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Brasil nunca esteve tão barato, diz XP, que vê oportunidade inclusive em estatais

Para gestor, passada a incerteza das eleições, Bolsa poderá subir independentemente de quem for eleito presidente

Foto: Shutterstock

Com a Bolsa brasileira negociando a um múltiplo de seis a sete vezes o preço sobre o lucro, abaixo da média histórica de 11 vezes, boa parte do risco eleitoral já está refletida nos preços das ações, inclusive das empresas estatais. A afirmação partiu de Marcos Peixoto, gestor de renda variável da XP Asset, durante o 43º Congresso Brasileiro de Previdência Privada.

Para Peixoto, passada a incerteza das eleições, a Bolsa poderá subir independentemente de quem for eleito presidente.

“O Brasil nunca esteve tão barato. Mesmo excluindo Petrobras [PETR3] e Vale [VALE3], a Bolsa está negociando a um múltiplo preço/lucro de oito a dez vezes, abaixo da média histórica de 15 vezes”, diz Peixoto.

Considerando inclusive as empresas estatais, Peixoto acredita que boa parte do risco político já está refletida nos preços dos ativos.

O gestor da XP destaca que o Banco do Brasil (BBAS3) negocia na Bolsa com um desconto de 54% em relação ao múltiplo de preço/lucro (P/L) do Itaú Unibanco (ITUB4), abaixo da média histórica, que é de 35%.

“Hoje o BB negocia a um múltiplo P/L de 3,8 vezes, contra 8,3 vezes do Itaú, e tem o mesmo ROE [Retorno sobre o Patrimônio Líquido] de 20%”, afirma.

Segundo Peixoto, mesmo que a rentabilidade caia para a média histórica, de um ROE de 14%, boa parte do movimento já está no preço.

Da mesma forma, os papéis da Petrobras estão com forte desconto, negociando a um múltiplo pelo critério EV (Valor de mercado da empresa/Ebitda) de 2,8 vezes, inferior à média histórica.

A XP projeta um retorno com dividendos para a Petrobras de 50% neste ano e de 27% para 2023, considerando uma cotação do petróleo a US$ 80 o barril.

“Mesmo que a geração de caixa da Petrobras caia um terço por conta de investimentos em refinarias em um eventual governo Lula, por exemplo, ainda assim estaria acima da média das petroleiras de mercados emergentes”, diz.

Banco do Brasil, Petrobras e Eletrobras na carteira da XP

A gestora manteve a posição nas ações do BB e da Petrobras nos fundos de renda variável da XP, que incluem ainda entre as maiores posições os papéis de Eletrobras (ELET6), Hypera (HYPE3), Minerva (BEEF3) e BB Seguridade (BBSE3).

O gestor da XP recomenda aos investidores buscarem ações de empresas boas geradoras de caixa e lucro, e com baixa volatilidade.

“Hoje temos ativos baratos nos setores elétrico e de bancos, que são estáveis e defensivos e estão com múltiplos baixos, então por que eu vou correr risco em setores que temos mais incerteza?”, questiona.

Peixoto não vê uma mudança radical da política econômica independentemente de quem ganhar a eleição.

Lula pode ter dificuldade no Senado, mas conseguir apoio na Câmara

Para o economista-chefe da XP Asset, Fernando Genta, se o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) ganhar a eleição, ele poderá enfrentar mais dificuldade para a aprovação de projetos no Senado, dado o crescimento dos partidos da base do presidente Jair Bolsonaro (PL), mas pode conseguir apoio na Câmara.

Genta afirma que os partidos da base de Bolsonaro representam hoje um terço da Câmara. Outro terço seria de partidos de esquerda e a parte final, dos de centro, que Lula poderia tentar conseguir apoio para aprovar reformas, como a alteração do teto de gastos (medida que limita o aumento das despesas do governo à inflação do ano anterior).

Segundo Genta, os mercados refletem hoje uma chance de 75% de Lula ganhar a eleição para presidente.

Fluxo para renda variável deve aumentar após eleição

Com preços baratos e com uma situação geopolítica melhor que a de seus pares, o Brasil pode atrair investimentos estrangeiros após a eleição, afirma Peixoto.

Segundo o gestor da XP, o Brasil hoje está mais barato que mercados acionários como da China e da Coreia do Sul, e que o índice americano S&P 500, que negocia a um múltiplo em linha com a média histórica.

Genta espera uma alta da taxa de juros americana para um patamar entre 4,75% e 5% no fim do ciclo de aperto monetário, o que ainda deve continuar a afetar as ações nas bolsas americanas.

Já no Brasil, que iniciou antes o ciclo de aperto, Genta vê espaço para uma queda da taxa Selic de 13,75% para 11% no fim do ano que vem.
Essa redução dos juros deve favorecer o aumento da alocação em fundos de ações, segundo Peixoto, o que deve ser positivo para a Bolsa.

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