Ibovespa sobe puxado por Americanas (AMER3) e outras ações do varejo, que reagem a juros menores

Após uma semana de mais de 4% em perdas, o Ibovespa volta a subir nesta segunda-feira (19), com o mercado corrigindo parte do movimento recente e de olho nos acontecimentos em Brasília.

Na ponta positiva, Americanas (AMER3) liderava os ganhos entre os componentes do principal índice da B3, com alta de 8,484%, seguida por Méliuz (CASH3), que subia 5%, CVC (CVCB3), que avançava 6,56%, e Via (VIIA3), que se valorizava 6,81%.

No mesmo sentido, o Ibovespa ganhava 1,23% às 13h20, operando aos 104.122 pontos.

O avanço das empresas que lideram as altas do índice é explicado, na visão de João Abdouni, analista da INV, pela redução nas taxas de juros futuros.

O mercado terminou a semana passada prevendo que os juros no Brasil poderiam subir ou manter os níveis atuais pelo menos até 2026, o que não condiz com as previsões de especialistas consultados pelo Banco Central, que esperam redução da taxa a partir do ano que vem.

A alta recente nas taxas reflete por um lado um ajuste nas previsões do mercado sobre a trajetória de juros nos EUA, onde as taxas devem ficar altas por mais tempo, e por outro a percepção do mercado de que há risco de um aumento significativo nas despesas públicas, o que poderia fortalecer a inflação e justificar a manutenção dos juros em níveis elevados.

Hoje, porém, o mercado desfez parte dessa alta nas taxas e ajudou as ações de companhias que dependem do crédito e das condições da economia para apresentarem bons resultados.

Segundo dados retirados da plataforma do TradeMap, as taxas de juros dos contratos de DI com vencimentos em janeiro de 2024, de 2026 e de 2028 recuavam 0,6 ponto percentual, 0,14 p.p. e 0,13 p.p., respectivamente. Agora esses contratos estão avaliados a 13,92%, 13,59% e 13,45%.

Ademais, dentre as maiores altas, Magalu (MGLU3) ganhava 7,60%, BTG Pactual (BPAC11) subia 5,74% e B3 (B3SA3) apontava em 5,19% para cima.

Olhos em Brasília

O mercado segue de olho na capital nacional, e acompanha os próximos passos da PEC da Transição, que ainda precisa ser ratificada pela Câmara dos Deputados – o que deve acontecer a partir de amanhã.

O texto tinha como objetivo principal garantir o pagamento do Bolsa Família de R$ 600 no ano que vem. Para isso, prevê o aumento no teto de gastos de 2023.

Na noite de domingo, porém, o ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Gilmar Mendes determinou que as despesas com o Bolsa Família podem ser retiradas da regra do teto de gastos sem a necessidade da PEC – o que fortaleceu a mão do governo eleito nas negociações com o Congresso.

Além disso, Mendes decidiu que seja mantido o valor de R$ 600 e autorizou o uso suplementar de crédito extraordinário, caso seja necessário. 

Mineradoras e siderúrgicas recuam

Notícias negativas vindas da China acabaram pressionando as bolsas do gigante asiático, o que acabou interferindo na cotação do preço do minério de ferro no mercado internacional e derruba empresas mineradoras e siderúrgicas na Bolsa brasileira.

No país, o índice de Hang Seng encerrou o pregão da manhã em uma baixa de 0,5%, à medida que o volume de casos da Covid-19 segue colocando em risco o ritmo de reabertura proposto no país.

Como consequência, o minério de ferro negociado na bolsa de Dalian, também na China, teve baixa de 3,70%, sendo cotado a US$ 113,85 por tonelada. 

Essa baixa na commodity pressiona as mineradoras da Bolsa brasileira, e a ação da Vale (VALE3) recuava 0,45% e a CSN Mineração (CMIN3) perdia 1%. Já as siderúrgicas sofrem com essa perspectiva de que uma reabertura menor do que o esperado pode prejudicar exportações de aço para o país.

Usiminas (USIM5) recuava 6,40%, Gerdau (GGBR4) caía 1,49% e CSN (CSNA3) apontava em 2% para baixo.

Ademais, dentre as principais baixas, a ação da Natura (NTCO3) recuava 1,41% após informar que sua subsidiária Avon foi considerada culpada em processo nos Estados Unidos, no qual dois consumidores entraram com ação contra a companhia alegando danos pessoais.

Após duas fases de julgamento, o júri declarou alguns réus culpados, num processo que possui 30 corréus, entre eles a Avon, condenando a empresa ao pagamento indenizatório de US$ 36 milhões e US$ 10,3 milhões em “danos punitivos”.

Bolsas internacionais sobem

Os mercados globais também operam em direções distintas nesta segunda, tentando uma recuperação após duas semanas de perdas provocadas por uma preocupação com o impacto dos contínuos apertos monetários nas economias globais.

Na Europa, o vice-presidente do Banco Central Europeu, Luis de Guindos, declarou mais cedo que novas altas de juros serão necessárias para trazer a inflação de volta para a meta de 2%.   

Veja a performance dos principais índices europeus e americanos nesta segunda: