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BRF (BRFS3): follow-on deve ser insuficiente para acelerar expansão, diz Goldman Sachs; ação cai 8%

Empresa levantou R$ 5,4 bilhões em oferta de ações, ante uma expectativa de que o montante poderia chegar a R$ 8 bilhões

Foto: Divulgação

A soma de R$ 5,4 bilhões levantada na oferta secundária de ações (follow-on) da BRF (BRFS3), valor 32,5% menor que os cerca de R$ 8 bilhões que a empresa chegou a projetar, deve ser insuficiente para acelerar a implementação dos planos de expansão da empresa, de acordo com o Goldman Sachs.

Em relatório distribuído nesta quarta-feira (8), a equipe de analistas do banco avalia que a oferta pode ser capaz de melhorar o nível de endividamento da empresa, mas que não deve causar aumentos significativos no investimento em crescimento.

Por volta das 16h30 do pregão de hoje, o papel era negociado em queda de 8%, a terceira maior perda do Ibovespa, a R$ 19,90.

Na oferta, as ações da BRF foram precificadas em R$ 20, desconto de 7,5% em relação ao fechamento de terça-feira e cerca de 2% abaixo do nível de preço anterior ao anúncio do follow-on.

Recursos devem ser alocados na redução da dívida

O nível de endividamento da BRF deve ser reduzido com a oferta, segundo o Goldman. A expectativa do banco é que a soma das dívidas da empresa passe a corresponder a 2,07 vezes o seu Ebitda, contra as 3,06 vezes registradas no fim do terceiro trimestre de 2021.

No entanto, levando em consideração declarações recentes da gestão da que indicam que a empresa não pretende deixar o endividamento ir além de três vezes o Ebitda, não devem sobrar recursos suficientes para acelerar significativamente o plano de expansão da companhia, na análise do banco.

Marfrig surpreende o mercado

Quando o follow-on foi anunciado, uma parte do mercado especulou que a Marfrig aproveitaria a oportunidade para elevar sua participação na BRF sem precisar pagar um prêmio para adquirir o restante das ações. Isso, no entanto, não aconteceu: a companhia manteve sua fatia de 31,66% na BRF.

“Na nossa visão, o foco do mercado pode mudar para quão ativa a Marfrig será na reunião anual de acionistas da BRF, agendada para 28 de março”, diz o banco.

Momento desafiador pode seguir pressionando as ações

Além das surpresas negativas do follow-on que pressionam os papéis no pregão de hoje, o cenário para os resultados no curto prazo segue desafiador, na visão do Goldman Sachs.

A expectativa do banco é que os números do quarto trimestre de 2021 fiquem estáveis, pressionados pela alta no preço de commodities como milho e soja, pela queda nos preços das proteínas na China, pelas condições macroeconômicas do Brasil e pelo acirramento da concorrência com a Seara, da JBS (JBSS3).

Com isso, o banco mantém sua recomendação neutra para a ação, com preço-alvo de R$ 24,70, o que representa alta de 14% em relação ao preço de fechamento de terça-feira, de R$ 21,63.

De uma maneira geral, o mercado parece cauteloso com a ação: de acordo com dados da Refinitiv disponíveis na plataforma TradeMap, sete das 11 casas de análise consultadas têm classificação neutra para o papel, enquanto as outras quatro recomendam a compra da ação. A mediana dos preços-alvo dos analistas é de R$ 29,50, upside de 36%.

Os principais fatores que podem fazer a empresa ter uma performance melhor do que a esperada, segundo o Goldman Sachs, são possíveis fusões e aquisições, uma execução bem-sucedida do plano de investimento da companhia, que, na visão do banco, ainda não está totalmente refletido nas expectativas do mercado; um poder de precificação mais forte do que o esperado no Brasil; aceleração nos volumes de exportação para a Ásia; e normalização mais rápida da situação macroeconômica da Turquia.

Os maiores riscos para seu desempenho, por outro lado, são possíveis perturbações na oferta de grãos, ou um cenário de preços maiores do que o esperado; fusões e aquisições; deterioração macroeconômica pior do que a esperada no Brasil; valorização do real; novos embargos de exportação; e possíveis interrupções de produção relativas à pandemia.

 

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