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Inflação dos EUA acelera e faz mercado pisar no freio por receio de juros mais altos à frente

Cenário reforça chance de Federal Reserve ser mais agressivo com os juros em 2022

Foto: Shutterstock

Os mercados já estavam tensos com a possibilidade de a alta de juros nos Estados Unidos provocar uma recessão no país, mas a situação piorou depois de dados mostrarem que a inflação americana continua acelerando, em vez de bater no teto.

O CPI (índice de preços ao consumidor dos EUA) teve alta mensal de 1% em maio, bem maior que a de 0,3% observada em abril. A maior parte dos analistas esperava uma alta menor, de 0,7%.

O núcleo do indicador, que exclui preços mais voláteis (energia e alimentos), avançou 0,6%, contra uma expectativa de 0,5%. Em 12 meses, o CPI apresenta alta de 8,6%.

Este fortalecimento da inflação elevou as chances de o Federal Reserve, o banco central do país, adotar um remédio mais amargo e prolongado para conter a inflação, o que teve impacto direto nos mercados.

Logo na abertura das bolsas americanas, o índice Dow Jones caía 1,68%, o S&P 500 recuava 1,85% e o Nasdaq estava em queda de 2,12%. Por volta das 11h35, as quedas haviam acelerado levemente, com os índices caindo de 2,20% a 3,00%.

O clima negativo também afetou outros mercados. O Euro Stoxx 50, índice que reúne as 50 principais ações da zona do euro, caía 3,29%, enquanto o Ibovespa, principal índice da Bolsa brasileira, recuava 1,63%, e o dólar subia 1,87%, a R$ 5,02.

“A inflação nos Estados Unidos preocupa porque isso atinge diretamente a política monetária do Federal Reserve. Ao longo da semana a Janet Yellen [secretária de Tesouro dos EUA] já havia avisado que possivelmente o CPI viria forte”, aponta Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus. “E o dado veio até mais forte do que o mercado esperava, o que aumentou a busca por segurança”.

Para Claudia Rodrigues, economista do C6 Bank, os números do CPI mostram um aumento generalizado de preços, refletindo uma economia bastante aquecida nos EUA.

“A alta não é reflexo apenas da desestruturação das cadeias produtivas, da falta de chips, da guerra da Ucrânia ou volta da Covid na China. Esses fatores são a cereja do bolo, mas a disseminação da inflação é resultado dos elevados estímulos que foram dados para a economia após a pandemia de coronavírus”, aponta.

Saiba mais: 
Inflação nos EUA acelera e sobe 1% em maio, acima do esperado

Os investidores estão preocupados com a possibilidade de que as pressões inflacionárias levem o Federal Reserve, o banco central americano, a realizar uma alta de juros demasiadamente  agressiva, o que poderia levar a economia americana a uma recessão no futuro.

A ata da última reunião do Fomc, colegiado do Fed, confirmou a inclinação dos membros do comitê em manter o ritmo de alta de 0,50 ponto nos juros nas próximas dias reuniões. Parte do mercado vinha acreditando que a autoridade monetária dos EUA poderia interromper o ciclo em setembro, possibilidade que diminuiu agora.

“Se você abrir o dado do CPI, vai ver que é o setor de energia que está pressionando. E tende a continuar pressionado, com o petróleo em alta”, diz Laatus. “O Fed não vai ter como amenizar a curva de juros. Uma possível parada em setembro, que alguns cogitaram, é zero possibilidade. Vai ter que seguir com o ciclo de alta até o final do ano.”

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Pior ainda por vir?

Em relatório, o banco Wells Fargo avaliou que o pior das pressões inflacionárias ainda está a caminho, o que deve forçar o Federal Reserve a ser mais agressivo com os juros.

“Até a inflação estar de fato em tendência de queda, esperamos que o Fomc [comitê de política monetária do Fed] lute de volta com uma política monetária mais restritiva. Outra alta de 50 pontos-base é uma certeza na próxima reunião do Fomc e mais dois aumentos de 50 pontos-base são altamente prováveis nas reuniões de julho e setembro”.

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