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Ibovespa desacelera, mas engata terceira alta seguida com fluxo estrangeiro

Índice fechou com avanço de 1,19%, aos 112.612 pontos

Foto: Pixabay

Apesar de desacelerar ao longo da tarde, deixando para trás os 113 mil pontos que tocou durante o dia com uma virada de direção em Nova York, o Ibovespa se manteve em território positivo e engatou a terceira alta seguida, sustentado pelo forte fluxo de capital estrangeiro.

No fechamento, o principal índice da Bolsa de valores brasileira registrou avanço de 1,19%, aos 112.612 pontos, com R$ 28,38 bilhões em volume negociado. No ano até aqui, o saldo é de alta de 7,43%.

O movimento positivo de investidores estrangeiros vem ocorrendo desde o início do ano, tanto em compra de papéis negociados na bolsa quanto investimentos em fundos e títulos de renda fixa. Esse movimento acontece após três anos de retiradas sequenciais.

Para André Rolha, líder de renda fixa de head de produtos de câmbio da Venice Investimentos, isso ocorre porque vários papéis negociados no Brasil ficaram baratos. “Enxergamos que o mercado global, mesmo com o aperto monetário pelo banco central americano, está com apetite para ações com alto risco buscando ativos baratos. Com isso, o Brasil começou a entrar no portfólio desses investidores”, comenta.

A inversão dos índices em Nova York ao longo da tarde, porém, freou a alta do Ibovespa. Lá fora, o S&P 500 teve baixa de 0,56%, o Nasdaq caiu 1,4%, e o Dow Jones perdeu 0,02%. Na europa, o índice Euro Stoxx 50 registrou avanço de 0,49%.

A alta também foi limitada pelo recuo das ações da Petrobras (PETR4), reflexo da desaceleração dos preços do petróleo. Depois de ultrapassarem US$ 90 ontem com a tensão envolvendo Rússia e Ucrânia, os preços do Brent fecharam em queda de 0,23% hoje, a US$ 87,15, juntando-se ao derretimento dos ativos nos mercados internacionais. As ações da estatal tiveram leve alta de 0,03%.

O minério de ferro, por sua vez, continuou a avançar, diante dos temores de falta de mão de obra para algumas mineradoras com a disseminação da variante Ômicron. A Vale (VALE3) fechou em alta de 0,23%.

Powell cria piora de cenário

A desaceleração nos Estados Unidos vem depois de, no final da tarde de ontem, o presidente do Federal Reserve (Fed, o banco central dos EUA), Jerome Powell, ter dito, após a decisão de política monetária do banco, que houve piora na inflação americana, que deve se estender por mais tempo. Assim, a expectativa do mercado, que antes era de quatro altas na taxa de juros em 2022, passou a ser de cinco elevações.

O Produto Interno Bruto (PIB) dos EUA subiu 6,9% no quarto trimestre em relação ao mesmo período do ano passado. O dado superou as projeções de economistas ouvidos pela Reuters, que esperavam avanço de 5,5%. Em 2021, o PIB do país teve expansão de 5,7%, depois de contração de 3,4% em 2020.

Os pedidos de auxílio-desemprego, por sua vez, ficaram em 260 mil na semana encerrada em 22 de janeiro, em linha com as expectativas.

Em dados domésticos, o Índice de Confiança da Indústria caiu 1,7 ponto em janeiro ante dezembro, a 98,4 pontos. Foi a sexta queda consecutiva do indicador, que agora está no menor nível desde julho de 2020. Os dados foram divulgados nesta quinta-feira pela Fundação Getúlio Vargas.

O resultado do mês foi influenciado pela piora tanto das avaliações sobre a situação atual quanto das perspectivas para os próximos meses.

“O setor industrial inicia 2022 com queda disseminada da confiança entre os segmentos, pesando sobre esse resultado as incertezas em decorrência do aumento nos casos de Covid-19 que tem levado a reduções no quadro de funcionários e a ampliação das restrições por países que sentiram o recrudescimento da pandemia”, disse Claudia Perdigão, economista do Instituto Brasileiro de Economia da FGV.

Em outra frente, diante do impasse em torno do preço dos combustíveis, os governadores decidiram prorrogar o congelamento do ICMS sobre o produto por mais 60 dias. O presidente Jair Bolsonaro segue acenando para a possibilidade de redução de impostos federais sobre os combustíveis, mas sem dar detalhes.

Na seara eleitoral, uma nova edição da pesquisa da Ipespe, encomendada pela XP, mostra que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e Bolsonaro mantiveram os percentuais de intenção de voto. No cenário de primeiro turno, Lula tem 44% das intenções, contra 24% de Bolsonaro. Em um eventual segundo turno, Lula teria 54% dos votos e Bolsonaro, 30%.

Destaques do pregão

No fechamento, as maiores altas do Ibovespa eram de Magazine Luiza (MGLU3), Banco Inter (BIDI11) e Via (VIIA3), que tiveram avanços de 6,96%, 6,28% e 6,21%, respectivamente. Na ponta oposta, NotreDame Intermédica (GNDI3), Hapvida (HAPV3) e Natura (NTCO3) tinham as maiores baixas, com quedas de 4,70%, 3,43% e 3,24%.

O Banco Inter fechou em alta depois de uma das maiores gestoras do mundo, a BlackRock, anunciar que aumentou sua participação no banco mineiro. Agora, a gestora passou a deter 5,05% da companhia, uma demonstração de confiança no negócio da fintech, que tem passado por semanas consecutivas de volatilidade e de queda nos preços.

A alta nas ações da Via, por sua vez, pareceu ignorar o corte na nota de crédito da empresa pela agência de classificação de risco S&P Global Ratings, de brAA para brAA-, com perspectiva negativa. Como justificativa, a agência cita as dificuldades da companhia em reduzir seu endividamento nos próximos trimestres, em um cenário de deterioração macroeconômica e alta dos juros.

Em termos setoriais, as empresas de energia elétrica subiram em bloco, seguindo o aval da Aneel para a produção de 541,38 MW de geração eólica e solar fotovoltaica. Copel (CPLE6) e Cemig (CMIG3) se destacaram, com ganhos de 2,04% e 2,25%, respectivamente.

A forte queda das ações de saúde, por outro lado, seguem o leilão de 18 milhões de ações por parte de um acionista da NotreDame Intermédica.

Fora do Ibovespa, a Arezzo (ARZZ3) fechou em forte baixa de 2,74% depois de anunciar uma oferta subsequente de ações (follow-on) que pode levantar até R$ 830 milhões. O grupo quer aproveitar o bom momento do mercado brasileiro após a forte pressão sofrida pelo varejo.

A oferta subsequente – a primeira desde o IPO em 2011 – vem para solidificar o viés inorgânico da Arezzo. Entre as destinações citadas estão fusões e aquisições, investimentos em tecnologia, centro de distribuição, abertura de lojas e abastecimento das marcas.

Depois de especulação do jornal Valor Econômico, no entanto, a empresa negou estar em negociações com redes varejistas como Grupo Soma (SOMA3), Lojas Renner (LREN3) e Centauro (SBFG3).

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