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Inadimplência faz Inter (BIDI11) pisar no freio em cartão de crédito e carteira perderá ritmo

No banco, o cartão de crédito foi o produto que mais viu a inadimplência crescer no primeiro trimestre

Foto: Shutterstock

O Inter, um dos principais bancos digitais do país, decidiu desacelerar a emissão de cartões de crédito para novos clientes, após ter visto a inadimplência subir nos últimos meses, um fenômeno que tem afetado todo o setor financeiro e ocorre em meio ao aumento dos juros básicos no Brasil.

A decisão foi explicada nesta terça-feira (17) pelo CEO do Inter, João Vitor Menin, durante teleconferência com analistas para comentar os resultados do banco no primeiro trimestre, divulgados na noite de segunda (16).

Menin lembrou que, no Inter, os cartões de crédito tiveram um crescimento “bem maior” que o de outros produtos no ano passado, mas que, em 2022, com o avanço dos atrasos nos pagamentos, a intenção é ter mais equilíbrio. “Estamos buscando o fortalecimento do nosso portfólio [de crédito], com resiliência e diversificação”, disse.

Ao longo de 2021, a participação dos cartões de crédito na carteira de crédito total saltou de 20,5% para 26%, o maior avanço, em pontos percentuais, entre todos os produtos. Os outros que também cresceram foram o crédito rural, de 2% para 4%, e o consignado, de 17,2% para 18,9%. Já o crédito imobiliário caiu de 38,5% para 29,4%, enquanto o de empresas foi reduzido ligeiramente de 21,8% para 21,6%.

No primeiro trimestre deste ano, a carteira de crédito para cartões foi a que mais cresceu, com avanço de 126%, para R$ 5,4 bilhões, enquanto a carteira total teve expansão de 81%, para R$ 19,8 bilhões.

Por outro lado, o cartão de crédito foi, no primeiro trimestre, o produto que mais viu a inadimplência avançar em relação aos primeiros três meses do ano passado, de 4,3% para 6,6% — aumento superior ao crescimento visto na inadimplência geral do banco, que saiu de 2,6% para 3,3%.

Menin ressaltou que o avanço da emissão de cartões de crédito foi importante para atração de novos clientes, mas, no momento, a intenção da instituição é expandir os cartões para a base já existentes e elevar o crédito para outros tipos de produtos, como o de pequenas empresas e o do setor rural.

“Devemos ter mais ou menos a mesma fragmentação do portfólio de crédito, para manter o equilíbrio”, afirmou o executivo. Ele espera que a carteira como um todo cresça em torno de 50% em neste ano, o que seria uma desaceleração em relação a 2021, que experimentou expansão de 97%.

Apesar do aumento da inadimplência, a direção do Inter se mostrou confiante, na teleconferência, em relação à qualidade do crédito concedido pelo banco. Menin ressaltou que 73% da carteira total da instituição conta com garantias, como o consignado e o imobiliário.

O vice-presidente da instituição, Alexandre Riccio de Oliveira, de tecnologia, operações e finanças, disse que o Inter deve enfrentar uma deterioração menor que a dos bancos de varejo. “Nossos índices de cobertura são saudáveis e estamos prontos para navegar nos próximos trimestres.”

Os próximos trimestres, contudo, vão depender do cenário macroeconômico. Em pouco mais de um ano, a Selic saltou de 2% para 12,75% e deve continuar subindo, enquanto a inflação em 12 meses está acima de 10% há oito meses e tem surpreendido os analistas a cada mês.

Inter Shop

Um dos destaques positivos do Inter no primeiro trimestre foi o resultado do seu marketplace, o Inter Shop. A plataforma viu a receita mais do que dobrar no primeiro trimestre, para R$ 101 milhões, alta de 135% em relação aos primeiros três meses do ano passado.

Além disso, o banco conseguiu elevar o take-rate, a comissão que o banco recebe nas vendas de parceiros. A taxa saltou de 6,1%, no primeiro trimestre do ano passado, para 9,6%, no primeiro trimestre deste ano. O take-rate líquido, que exclui da conta os pagamentos que o banco faz em cashback para os clientes, subiu de 1,1% para 3%.

Ao explicar o avanço da taxa, Menin lembrou que, antes, o Inter “implorava” para as varejistas venderem no marketplace, mas que, agora, há uma procura das empresas, o que permite uma cobrança maior do take-rate. Além disso, a empresa tem desembolsado menos recursos para pagar cashback, porque os clientes estão usando mais o dinheiro para fazer novas compras, o que gera um take-rate líquido melhor.

“Temos uma tendência positiva para o take-rate líquido e podemos focar, ao longo do tempo, em um take-rate líquido de 4%”, afirmou o executivo.

No primeiro trimestre, o Inter teve lucro líquido de R$ 27,4 milhões, alta de 31,8% em relação ao primeiro trimestre do ano passado. Por volta das 13h, as units do Inter (BIDI11) tinham valorização de 1,30%, a R$ 15,63.

 

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