamos que esse patamar seja suficiente para trazer o IPCA para a meta no próximo ano, mas certamente ajudará a aumentar a probabilidade de um IPCA dentro da meta em 2024”, destacou Megale.

O avanço das ações ligadas a consumo, porém, pode não estar ligado somente ao cenário de juros. O analista Wagner Varejão, sócio da Valor Investimentos, lembra que os papéis estão “extremamente baratos” e que boa parte do mercado já esperava o que foi sinalizado pelo BC. “Em algum momento essas ações ‘têm que andar'”, ele disse.

Além disso, ele ressalta que há uma reação de queda na curva de juros mais longa, que também pode ajudar esses papéis. De acordo com dados da plataforma do TradeMap, os contratos futuros de juros para 2023, 2025 e 2028 recuavam, respectivamente, 10, 25 e 16 pontos-base nesta tarde.

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

 Angelica Marufuji, da Meraki, acredita que essas ações, que tiveram desvalorizações expressivas de um ano para cá, podem mostrar uma tendência de recuperação daqui para frente.

Desde o primeiro movimento de elevação dos juros feito pelo BC em 2021, no dia 18 de março, as ações do Magalu acumulam desvalorização na faixa dos 80%. No mesmo comparativo, os papéis da Americanas e da Via acumulam quedas na faixa dos 70%.

Ainda que do ponto de vista operacional essas empresas ainda estejam com um cenário complicado para este trimestre, o mercado pode estar antecipando uma situação melhor de 2023 para frente”, diz a sócia da Meraki Capital.

Varejão, da Valor Investimentos, ainda vê um curto prazo difícil para essas empresas, com riscos fiscais e eleições chegando. “Acho que tem um exagero nesses preços”, avalia o analista.

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