Conheça Alice Porto, a Contadora da Bolsa

No início de fevereiro, a taxa básica de juros foi reduzida para o seu menor nível histórico e, com isso, muitos investidores têm trocado a renda fixa por variável, como uma forma de render mais o dinheiro aplicado.

Entretanto, existe um passo importante nesta troca, já que alguns títulos de renda fixa são isentos de imposto de renda, como LCI, LCA, CRI e CRA, e isso pode gerar uma certa confusão. E é aqui que a mineira Alice Porto, conhecida na internet como Contadora da Bolsa, entra em cena, ajudando os investidores em relação à tributação na bolsa de valores.

Desde 2008, Alice vem se especializando em contabilidade para investidores individuais em renda variável e, após uma década atuando neste segmento, ela começou um trabalho de educação financeira por meio da internet, em redes como o Instagram e YouTube, falando exclusivamente sobre o temido leão.

Confira abaixo a entrevista que o TradeMap fez com a Alice!

Há quanto tempo você investe no mercado financeiro?

“Tem que entregar a idade?”, brinca. “Eu invisto desde 2007, ou seja, tem doze anos que comprei minha primeira ação”.

Do que você se arrepende?

“Eu me arrependo de não ter aportado todos os meses nesses anos, porque se eu tivesse aportado todo mês com certeza meu patrimônio estaria diferente hoje. E eu digo para melhor! É uma coisa que as minhas filhas não vão cometer esse erro.”

E do que você não se arrepende?

“Eu não me arrependo de ter conhecido a renda variável. Ela de fato mudou minha vida, minha visão sobre números, juros sobre juros e longo prazo, já que eu sou buy and hold. Eu até comecei como trader, mas vi que tinha que dedicar muito [aos investimentos]”.

Qual livro você recomendaria aos investidores?

“’Pai Rico, Pai Pobre’. Gente, pode parecer muito clichê, mas é que esse livro te dá exatamente a ideia do que é um investimento e do que é um bem que gera um passivo, ou seja, um carro que vai gerar um IPVA, um seguro. E também indico ‘A Semente da Vitória’, do Nuno Cobra, que era o preparador físico do Airton Sena. Não adianta nada a gente cuidar das finanças e não cuidar do corpo e da saúde.”

E o seu livro?

“Meu livro? ‘101 Perguntas e Respostas Sobre Tributação em Renda Variável’. É um livro maravilhoso. Por que eu não indiquei meu livro? Foi porque esqueci”, brinca Alice. “Mas o meu livro só vai agregar para quem é investidor de bolsa e já está na renda variável.”

Por que você decidiu investir no mercado financeiro?

“Eu decidi investir no mercado financeiro há onze anos quando eu entendi o que era juros sobre juros. Foi aí que eu falei ‘caramba, o dinheiro pode trabalhar para mim!’. Eu não preciso só ter o meu emprego, eu também posso ter uma renda extra com o próprio dinheiro trabalhando para mim. Então os juros sobre juros me motivaram a olhar com muito mais atenção para o mercado financeiro, que eu acho que todo mundo deveria [prestar atenção]. Essa cultura no Brasil é muito escassa de olhar para o dinheiro e essa questão de juros sobre juros pouquíssimas pessoas sabem como isso tem um poder.”

Qual ação você daria de presente para um amigo?

“A primeira coisa que eu faria é abrir meu relatório de assinatura para ver qual ação que estão recomendando”, revela. “Mas hoje talvez eu daria um fundo de investimento imobiliário, o XPML11, porque o FII tem rendimento mensal, então a pessoa lembraria de mim todo mês. Não ia ser só um presente pontual, sabe? Todo mês, ali na tela do celular, a pessoa veria o TradeMap avisando sobre o rendimento e falaria ‘Alice, eu te amo!’. Olha a energia positiva que eu ia receber!”, diz rindo.

E para um inimigo?

“Caramba! Eu daria ‘Oi’. Eu já sofri muito com a Oi por causa do atendimento. Então eu daria uma OIBR”.

Qual critério você usa para montar seu portfólio?

“O meu critério é o seguinte: copiar e colar o relatório da minha casa de análises. Eu não tenho conhecimento suficiente para ficar analisando o mercado nem tempo para isso. Então eu prefiro terceirizar. Ali, é claro, às vezes eles [analistas] estão recomendando cinco ações e dois fundos de investimento imobiliário, então dou uma lida no relatório e escolho das cinco, duas [ações] e dos dois FIIs eu escolho um. E confesso para vocês que, às vezes, a escolha é meio que no ‘uni, duni, tê’, porque se eles estão recomendando, eu já sei que é uma boa entrada.”

O número de investidoras na Bolsa de Valores ainda é muito baixo. Qual é a maior dica que você daria para uma mulher que pensa em começar a investir agora no mercado financeiro?

“A primeira dica que eu daria é: normalmente, as mulheres não têm muita habilidade com números ou não têm muito interesse”, frisa Alice no modo geral. “Então eu acho que a primeira coisa que a mulher tem que pensar é que dinheiro não tem gênero. Dinheiro todo mundo quer, conforto todo mundo quer. Hoje em dia muitas mulheres que são a dona de casa. A maior parte da renda está vindo delas. Mas a cultura de cuidar do dinheiro não veio. Então, para essas mulheres que estão entrando ou não entraram ainda [no mercado financeiro], eu vejo que o maior desafio é virar essa chave de que [dinheiro] não tem gênero e de que tem que começar a cuidar dessa parte. Os números são legais, principalmente na hora em que você vê os dividendos entrando ali com o TradeMap.”

Por último, qual é a sua maior inspiração?

“Minha maior inspiração são as minhas filhas. Olha, elas me inspiram a ser uma pessoa melhor, porque eu quero dar o exemplo a elas. Elas me inspiram a ensinar aportar todo mês, a ser uma melhor investidora.”

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