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BTG estima lucro menor na Petrobras (PETR4) e ironiza: “acorde-me quando outubro acabar”

Para analistas do banco, ruídos políticos em torno dos preços dos combustíveis vão durar pelo menos até outubro, quando ocorrem as eleições

Foto: Shutterstock

Com as discussões no Congresso para dobrar o imposto cobrado sobre o lucro da Petrobras (PETR4; PETR3) ou criar taxas que seriam aplicadas sobre o que é exportado pela estatal, ambas com o intuito de financiar um subsídio para os combustíveis, os analistas do BTG Pactual distribuíram um relatório a clientes nesta segunda-feira (20) no qual estimam os efeitos no balanço da empresa caso os projetos avancem.

A ideia de dobrar a CSLL (Contribuição Social sobre Lucro Líquido) para o setor de óleo e gás — de 9% para 18%, uma sugestão do presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira, aliado do presidente Jair Bolsonaro — geraria uma redução de 14% na previsão de lucro para a estatal em 2023, pelas contas dos analistas do BTG que acompanham a Petrobras, Pedro Soares e Thiago Duarte.

Como a medida afetaria todo o setor e não apenas a estatal, o banco também calculou o impacto sobre as duas principais petroleiras do setor privado: PetroRio (PRIO3) e 3R Petroleum (RRRP3). A primeira teria uma diminuição similar à da Petrobras na expectativa de lucro em 2023, de 14%, enquanto a segunda sofreria uma redução menor, de 11%.

As contas do BTG consideram um preço de US$ 100 para o barril de petróleo tipo Brent no mercado internacional e uma taxa de câmbio de R$ 5 por dólar. Nesta segunda, o barril de Brent está a US$ 113.

O BTG, no entanto, lembra que, caso a nova alíquota para a CSLL seja aprovada, a mudança só poderia entrar em vigor em um prazo mínimo de três meses. “O que significa que dificilmente teria efeito sobre os consumidores antes das eleições, reduzindo o apelo da medida para o Congresso”, escrevem os analistas.

Outra simulação feita pelo banco considerou a proposta de criar uma taxação para os volumes exportados pelo setor de óleo e gás. O projeto de lei — já aprovado no Senado, mas ainda não apreciado pela Câmara — propõe uma alíquota progressiva, que cresce à medida que o barril do petróleo fica mais caro.

Há isenção caso o preço do barril seja de até US$ 40. A taxa passa a ser de 10% caso o preço seja de US$ 40 a US$ 60, e sobe para 20% para valores superiores a US$ 60.

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Para a Petrobras, o impacto da medida seria de diminuição de 7% na expectativa de lucro para 2023. Para PetroRio e 3R, seriam de 5% e 7%, respectivamente. Novamente os cálculos levam em consideração um barril de US$ 100 e uma taxa de câmbio de R$ 5.

“Essa seria uma medida setorial sem precedentes, mas a nossa é percepção é de que a implementação seria mais rápida e provavelmente teria algum apoio devido à crescente pressão sobre as margens [de lucro] mais altas das companhias de petróleo atualmente”, escrevem.

Eles ressaltam também que provavelmente a 3R teria um impacto reduzido em 2022, pois a maior parte dos seus volumes é vendida apenas para a Petrobras, com um desconto acordado entre as empresas em relação ao preço do Brent. “A menos que ambas as empresas renegociem os termos para refletir o novo ambiente de preços, a 3R pode ser muito menos impactada pelo novo imposto, pelo menos, por enquanto.”

Acorde-me quando outubro acabar

As discussões sobre novas formas de taxar a Petrobras têm sido alimentadas por Bolsonaro desde o início do ano, quando o preço do petróleo disparou no mercado internacional, impulsionado pela guerra na Ucrânia, e levou a Petrobras a também reajustar o preço dos combustíveis no Brasil.

O presidente, porém, está preocupado com o efeito da inflação alta sobre a sua popularidade, meses antes da eleição, e sabe que o preço da gasolina é um dos que mais geram, na população, uma percepção de encarecimento dos produtos. Em 2022, Bolsonaro já fez duas trocas de comando na estatal.

Como a Petrobras tem operado com lucros bilionários (no primeiro trimestre teve o maior lucro da sua história, com R$ 43 bilhões), Bolsonaro tem usado isso em seus discursos para justificar que algo seja feito e chegou a defender que uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) seja aberta para investigar a empresa.

Na sexta-feira, as ações da Petrobras caíram 6%, após a estatal anunciar um novo reajuste de preços. O aumento foi insuficiente para acompanhar o avanço da cotação do petróleo no mercado internacional (uma política perseguida pela Petrobras) e gerou reações negativas na classe política, como a do presidente da Câmara, que exigiu a renúncia do então presidente da estatal, José Mauro Coelho, concretizada nesta segunda.

Para os analistas do BTG, é esperado que haja ruído político em torno dos preços dos combustíveis pelo menos até outubro, quando ocorrem as eleições. “Acorde-me quando outubro terminar”, escrevem os analistas, em uma referência à música “Wake me up when september ends“, da banda americana Green Day.

“Até lá, em termos de exposição [na carteira de investimentos], ainda pensamos que empresas petrolíferas juniores [como PetroRio e 3R Petroleum] são opções relativamente melhores (e mais seguras) – embora também sejam possivelmente impactadas pelas medidas do governo”, afirmam.

Por volta de 13h55, as ações da Petrobras (PETR4) operavam em alta de 1,32%, negociadas a R$ 27,67.

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