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JSL (JSLG3) vê Ebitda disparar no 2º trimestre, mas lucro cai em favor de expansão

CEO da companhia diz à Agência TradeMap que cenário desafiador abre oportunidades de crescimento

Foto: Shutterstock

Em meio a um cenário desafiador para altos investimentos, a JSL (JSLG3) não tirou o pé do acelerador. No segundo trimestre deste ano, a empresa acelerou os investimentos, mas viu seu lucro líquido cair na comparação anual.

Entre abril e junho deste ano, a companhia apresentou uma receita líquida de R$ 1,43 bilhão, alta de 56% em relação ao mesmo período de 2021. O Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) da JSL disparou 102,5% na mesma base comparativa, para R$ 250,7 milhões.

O aumento dos custos de operação, materializados de forma mais clara com a disparada do preço do diesel, mas também com pneus e lubrificantes, não apagou a eficiência operacional no segundo trimestre. 

A margem Ebitda expandiu-se em 4,5 pontos percentuais em relação ao mesmo período do ano passado, para 18,3%. 

O Capex (investimentos em bens de capital) líquido atingiu R$ 220,8 milhões, em função de novos contratos vendidos, o que também sustenta o crescimento da receita futura.

Segundo o CFO da JSL, Guilherme Sampaio, os investimentos estão dentro das expectativas e mostram a escolha da empresa em crescer e aproveitar as oportunidades, a despeito da queda do lucro líquido. 

Para este ano, a empresa deve destinar entre R$ 400 milhões e R$ 700 milhões para Capex. 

No curto prazo, o efeito negativo recai sobre o resultado líquido. Entre o segundo trimestre deste ano e o mesmo intervalo de 2021, o lucro recuou 23,8%, para R$ 34,2 milhões. Naturalmente, a margem líquida (que mostra o percentual do lucro sobre a receita líquida) caiu pela metade, de 4,9% para 2,4%.  

JSL olha para ROIC e deixa lucro em segundo plano

Em entrevista à Agência TradeMap na terça-feira (2), o executivo da empresa reiterou que não há como controlar o movimento agressivo de alta da taxa de juros, que acaba interferindo nos encargos e na elevação da dívida líquida. Contudo, a empresa controla a visão de curto, médio e longo prazos.

No último ano, a companhia aplicou R$ 1,2 bilhão em Capex, pagou quase R$ 500 milhões em aquisições e aumentou o endividamento líquido em cerca de R$ 1 bilhão. 

A geração de caixa da empresa absorveu parte desse aumento dos compromissos financeiros, mas o restante é o custo do crescimento. Se a JSL tivesse o cuidado de não ter aumentado a dívida líquida nessa proporção, o lucro líquido teria dobrado em relação ao segundo trimestre de 2021, de acordo com Sampaio.

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A empresa prefere olhar para o ROIC (Retorno sobre Capital Investido) como forma de criação de valor aos acionistas. Isto é, um bom gerenciamento do Capex, junto ao seu potencial retorno, aliado à dívida líquida.

O ROIC da JSL terminou o segundo trimestre em 15%, mais do que o dobro do reportado na época do IPO na B3, em setembro de 2020 – quando a companhia deixou de ser a holding do grupo de empresas que hoje são lideradas pela Simpar (SIMH3). 

Contudo, a companhia — com o aval de seu Conselho — optou por aproveitar as oportunidades no período. 

Horizonte de crescimento

Com a capacidade de investimento que tem, a empresa logística consegue alcançar ativos e adquirir empresas que em outros momentos não conseguiriam, justamente por ser mais resiliente e, em muitos casos, líder de mercado durante o período de “vacas magras” na política monetária. 

Ramon Alcaraz, CEO da JSL, que também participou da conversa com a Agência TradeMap, afirmou que o segundo trimestre foi o mais desafiador desde que chegou à empresa.

Alcaraz era diretor-executivo da Fadel, uma das adquiridas pela JSL no ano passado. Ele afirma que a conjuntura de menor capacidade de financiamento por parte dos players do mercado faz com que a JSL acelere a estratégia de crescimento (orgânico e inorgânico), já que as oportunidades podem estar onde o cenário não é tão óbvio.

Nesse sentido, a internacionalização da empresa tem surtido efeito e, outrora impensado como forma de crescimento dos negócios, cerca de R$ 770 milhões de novos contratos (assinados na ordem de R$ 1,4 bilhão no segundo trimestre) serão aplicados na África do Sul. 

Na visão da empresa, o espaço para crescimento do ROIC ainda existe, mas ele se dará cada vez mais desacelerado. Enquanto isso, o processo de contração monetária deve ser atenuado e, com a queda da taxa de juros, o lucro da JSL deve voltar a crescer. 

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