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Ladeira abaixo? Petróleo cai 11,3% em dois dias e fecha abaixo de US$ 100

Foco do mercado se desloca para possível enfraquecimento da economia e da demanda pela commodity

Foto: Shutterstock

Os preços do petróleo registraram forte queda pelo segundo dia consecutivo, com investidores menos preocupados com a possibilidade de a oferta da commodity diminuir por causa de sanções econômicas à Rússia e mais atentos à hipótese de desaceleração da economia.

O petróleo tipo Brent – que serve como referência internacional de preço – caiu 6,5% no mercado futuro da ICE, para US$ 99,91 o barril, acumulando queda de 11,3% desde o fechamento da última sexta-feira (11). Também foi a primeira vez em que a commodity terminou o dia negociada a menos de US$ 100 desde 25 de fevereiro.

Naquela ocasião, o preço do petróleo estava começando a disparar porque a Rússia havia invadido a Ucrânia. Nos dias que se seguiram, a cotação da commodity chegou a US$ 138 por barril por expectativas de que haveria um embargo internacional ao petróleo exportado pelos russos.

Isso aconteceu, mas em escala menor do que o mercado previa. Embora Estados Unidos, Reino Unido e União Europeia tenham adotado sanções econômicas contra a Rússia e dificultado muito a exportação de petróleo pelo país, apenas os dois primeiros efetivamente bloquearam a compra da commodity.

A União Europeia, que é muito dependente das exportações de petróleo e derivados da Rússia, abdicou de medidas mais agressivas. Os russos forneceram quase a metade de todo o gás natural importado pela União Europeia e 27% de todo o petróleo comprado pelos europeus no exterior em 2021.

Com um dos maiores consumidores de petróleo russo hesitante em adotar sanções, o preço do barril perdeu parte do ímpeto inicial, e começou a devolver parte do movimento de alta. Essa reversão acelerou depois de a Ucrânia indicar que estaria disposta a ceder a algumas demandas da Rússia para encerrar o conflito.

Os investidores, porém, apontam outros fatores que justificam a queda nos preços do petróleo no momento.

A corretora e consultoria de commodities Zaner afirma que a perspectiva de aumento nos juros em vários países e de recessão em grandes economias são vistos como fatores que podem diminuir a demanda por petróleo.

“Presumimos que o mercado esteja precificando destruição de demanda na China por causa da Covid, com mais cidades sob restrições, e por notícias de que a atividade das refinarias chinesas em janeiro e fevereiro atingiu os menores níveis desde o final de 2020”, acrescentou a Zaner.

Além disso, o petróleo Ural, que serve como referência para o preço da commodity exportada pela Rússia, está operando a US$ 30 o barril – muito abaixo do valor do Brent, e que há players no mercado se aproveitando disso.

“Embora o embargo dos EUA ao petróleo russo tenha sido ordenado, a lei dá uma janela de 45 dias para a entrega de suprimentos pré-existentes que já estavam no mar”, disse a Zaner, acrescentando que há notícias de que oito navios petroleiros saíram da Rússia em direção aos EUA para aproveitar esta brecha.

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