Itaú BBA recomenda compra para ações de shoppings, que estão baratas – mas há uma favorita

“Quanto mais você me ignora, mais barato eu fico”, escreveram os analistas do Itaú BBA em seu relatório de retomada de cobertura de operadoras de shopping centers. Para o banco, os papéis estão descontados, ao mesmo tempo em que as vendas e aluguéis das companhias estão crescendo.

Assim, os analistas Daniel Gasparete, André Dibe, Bruna Breunig e Alejandro Fuchs recomendam a compra de Multiplan (MULT3), Iguatemi (IGTI11), Aliansce Sonae (ALSO3) e brMalls (BRML3).

“Acreditamos que as ações estão baratas e esperamos que o crescimento continue a surpreender positivamente, como tem sido o caso desde o início da pandemia”, diz o banco, em relatório distribuído nesta quarta-feira (6).

Em primeiro lugar, os analistas apontam que ainda há espaço para aumentos nos aluguéis sem pressionar os custos de ocupação, uma vez que a alta acumulada desde 2019, de cerca de 40%, está abaixo da inflação do período, de aproximadamente 60%.

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Além disso, o BBA enxerga potencial de expansão de vendas, com uma possível retomada no fluxo de clientes, que ainda está entre 5% e 10% abaixo dos níveis pré-pandêmicos, e nas vendas de lojistas dos segmentos de serviços e entretenimento, que estão em patamares semelhantes aos de 2019.

Nesse contexto, o banco espera que o fluxo de caixa combinado das quatro companhias em 2023 seja de R$ 3 bilhões, 15% acima do consenso projetado pelo mercado – e ressalta que mesmo estas estimativas são conservadoras.

Apesar da visão otimista em relação a todas as operadoras de shoppings, o BBA tem uma favorita: a Multiplan, devido a seu portfólio dominante que vem entregando resultados acima da média do setor.

Propriedades

O relatório também marca a retomada de cobertura de empresas de propriedades comerciais – mas a visão do banco para estas companhias é bem menos otimista. “Acreditamos que a falta de gatilhos e a alta alavancagem devem ofuscar o potencial atrativo de crescimento e o desconto das ações em relação ao valor líquido dos ativos”, dizem os analistas.

Além disso, o BBA enxerga pouco potencial de as empresas entregarem lucros acima do esperado, uma vez que seus resultados dependem fortemente da atividade econômica, particularmente de revisões altistas nas expectativas de PIB (Produto Interno Bruto) e de aceleração do e-commerce.

As dinâmicas de oferta e demanda também vêm jogando contra o setor, na análise do BBA, uma vez que a demanda deve seguir a deterioração da atividade econômica, pressionada também pelo regime de trabalho híbrido e pela desaceleração do e-commerce, enquanto a oferta segue em patamares superiores à média dos últimos cinco anos.

Outro ponto de preocupação é o alto endividamento das companhias, que prejudica seus fluxos de caixa. Assim, apesar de uma possível melhoria na frente operacional, com menos vacância e reajustes de aluguéis, os lucros não devem acompanhar. Para 2022, a expectativa do banco é que o fluxo de caixa consolidado do setor caia 52%.

Assim, o banco classifica as ações de BR Properties (BRPR3), HBR Realty (HBRE3), Log Commercial Properties (LOGG3), São Carlos (SCAR3) e SYN Prop & Tech (SYNE3) como market perfom – isto é, devem ter performance em linha com a média do mercado. Entre elas, a preferida dos analistas é a BR Properties, devido a seu potencial de pagar altos dividendos e à maior liquidez do papel.