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Desvalorização do minério de ferro pressiona e Ibovespa fecha em queda de 1,55%

Bolsa brasileira acompanha mercados globais e volta a fechar no vermelho com risco fiscal e juros no radar dos investidores

Foto: Shutterstock

Pressionado pelos papéis ligados ao minério de ferro, o Ibovespa acompanhou o clima negativo que derrubou os mercados globais nesta quarta-feira (8) e voltou a fechar no vermelho. O principal índice da bolsa brasileira encerrou a sessão com queda de 1,55%, aos 108.367 pontos e R$ 17,08 bilhões em volume negociado.

O desempenho faz o Ibovespa acumular retração de 2,68% em junho. Na parcial de 2022, o indicador soma alta de 3,38%, conforme dados disponíveis na plataforma TradeMap.

Em um dia de agenda esvaziada e sem grandes movimentações, o mercado seguiu repercutindo o avanço do risco fiscal com as propostas do governo federal para baixar o preço dos combustíveis.

Os investidores também aguardam dados da inflação brasileira e americana, além dos próximos passos dos juros na zona do euro, que ainda serão divulgados nesta semana.

No cenário global, os debates sobre o aumento dos juros acima do projetado pelos bancos centrais para conter a disseminação da inflação em escala global continuaram pressionando o humor dos investidores.

Risco fiscal não sai do radar

Os investidores seguem analisando a proposta da União para que estados zerem a cobrança do ICMS (Imposto sobre Operações relativas à Circulação de Mercadorias) do diesel e gás de cozinha, conforme o projeto apresentado na segunda-feira (6).

A proposta também inclui a retirada total do PIS/Cofins e do Cide (Contribuições de Intervenção de Domínio Econômico) – impostos de origem federal – da gasolina e do etanol. A União já havia zerado o imposto para o diesel e o gás de cozinha.

A expectativa é que sejam apresentadas as linhas gerais da PEC (Proposta de Emenda à Constituição) proposta pelo governo. O projeto de lei que determina o teto de 17% para a incidência de impostos estaduais sobre itens essenciais, como combustíveis, energia elétrica e transporte público, já foi aprovado pela Câmara dos Deputados, mas enfrenta forte resistência no Senado.

Petróleo sobe e minério cai

O receio pela disseminação da inflação foi reforçado na sessão de hoje com a nova alta do petróleo. O barril do tipo Brent, usado como referência na maior parte do mundo, encerrou com alta de 2,84%, a US$ 124,01.

Na direção oposta, o minério de ferro fechou em queda. A cotação da tonelada do produto no porto de Dalian, na China, fechou o dia com retração de 0,38%, negociado a US$ 138,77.

O recuo do minério de ferro levou à desvalorização das ações na bolsa brasileira ligadas às commodities. Entre os maiores recuos estavam CSN (CSNA3), que teve retração de 4,93%, Gerdau (GGBR4), que caiu 4,90%, e Usiminas (USIM5), com baixa de 4,32%. A Vale (VALE3), por sua vez, tombou 3,44%.

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Para Armstrong Hashimoto, sócio e operador da mesa de renda variável da Venice Investimentos, o setor vive no dia a chamada “realização de lucros”, ou seja, quando investidores entram no mercado para vender papéis que se valorizaram nos pregões mais recentes.

No caso da Vale e das mineradoras, as subidas recentes ocorreram, segundo Hashimoto, pela reabertura econômica da China após os lockdowns recentes no país.

A maior desvalorização do dia, no entanto, foi da ação da WEG (WEGE3), que fechou em baixa de 5,93%.

Eletrobras entre as mais altas

Hoje foi o último dia para que o trabalhador use parte dos recursos do FGTS (Fundo de Garantia do Tempo de Serviço) na oferta de ações da Eletrobras (ELET3; ELET6).

Os papéis da ELET3 alcançaram o grupo das maiores altas desta quarta-feira, com avanço de 0,81%. A lista foi puxada pela Qualicorp (QUAL3), que subiu 3,20%, e Hapvida (HAPV3), com alta de 3,07%.

O avanço da Qualicorp ocorre apesar de o Itaú BBA ter cortado a recomendação para a empresa, de compra para neutra, e reduzido a estimativa de preço-alvo, de R$ 23 para R$ 12.

A avaliação do banco é de que o cenário do mercado de saúde privado vai mudar após a compra da SulAmérica pela Rede D’Or e que a Qualicorp pode ter mais dificuldade em crescer por conta própria, sem fazer aquisições.

No radar

Investidores também aguardam dados da inflação no Brasil e nos Estados Unidos, e de juros na zona do euro, que serão divulgados ainda nesta semana.

Na quinta (9), o mercado acompanhará de perto a divulgação do IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) e das taxas de juros do Banco Central Europeu (BCE). Na sexta (10) saem dados do CPI, o índice de inflação ao consumidor dos EUA.

São dois grandes indicadores para medir o quanto anda a alta de preços, o que pode fazer o mercado enxergar alguma revisão de alta de juros aqui no Brasil, que já está num final do ciclo, quanto nos EUA, que está começando as altas”, avalia o sócio da Venice.

Cenário internacional

As bolsas globais voltaram a sofrer pelo temor do avanço dos juros em todo o mundo e os reflexos que a medida deve trazer às atividades econômicas.

Está cada vez mais alta a percepção dos investidores de que o mundo se encaminha para um quadro de estagflação, quando há o esfriamento da economia em um cenário de inflação alta.

A OCDE (Organização para a Cooperação e o Desenvolvimento Econômico) revisou nesta quarta-feira as perspectivas para a expansão da economia e da inflação global em 2022 e 2023.

O clube dos países ricos passou a ver a economia com alta de 3% neste ano, ante a projeção anterior de crescimento de 4,5%. Para o ano que vem, a entidade prevê alta de 2%.

A desaceleração está ligada à expectativa de mais inflação em reflexo aos gargalos de produção e logística gerados pela guerra na Ucrânia e a volta de medidas de restrição na China.

A OCDE espera que a inflação dos 38 países membros bata até 9% neste ano em meio à elevação dos índices nos Estados Unidos e em países da Europa ao maior patamar desde o fim dos anos 1980.

No mercado acionário de Wall Street, Dow Jones recuou 0,81%, S&P 500 perdeu 1,08% e o Nasdaq caiu 0,73%. Na Europa, o Euro Stoxx600 caiu 0,57%, o FTSE 100 desvalorizou 0,08% e o DAX, da Alemanha desceu 0,76%.

Bitcoin

Seguindo o clima negativo das bolsas, o mercado de criptomoedas também opera no vermelho com a fuga de investidores de ativos mais arriscados.

O Bitcoin (BTC) mantém a luta para segurar a faixa dos US$ 30 mil, apesar de analistas preverem mais quedas antes da retomada do mercado.

Por volta das 17h10, o criptoativo registrava queda de 1,64% em 24 horas, cotado a US$ 30.302, conforme dados do Mercado Bitcoin disponíveis na plataforma TradeMap.

As altcoins, como são chamados os ativos além do BTC, também operavam com perda. O Ethereum (ETH) registrava queda de 3,3%, enquanto a Solana (SOL) perdia 4,4%, segundo a CoinGecko.

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