A aquisição da carteira de clientes pessoa física da Planner, anunciada pelo BTG Pactual (BPAC11) nesta quarta-feira (26), tem como principais objetivos o aumento da participação do banco no segmento de varejo e a expansão do BTG Pactual Digital, na visão de Stefan Darakdjian, sócio da gestora de recursos Meraki Capital.
Com a compra da carteira da corretora, o BTG leva R$ 8 bilhões em ativos sob custódia.
“Basicamente, eu acho que é uma aquisição que amplia o market share, mais voltada para o BTG Digital”, afirma o gestor, que aponta que há um interesse claro do banco em crescer mais no âmbito de pessoas física por meio de seu braço de banco digital, que ainda corresponde a uma parcela muito pequena do negócio, segundo Darakdjian.
Mais do que por meio de aquisições, porém, o gestor afirma que o investimento do banco nessa frente se dá pela oferta de vantagens para os clientes, como conta corrente sem tarifas, cartão de crédito sem anuidade e políticas de cashback, além da aposta na qualidade do serviço e do aplicativo.
Darakdjian ressalta que a aquisição da carteira de pessoas física da Planner faz muito sentido para o BTG, uma vez que, por ser uma corretora pequena, não terá impacto sobre a estrutura operacional do banco, que já comporta uma grande margem para crescimento.
Outra oportunidade, na visão do gestor, é a venda de outros serviços, como conta corrente, produtos de investimento e cartão de crédito, para essa base de clientes que vem da Planner.
Considerando que a Planner vinha dando prejuízo há bastante tempo, segundo Darakdjian, necessitando de aportes de sócios para seguir operando, o gestor acredita que o BTG não deve ter pagado caro pela aquisição, que não teve seu valor divulgado.
Além disso, o próprio histórico de aquisições do BTG, de acordo com o gestor, indica que o banco não pagaria um prêmio por uma compra que não teria impacto estrutural sobre seus negócios.
Nova concorrência para a B3 (B3SA3)?
Dois dias antes de adquirir a Planner, o BTG realizou, em conjunto com o Santander (SANB11), a compra de uma participação na CSD BR, uma registradora de ativos financeiros, derivativos, valores mobiliários e apólices de seguro. Na análise de Darakdjian, esse poderia ser um passo na direção de começar a atuar como bolsa de valores.
“Não acho que isso possa acontecer no curto prazo – na verdade, nem sei se vai acontecer. Eles dizem que não, mas eu acho que sim”, afirma Darakdjian, ressaltando que o mercado de capitais brasileiro, de que a B3 detém monopólio, segue muito pouco explorado.
Ainda que o banco negue a possibilidade de competir com a B3, sua gestão tem afirmado que acredita que alguma concorrência deve passar a existir no médio a longo prazo.