Ibovespa sobe 0,53% em dia marcado por aprovação da PEC; IRB (IRBR3) dispara após lucro em outubro

Texto que tira R$ 168 bilhões do teto de gastos segue em debate na Câmara após aprovação em primeiro turno

Foto: Shutterstock/NicoElNino

O Ibovespa voltou a fechar no campo positivo nesta quarta-feira (21), apesar de mostrar perda de fôlego após dois pregões seguidos de altas robustas. O mercado apresentou um viés de correção com os investidores digerindo aprovação da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) da Transição e novos nomes para o quadro econômico do futuro governo.

Nesta tarde, os deputados aprovaram a PEC, que abre espaço para despesas de R$ 168 bilhões fora do teto de gastos. No segundo turno, o texto-base foi aprovado por 331 votos a favor e 163 contra. O prazo de dois anos chancelado pelo Senado foi restringido para um ano.

Entre outros pontos, a PEC libera a ampliação de R$ 600 para o Bolsa Família, além de R$ 150 extras para cada criança até seis anos de idade.

Agora, o texto da PEC será encaminhado para nova apreciação dos senadores.

Fernando Haddad, que vai assumir o Ministério da Fazenda a partir de janeiro, afirmou que a aprovação da PEC da Transição abre espaço para se trabalhar com uma nova regra fiscal para o ano que vem.

“A aprovação só acelera o ritmo (do projeto). Quanto antes se encaminhar, mais tempo o Congresso terá para se debruçar sobre o assunto. Chegaremos em dezembro com um novo arcabouço que pode durar 5, 10 anos, como é a Lei de Responsabilidade Fiscal (LRF)”, afirmou a jornalista após a votação na Câmara.

Com isso, o principal índice da Bolsa brasileira encerrou o pregão com alta de 0,53%, aos 107.433 pontos, segundo dados disponíveis na plataforma TradeMap.

O desempenho fez o Ibovespa recuar a queda em dezembro para 4,49%, enquanto no acumulado do ano a alta é de 2,49%.

Novidades na equipe econômica

Além da aprovação da PEC, o mercado acompanhou o anúncio de novos nomes da futura equipe econômica. Matéria do jornal Valor Econômico afirmou André Lara Resende foi convidado para o Ministério do Planejamento, que será recriado após o desmembramento da atual pasta da Economia.

O economista faz parte da equipe de transição do governo e é considerado um dos “pais do plano real”. Lara Resende foi presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) durante o governo de Fernando Henrique Cardoso.

O nome do economista pode enfrentar resistência do mercado financeiro pela sua linha menos ortodoxa do que o esperado, além do seu histórico de ser mais flexível com a política fiscal.

Mais cedo, Aloizio Mercadante, futuro presidente do BNDES (Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social) apresentou parte da equipe de auxiliares.

Em almoço com empresários, o petista apresentou os nomes de José Luis Gordon, como presidente da Empresa Brasileira de Pesquisa e Inovação Industrial (Embrapii), Natalia Dias, CEO do Standard Bank Brasil, Luciana Costa, presidente no Brasil do banco de investimentos francês Natixis, e o ex-ministro da CGU (Controladoria Geral da União) Luiz Navarro.

O grupo deve se unir a Alexandre Abreu, ex-CEO do Original, que já via sido apresentado na véspera como diretor do BNDES.

IRB dispara e puxa altas do dia

Os papéis do ressegurador IRB Brasil (IRBR3) lideraram com folga o pregão desta quarta-feira, com valorização de 24,69%. O desempenho veio na esteira da divulgação de um lucro líquido de R$ 6,4 milhões em outubro, revertendo o prejuízo de R$ 84,8 milhões na comparação com o mesmo período de 2021. Esse foi o primeiro mês do ano em que a empresa teve um resultado líquido positivo.

De janeiro a outubro, o prejuízo líquido acumulado do IRB já soma R$ 585,2 milhões. Neste mesmo intervalo, em 2021, o montante havia sido menor, de R$ 396,6 milhões. As perdas acumuladas em 2022, portanto, estão 47,5% maiores.

Em outubro de 2022, os prêmios emitidos pelo IRB (indicador que mostra o quanto os clientes pagaram em resseguros, o que seria o equivalente ao faturamento da empresa no mês) totalizaram R$ 541,8 milhões, resultado ligeiramente abaixo do que foi anotado no mesmo período do ano anterior, de R$ 543,2 milhões.

A ponta de cima ainda foi composta pela SulAmérica (SULA11), que valorizou 6,38%, Hapvida (HAPV3), que ganhou 4,49%, Rede D’or (RDOR3), que subiu 4,48% e Totvs (TOTS3), fechando com alta de 3,99%.

SulAmérica e Rede D’or publicaram na noite de ontem um fato relevante que informa que ambas autorizaram a consumação da operação entre as duas, incluindo a emissão de novas ações pelo grupo hospitalar vertical do Brasil.

No início da semana, a ANS (Agência Nacional de Saúde Suplementar) já havia aprovado o negócio com algumas restrições.

Na visão da XP, o resultado da operação foi positivo, dado que as restrições impostas pela ANS foram menores do que o mercado esperava, já que a Rede D’Or tem 28,98% da Qualicorp.

Correção na ponta de baixo

O grupo de quedas do Ibovespa foi predominado por empresas que tiveram fortes altas nos últimos dias com a percepção de juros futuros mais baixos.

A ponta foi puxada pela Magazine Luiza (MGLU3), que caiu 7,45%. Alpargatas (ALPA4), MRV (MRVE3) e Minerva (BEEF3) recuaram 3,70%, 3,08% e 2,31%, respectivamente.

“Esta reação positiva da véspera se deu pela expectativa de minimizar os riscos fiscais que a extrapolação do teto por dois anos poderia gerar para o país. Isto porque os riscos inflacionários serão menores e, com isso, é aberto espaço para que a taxa básica de juros caia”, afirmou Elcio Cardozo, sócio da Matriz Capital.

Mercado internacional e criptos

No exterior, as Bolsas americanas e europeias também tiveram um dia de ganhos após pregões mais fracos.

Em Wall Street, o Dow Jones subiu 1,60%, enquanto S&P500 valorizou 1,49% e Nasdaq, 1,54%. Na Europa, o Euro Stoxx 50 fechou com avanço de 1,79%.

No mercado de criptos, apesar das altas nos mercados globais, os ativos tiveram novo dia de queda, com o Bitcoin (BTC) perdendo o suporte dos US$ 17 mil.

Por volta das 17h20, a maior cripto do mercado registrava queda de 0,75% em relação as últimas 24 horas, negociada a US$ 16.881, de acordo com a plataforma TradeMap. Na mesma hora, o Ethereum (ETH) perdia 0,55%, a US$ 1.218.

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