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Cogna (COGN3) prevê 2022 difícil para Kroton, mas mantém guidance para 2024

Companhia ainda prevê atingir um Ebitda de R$ 2,4 bilhões em 2024, mesmo com a pressão da pandemia

Foto: Divulgação

A despeito da dificuldade trazida pela pandemia e a espera por um 2022 ainda desafiador, sobretudo para a Kroton, a Cogna (COGN3) segue confiante e manteve seu guidance para os próximos anos. 

A Cogna apresentou, na manhã desta segunda-feira (13), o andamento dos seus negócios e atualizou o mercado sobre os próximos passos, passada a maior parte da pandemia, pior momento da história da empresa.  

No que se refere ao Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), a estimativa é fechar este ano atingindo R$ 1,25 bilhão, em linha com o projetado no ano passado. Em 2024, a meta é atingir R$ 2,4 bilhões, perfazendo uma taxa de crescimento anual composta (CAGR) de 24% nos próximos três anos. 

Em termos de geração de caixa, a empresa destacou que entregou o prometido em 2020 (com o GCO de R$ 240 milhões) e deve entregar um avanço de 62% neste ano, atingindo R$ 390 milhões. A ideia é chegar em 2024 gerando R$ 1 bilhão (pós-Capex), com um CAGR de 37% até lá. 

Vale ressaltar, contudo, que o guidance mantido para ambos os resultados, apresentado no final do ano passado, não considerava o desinvestimento da operação de escolas, que contribuíam para essas linhas. 

Além disso, o CEO da empresa, Rodrigo Calvo Galindo, salientou que o quarto trimestre deste ano não terá consumo de caixa, como ocorre de forma sazonal. 

Nesse sentido, em função da melhora na geração de caixa da empresa, o CFO da Cogna, Frederico da Cunha Villa, disse que o mercado verá a alavancagem financeira da empresa, medida pela relação entre a dívida líquida e o Ebtida ajustado, caindo a partir do segundo trimestre do ano que vem.

Atualmente, essa relação está em 2,07 vezes. Na visão da empresa, a alavancagem não passará de 3 vezes, nível considerado não saudável. Dada a folga no indicador, é possível que pequenas ou médias aquisições sejam feitas, segundo Galindo. 

Histórico da dívida líquida da Cogna

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

Receita fica em segundo plano e deve voltar com força em 2023

A projeção de receita em si não foi divulgada, mas o executivo comentou que o faturamento da Cogna crescerá pautado no forte avanço esperado para a Vasta. A Kroton deve reportar uma leve queda em 2022. 

A ideia é que o salto maior venha em 2023, com ambas as frentes contribuindo positivamente. A procura por cursos presenciais, sobretudo os de maior valor agregado, segundo os executivos, é latente. 

Atualmente, a Kroton possui 858 mil alunos. O pico dos últimos anos foi atingido em 2015, com pouco mais de 1 milhão, sendo que cerca de 25% tinham relação com o Fies. Com o fim do programa, a empresa tem procurado lidar com a pressão na queda de matrículas entre 2015 e 2020.

Base de alunos das três maiores empresas do setor de educação

Fonte: TradeMap
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Galindo reconheceu a desconfiança sofrida pela Kroton e, consequentemente, pela Cogna nos últimos trimestres. “Nunca foi uma desconfiança relacionada pela empresa e as pessoas em si, mas, sim, da entrega prometida”.

A desconfiança, contudo, é reafirmada nesta manhã. Por volta das 13h25, as ações da Cogna caíam 7,93%, para R$ 2,78, corrigindo a alta da última sessão, quando um rumor sobre a venda da Vasta inundou o mercado. Sobre o tema, nada foi comentado na apresentação. 

No acumulado deste ano, os papéis caem 40%. 

Cogna já é uma Edtech e prevê criação de fintech, mostra CEO

Após a forte reestruturação da Kroton em 2020, a Cogna já se enxerga como uma edtech, mais enxuta e voltada para operações mais rentáveis. 

O Galindo destacou os processos de investimento em tecnologia. Em 2018, eram 120 profissionais do setor que atuavam na empresa, número que saltou para os atuais 959. 

Os negócios da plataforma, inclusive, preveem a criação de uma fintech com todos os serviços de conta digital, pagamentos, cashback, entre outros. Essa frente deve entrar em operação no terceiro trimestre do ano que vem.

A operação da empresa cada vez mais digital também tem na pauta a formação de um marketplace com uma série de produtos de educação, que passarão a ser vendidos no primeiro trimestre do ano que vem.

Essa iniciativa será acompanhada por um projeto ligado a infoprodutores e afiliados, que poderão vender conteúdo por meio da plataforma e, com isso, trazer usuários para dentro do ecossistema. Essa frente deve entrar em vigor nos dois primeiros trimestres de 2022. 

Krotonmed: mais um passo em direção à rentabilidade

Com a venda da operação de escolas, concretizada em fevereiro deste ano, a Cogna deu o recado de que focará em operações asset light, negócios mais rentáveis e de maior valor agregado. 

Nesse sentido, a empresa apresentou a Krotonmed. frente voltada para cursos de ensino superior de medicina, que proporciona maior tíquete dos alunos e maior life time value (LTV).

A ideia é que o negócio tenha uma receita líquida de R$ 482 milhões já em 2022, com um Ebitda de R$ 224 milhões e margem de 46%. Segundo as projeções, cerca de 76% do resultado operacional virá da graduação em medicina. 

Desaceleração da receita líquida da Cogna

Fonte: TradeMap
Fonte: TradeMap

O crescimento contratado para aumento de vagas é de 27%, e pode chegar até 75%, com o aumento do número de polos e melhora em aspectos qualitativos, segundo Galindo. 

A Krotonmed permanecerá sob o guarda-chuva da Kroton e terá seu foco voltado totalmente nas graduações de medicina, ampliando esse escopo ao longo dos anos para o auxílio aos profissionais da área, como novas formações. 

A ideia é ser um provedor de soluções para os futuros médicos, não se atendo apenas ao âmbito educacional. 

Ao focar em negócios mais rentáveis, como também são os cursos de medicina veterinária, direito e engenharia, a Cogna voltará suas atenções para o Ensino a Distância (EAD), seja totalmente digital ou semi-presencial.

Em função disso, segundo os executivos da empresa, os campus não morreram. 

“Os campus de forma alguma morreram”, disse Galindo. “Ainda terão um papel importante. Eles são uma estrutura física que transita em todos os produtos da companhia, independentemente do nível de digitalidade.”

Para a companhia, as unidades físicas não perderão relevância, mas mudarão de papel frente ao negócio como um todo. Todavia, o ensino presencial terá uma pequena participação nos números da empresa nos próximos anos. 

As principais avenidas de crescimento da empresa, que são ensino híbrido e digital, ensino médico e negócios da plataforma, devem representar 70% da receita líquida em 2025. Hoje, essa fatia equivale a 44%.

Cogna não é impeditivo para crescimento da Vasta

Para a Vasta, braço de negócios que atua como um business de plataforma, as projeções giram em torno de um crescimento de mais de 32% do ACV (Annual Contract Value, ou Valor de Contrato Anual) no ano que vem, atingindo R$ 974 milhões. 

A divulgação de contratos ativos é uma métrica importante no segmento de educação e mostra parcialmente quanto do resultado já está contratado para os próximos períodos. 

Ao todo, são mais de 4,5 mil escolas parceiras. Esse número subirá para cerca de 5,3 mil no ano que vem, perfazendo um CAGR de 17% desde 2019.

Desde a IPO, realizada em julho do ano passado nos Estados Unidos, a empresa já fez cinco aquisições. A tendência do crescimento orgânico e inorgânico deve continuar, segundo a empresa.

Para Galindo, CEO do grupo, a Cogna não será impeditivo para o crescimento da Vasta, mesmo com M&As não sendo o foco.

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