A Copel (CPLE6), estatal paranaense de energia elétrica, deu mais um passo nesta semana para tirar do papel o tão sonhado projeto de deixar de ter o governo do Paraná como acionista controlador – classificação dada ao sócio que, por ter a maior parte da companhia, pode tomar decisões sozinho.
Na terça-feira (31), a companhia anunciou ao mercado que o conselho de administração aprovou a contratação de assessores especializados para ajudá-la nesse processo de desestatização.
O plano da Copel é fazer uma nova oferta de ações no mercado. Se bem-sucedida, a empresa atrairia novos investidores e reduziria a participação do governo estadual na companhia.
Hoje, o governo paranaense tem 31% de participação. A expectativa é que a fatia caia para 15% com a oferta de ações. Se isso acontecer, a Copel se tornaria formalmente uma corporação – tipo de empresa que não tem acionista controlador e, portanto, pode tomar decisões de maneira mais “democrática”.
Para que o processo avance, no entanto, é preciso que a Assembleia Legislativa do Paraná aprove uma lei que permita a oferta de ações. O projeto de lei foi enviado em novembro e está em tramitação.
Se o projeto de lei for aprovado no Paraná, nenhum acionista poderá ultrapassar mais de 10% do total de votos, sendo vedados acordos de acionistas para o exercício do direito de voto.
A Copel, contudo, pode também precisar de uma ajudinha do governo federal, não para liberar a privatização, mas para antecipar a renovação da concessão de geração de energia, fundamental para que a empresa possa ter os ganhos que espera com a maior participação da iniciativa privada na companhia.
No mercado, a equipe de análise do banco de investimentos UBS BB acredita que a Copel pode se beneficiar do fato de que o político indicado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) para comandar o Ministério de Minas e Energia é o ex-deputado federal mineiro Alexandre Silveira, filiado ao PSD, o mesmo partido do governador do Paraná, Ratinho Junior.
“Uma vez que o ministro e o governador são do mesmo partido, acreditamos que as negociações para renovação da concessão podem ser orientadas por um caminho mais técnico”, escreve o analista Giuliano Ajeje.
Por volta das 13h35, a ação da Copel operava em queda de 1,06%, a R$ 7,49.
O mercado tem aguardado a privatização da Copel com expectativa positiva. Em geral, os analistas acreditam que a maior participação do setor privado na companhia pode torná-la mais eficiente.
O time de análise da XP, por exemplo, considera que a subsidiária de distribuição da Copel tem os mais altos custos de pessoal, materiais entre as empresas do setor monitoradas pela corretora. Os custos da empresa estão 23% acima dos pares nos setor, estima a XP.
“Por mais que empresa tenha feito progresso nos últimos anos, a administração da Copel vem comunicando ao mercado que há espaço para maiores economias, não assumidas em nossas estimativas”, diz a XP.
A privatização da Copel seria positiva para a companhia, segundo a XP, embora a corretora veja pouco espaço para melhorias nos indicadores operacionais e redução de despesas. “As estatais ainda apresentam limitações que podem ser otimizadas após a privatização.”