Juros dos EUA devem cair nos próximos 12 meses e favorecer ações, diz Xavier, da SPX Capital

Gestor acha que mercado passará a esperar corte de juros americanos - e que isso pode favorecer os preços de ações

Depois de aumentar os juros dos Estados Unidos de zero para até 2,5% ao ano, o Federal Reserve, banco central do país, já fez um bom avanço no ajuste da política monetária e o mercado deve começar a discutir nos próximos meses quando a instituição começará a reduzir novamente as taxas. A avaliação é do sócio-fundador da SPX Capital, Rogério Xavier.

“A retirada de estímulos monetários e fiscal já está surtindo efeito e a perspectiva de que um aperto de juros não será tão alto vai levar o mercado a apostar que o Fed vai cortar os juros nos próximos 12 meses”, disse o gestor de um dos fundos multimercados mais rentáveis da indústria, o Nimitz, durante a Expert XP 2022.

As taxas de juros de longo prazo, segundo ele, devem começar a cair conforme essa percepção ganhar força entre os investidores – e isso deve beneficiar as empresas negociadas nas Bolsas, pois quanto menores as taxas, mais baixos os custos destas companhias.

Nesse cenário, Xavier destaca  que  vê oportunidade em empresas que souberem lidar bem com a questão inflacionária. “Tenho uma visão cautelosa no curto prazo, mas quando olho daqui a seis meses vejo de maneira positiva”, afirmou.

O ex-diretor do Banco Central e sócio da Ibiuna Investimentos, Rodrigo Azevedo, ponderou que, antes de caírem, as taxas de juros dos EUA terão que subir mais um pouco para ajudar o Fed a controlar a inflação.

“Acho que o trabalho do Fed ainda não está feito e estamos vendendo Bolsa americana”, disse ele na Expert XP.

No Brasil, juros altos “por muito tempo”

No Brasil, a situação é diferente da observada no mercado americano. O Banco Central iniciou o ciclo de alta de juros bem mais cedo que o Fed – cerca de um ano antes – e agora está próximo de encerrá-lo.

Ontem, o Copom (Comitê de Política Monetária) sinalizou que a taxa básica de juros, a Selic, deve subir mais uma vez, em setembro, mas em ritmo menos intenso – de 0,25 ponto porcentual, menor que o de 0,50 ponto porcentual usado nas últimas decisões.

Leia mais:
Copom deixa porta aberta para nova alta de 0,25 ponto na Selic em setembro

Parar de elevar os juros, no entanto, é diferente de reduzir as taxas, e por isso Azevedo considera que o momento é de cautela para quem investe na renda variável.

“Acho que a taxa de juros no Brasil deve ficar alta por muito tempo, não é o momento de estar lotado de posições em Bolsa”, afirmou.

A Ibiuna reduziu as posições tomadas em juros, isto é, apostando na alta, e agora está avaliando montar uma alocação para se beneficiar do momento de queda.

Oportunidade está em empresas menos endividadas

Para quem quer investir na Bolsa, o sócio-fundador da Kapitalo, Carlos Woelz, sugere buscar ações de empresas que estejam “desalavancadas” – ou seja, cuja dívida seja pequena em relação à capacidade de geração de caixa.

“O momento de vender no Brasil já passou há muito tempo, o investidor deve olhar com olhos de buscar o que está barato”, disse na Expert XP.

No caso dos EUA, Woelz destaca que o mercado está esperando um pouso suave da economia, mas que isso talvez seja insuficiente para resolver o problema inflacionário, dado que o mercado de trabalho americano ainda está aquecido, o que poderia demandar juros mais altos para controlar a inflação.

“Se o mundo desacelerar com esse nível de juros vai ser surpreendente e positivo para os ativos de risco, mas precisamos ver isso se concretizar”, disse.

Compartilhe:

Leia também:

Destaques Econômicos – 21 de maio

Nesta quarta-feira (21) o calendário econômico traz atualizações relevantes que podem impactar os mercados. Veja os principais eventos do dia e suas possíveis consequências: Quarta-feira

Mais lidas da semana

Uma newsletter quinzenal e gratuita que te atualiza em 5 minutos sobre as principais notícias do mercado financeiro.