IPOs de 2021: quais ofertas sobreviveram à queda da bolsa? Vamos (VAMO3) lidera ganhos; confira a lista completa

Para analistas, ganho de market share e bons resultados da Vamos são os principais fatores da alta; entenda

Foto: Unsplash

Assim como 2020, este ano também foi e continua sendo desafiador para o mercado acionário brasileiro, que ocupa o terceiro pior desempenho do mundo em 2021, ficando atrás apenas de outros mercados emergentes, como Venezuela e Turquia. O principal motivo da performance negativa é o baixo nível de confiança na economia do Brasil, em razão da inflação elevada e de riscos fiscais associados à política. 

Não à toa, grande parte das ofertas públicas iniciais de ações (IPOs, na sigla em inglês) deste ano derrete na bolsa brasileira. Para se ter uma ideia, de 44 operações, apenas dez papéis acumulam ganhos desde sua estreia na B3, de acordo com um levantamento feito pela Agência TradeMap. 

Em termos percentuais, isso significa que somente 22,7% das empresas estreantes ficaram no campo positivo, enquanto o Ibovespa, principal benchmark da B3, acumula queda acima de 14% no ano. São elas:

Melhores IPOs de 2021
Fonte: TradeMap

É cilada, Bino? 

Dentre estas companhias, a Vamos é a que mais se destaca, com valorização na casa dos 80%. Em agosto, a subsidiária do Grupo Simpar anunciou uma proposta de desmembramento de ações, na proporção de uma para quatro, com o objetivo de aumentar a liquidez dos papéis e, consequentemente, tornar o ativo mais acessível ao investidor pessoa física – o que surtiu efeito. 

Além disso, a analista Sandra Peres, do TradeMap, ressalta que a Vamos é líder em locação de caminhões e máquinas no Brasil, com cerca de 30% do mercado, o que dá a ela vantagens competitivas. Fora isso, a companhia apresentou bons resultados neste ano, aponta. 

Entre janeiro e setembro, a locadora acumula um lucro líquido de R$ 284,6 milhões, o que representa um crescimento de 128% frente ao mesmo período de 2020, quando havia registrado R$ 124,9 milhões. Quanto à receita líquida e ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização, em português), houve expansão de 85% e 62,4%, respectivamente, a R$ 2 bilhões e R$ 749,3 milhões, no período acumulado dos três primeiros trimestres de 2021. 

Em relatório, a Genial Investimentos comenta que, pelo fato de o mercado de locação de caminhões e máquinas no Brasil ainda ser pouco conhecido, abre-se uma grande oportunidade, já que os players que iniciam esse serviço – e ganham tamanho – levam vantagem por ser um negócio de escala e de capital intensivo, criando uma barreira de entrada para novos competidores.  

“A Vamos apresenta essa característica por ser a maior empresa do seu segmento no país. Acreditamos que ela deva ser a empresa responsável pelo desenvolvimento de um setor com grande horizonte de crescimento”, ressaltam os analistas Eduardo Nishio e Romulo Mandarino. 

Em entrevista à Agência TradeMap, Alexandre Kogake, analista da Eleven Financial, afirma que o bom desempenho das ações da Vamos ocorre pela empresa não estar tão sujeita às condições macroeconômicas, já que não depende de um segmento específico para alugar seus veículos e máquinas.

“O investimento contratado, que é uma métrica para ver o crescimento futuro da companhia, foi de R$ 1,3 bilhão em 2020. Já neste ano, cada trimestre atingiu quase R$ 1 bilhão, ou seja, crescimento puro na veia”, ressalta.

Bom humor permanecerá? 

Outro ponto destacado pela equipe da XP Investimentos, formada pelos analistas Pedro Bruno, Lucas Laghi e Gabriele Ferrante, é o modelo de negócio resiliente da empresa devido ao perfil de contratos de longo prazo, o que reitera a visão positiva da corretora sobre a Vamos, com recomendação de compra para os ativos, a um preço-alvo de R$ 19 para dezembro de 2022 – um potencial de valorização de 70% frente ao fechamento de sexta-feira, 3, de R$ 11,12. 

“Depois de incluir resultados continuamente fortes do terceiro trimestre de 2021 em nosso modelo, estamos mais uma vez aumentando as estimativas para o médio e longo prazo. Estimamos uma frota final de período de 23 a 32 mil ativos [caminhões e máquinas] em 2021 e 2022, alta de 8% em relação à nossa previsão anterior, e Ebitda com crescimento entre 9 e 11% para 2022 a 2023. Acreditamos que esse forte impulso de ganhos indica a resiliência da Vamos ao atual cenário macro desafiador”, comentam os analistas. 

Genial também recomenda compra das ações da Vamos, com preço-alvo de R$ 18,50, assim como a Eleven, que acredita em um preço por papel de R$ 20 para os próximos 12 meses. 

Por sua vez, o consenso da Refinitiv aponta que nove casas de análises recomendam compra dos papéis VAMO3. Quanto ao preço-alvo, a mediana é de R$ 19, assim como a estimativa da XP.

E as outras companhias? 

Em relação ao desempenho positivo das ações da Intelbras, os analistas Carlos Siqueira e Osni Carfi, do BTG Pactual, apontam que a empresa tem apresentado bons números. No terceiro trimestre, por exemplo, os resultados foram sólidos na unidade de segurança, que correspondeu a 54% da receita total no período, com crescimento de 26% na base anual. 

Eles também destacam que, mesmo com grande deterioração nos custos logísticos para importar da China, falta de suprimentos e câmbio volátil, a Intelbras reportou resultados resilientes entre julho e setembro.  

Em razão disso, o banco reitera a compra dos ativos INTB3 com preço-alvo de R$ 28, um upside de 8,14%. 

As demais companhias com valorização (Vittia Fertilizantes, Boa Safra, GPS, Jalles Machado, CBA e BR Partners) apresentam, em comum, resultados fortes no acumulado de 2021, com exceção da Orizon Resíduos, que acumula perdas em relação aos nove primeiros meses de 2020. Confira:

Resultado acumulado dos três primeiros trimestres de 2021

 

Lucro líquido 

Var. anual (%) 

Receita líquida 

Var. anual (%) 

Ebitda 

Var. anual (%) 

VITT3 

R$ 64,9 mi 

+31,2% 

R$ 507 mi 

+52,9% 

R$ 100 mi 

+43,7% 

SOJA3 

R$ 96,9 mi 

+207% 

R$ 641 mi 

+80% 

R$ 107 mi 

+77,1% 

ARML3* 

R$ 32,2 mi 

 

R$ 222,7 mi 

 

R$ 118,5 mi 

 

GGPS3 

R$ 257 mi 

+45% 

R$ 4,6 bi 

+35% 

R$ 493 mi 

+31% 

JALL3 

R$ 99,3 mi 

+31,7% 

R$ 767 

+11% 

R$ 622,2 mi 

+1,1% 

CBAV3 

R$ 223 mi 

+158% 

R$ 6 bi 

+56% 

R$ 1,03 bi 

+110% 

ORVR3 

(R$ 40,4 mi) 

-335,7% 

R$ 280,1 mi 

-3% 

R$ 56,5 

-46,2% 

BRBI11 

R$ 107,7 mi 

+62,9% 

R$ 252 mi 

+55,4% 

 

 

Fonte: Empresas e TradeMap 
*Não há dados públicos referentes aos nove primeiros meses de 2020 para efeito de comparação 

Embora a Orizon acumule números negativos ao longo de 2021, em decorrência principalmente de eventos não recorrentes – como a receita de créditos de carbono gerados no terceiro trimestre a um preço de US$ 2,85 por tonelada de dióxido de carbono equivalente (tCO2e) –, a XP enxerga potencial na empresa após a aquisição anunciada em novembro dos ativos da Estre, que incluem sete aterros. Por isso, a corretora recomenda compra para os ativos, com preço-alvo de 12 meses a R$ 30. 

Já no consenso da Refinitiv, a Agência TradeMap levantou que todas as empresas com performance positiva contam com recomendação de compra (exceto para os papéis da Vittia, que não possuem cobertura). Veja:

Consenso da Refinitiv

 

Comprar 

Vender 

Manter 

Preço-alvo 

(mediana) 

INTB3 

5 

 

 

R$ 31 

SOJA3 

2 

 

 

R$ 18,50 

ARML3 

4 

 

 

R$ 30 

GGPS3 

7 

 

 

R$ 23 

JALL3 

5 

 

1 

R$ 15,50 

CBAV3 

6 

 

 

R$ 18,50 

ORVR3 

2 

 

 

R$ 30 

BRBI11 

3 

 

 

R$ 29 

Fonte: Refinitiv (com base no dia 3 de dezembro de 2021) 

E quem cai, cai por quê?

Seguindo a tendência do mercado, a grande maioria dos IPOs cai desde a data de estreia na B3. Para a analista Peres, algumas empresas vieram com um preço muito esticado e com múltiplos altos, o que tem contribuído para a queda generalizada. “Além disso, o cenário macroeconômico não está favorável para o desempenho no mercado acionário como um todo”, ressalta. 

Por causa disso, muitas empresas desistiram ou adiaram suas ofertas na B3, como é o caso da CSN Cimentos, subsidiária da gigante siderúrgica CSN. 

Confira a lista completa de IPOs de 2021 e suas respectivas performances na bolsa brasileira:

Ativo 

Data 

Volume do IPO 

Preço inicial 

Performance 

Performance x Ibovespa 

HBRE3 

26/01 

R$ 730 mi 

R$ 19,10 

-48,95% 

-39,29% 

VAMO3 

29/01 

R$ 890 mi 

R$ 26 

+80,74% 

+89,30% 

ESPA3 

01/02 

R$ 2,1 bi 

R$ 17,90  

-52,51% 

-42,04% 

INTB3 

04/02 

R$ 1,2 bi 

R$ 15,75 

+64,38% 

+76,16% 

MOSI3 

05/02 

R$ 1,08 bi 

R$ 19,80 

-53,23% 

-40,73% 

MBLY3 

05/02 

R$ 811 mi 

R$ 21 

-76,81% 

-64,31% 

POWE3 

08/02 

R$ 772 mi 

R$ 18,02 

-43,17% 

-31,07% 

JALL3 

08/02 

R$ 641 mi 

R$ 8,30 

+9,52% 

+21,62% 

BMOB3 

10/02 

R$ 1,09 bi 

R$ 22 

-37,91% 

-26,74% 

WEST3 

11/02 

R$ 799 mi 

R$ 13 

-72,46% 

-60,65% 

CSED3 

11/02 

R$ 1,3 bi 

R$ 14 

-51,36% 

-39,55% 

OPCT3 

12/02 

R$ 1,12 bi 

R$ 11,15 

-76,95% 

-65,05% 

ORVR3 

17/02 

R$ 477 mi 

R$ 22 

+4,50% 

+17,08% 

ELMD3 

17/02 

R$ 868 mi 

R$ 17,81 

-42,95% 

-30,37% 

CMIN3 

18/02 

R$ 5,3 bi 

R$ 8,50 

-28% 

-16,27% 

ALLD3 

12/04 

R$ 188 mi 

R$ 18 

-14% 

-2,55% 

MATD3 

16/04 

R$ 1,9 bi 

R$ 17,44 

-11,18% 

+1,95% 

BLAU3 

19/04 

R$ 1,8 bi 

R$ 40,14 

-9,62% 

+3,38% 

GGPS3 

26/04 

R$ 2,5 bi 

R$ 12 

+30,33% 

+43,09% 

SOJA3 

29/04 

R$ 454 mi 

R$ 9,90 

+40,20% 

+52,57% 

CXSE3 

29/04 

R$ 4,3 bi 

R$ 9,67 

-7,03% 

+4,10% 

MODL11 

30/04 

R$ 1,06 bi 

R$ 20 

-47,5% 

-37,9% 

IFCM3 

04/05 

R$ 870 mi 

R$ 16 

-7,37% 

+3,24% 

RECV3 

05/05 

R$ 1,2 bi 

R$ 14,75 

-4,68% 

+7,33% 

NINJ3 

17/05 

R$ 703 mi 

R$ 20 

-78,80% 

-64,38% 

DOTZ3 

31/05 

R$ 390 mi 

R$ 13,20 

-75,30% 

-58,66% 

BRBI11 

21/06 

R$ 364 mi 

R$ 16 

+3,75% 

+23,77% 

TTEN3 

12/07 

R$ 1,3 bi 

R$ 12,25 

-40,41% 

-22,87% 

SMTF3 

14/07 

R$ 2,3 bi 

R$ 23 

-20,09% 

-2,02% 

CBAV3 

15/07 

R$ 1,4 bi 

R$ 11,20 

+5,45% 

+22,91% 

DESK3 

21/07 

R$ 715 mi 

R$ 23,50 

-29,79% 

-13,34% 

MLAS3 

22/07 

R$ 1,9 bi 

R$ 11,10 

-35,68% 

-19,08% 

AGXY3 

26/07 

R$ 349 mi 

R$ 13,75 

-31,64% 

-15,14% 

LVTC3 

26/07 

R$ 450 mi 

R$ 23,20 

-31,42% 

-14,92% 

FIQE3 

27/07 

R$ 818 mi 

R$ 8,60 

-22,21% 

-6,64% 

ARML3 

28/07 

R$ 1,02 bi 

R$ 16,63 

+32,05% 

+48,74% 

TRAD3 

28/07 

R$ 562 mi 

R$ 9,50 

-25,37% 

-8,68% 

BRIT3 

29/07 

R$ 1,3 bi 

R$ 13,92 

-61,06% 

-44,78% 

CLSA3 

30/07 

R$1,3 bi 

R$ 25 

-62% 

-48,38% 

RAIZ4 

05/08 

R$ 6,9 bi 

R$ 7,40 

-22,16% 

-8,66% 

VVEO3 

09/08 

R$ 699 mi 

R$ 19,92 

-6,22% 

+8,25% 

ONCO3 

10/08 

R$ 3,5 bi 

R$ 19,95 

-52,81% 

-38,91% 

KRSA3 

13/08 

R$ 769 mi 

R$ 7,20 

-34,86% 

-21,67% 

VITT3 

02/09 

R$ 359 mi 

R$ 8,60 

+46,40% 

+56,22% 

Fonte: TradeMap (com base na cotação do dia 3 de dezembro de 2021) 

→ Confira mais detalhes sobre as ofertas na Lâmina de IPOs do TradeMap. Basta acessar o portal, clicar em “ações” e, depois, na aba “IPOs” na parte superior 

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