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Brasil é um dos dois únicos países em que risco de inadimplência das empresas caiu, diz Coface

Cálculo é da Coface, empresa que faz seguro de operações de crédito e que espera estagnação do crescimento global

Foto: Shutterstock

O Brasil foi um dos dois países em que diminuiu o risco de as empresas deixarem de pagar as próprias dívidas, de acordo com dados da Coface – empresa especializada em seguros de operações de crédito. O outro foi Angola. Nos demais, a chance de inadimplência permaneceu estável ou cresceu.

Em um relatório divulgado nesta segunda-feira (11), a companhia disse que no segundo trimestre o risco de inadimplência das empresas do Brasil caiu de “C” para “B” – o que significa que a chance de calote diminuiu de “alto” para “significativo”.

A Coface também disse que em outros 19 países – sendo 16 deles na Europa – a chance de inadimplência aumentou.

Tanto a melhora na avaliação do Brasil quanto a piora nas notas das nações europeias estão relacionados ao mesmo fator: os preços das commodities, que continuam elevados na maioria dos casos, mas particularmente no mercado de petróleo.

“Apesar do abrandamento da demanda na China, o preço do petróleo não ficou abaixo dos US$ 98 por barril desde o início da guerra, uma vez que os receios de escassez de oferta no mercado ainda são uma possibilidade. Estas preocupações foram agravadas pela confirmação, após semanas de negociações, de um embargo da União Europeia ao petróleo russo marítimo”, disse a seguradora.

Este cenário de preços altos é particularmente favorável a países produtores de commodities, como é o caso do Brasil, mas negativo para as nações que precisam importar estes insumos, como a Alemanha e outros países europeus.

“Mais da metade das 9 avaliações de risco setorial aumentadas referem-se aos setores de energia dos países produtores (Estados Unidos, Canadá, Brasil, Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos). Por outro lado, os setores de energia em países onde as empresas estão localizadas a jusante da cadeia produtiva, principalmente na Europa, foram rebaixados”, disse a Coface.

Expectativa é de pouco crescimento da economia

Os preços elevados das commodities também tiveram um efeito colateral relevante para a economia mundial – o aumento das taxas de juros em várias das grandes economias, na tentativa de inibir a inflação gerada pelo custo mais alto das matérias-primas.

A expectativa da Coface é de que o cenário só mude se a atividade econômica global desacelerar “significativamente”, a ponto de diminuir o consumo, já que do lado da oferta há poucas chances de aumento da produção e de as empresas aceitarem manter as margens de lucro comprimidas por mais tempo.

“Repassar os aumentos dos preços dos insumos, de forma sustentada ou reforçada, para os preços dos bens e serviços (algo que já começou a ser implementado em alguns países/setores) parece inevitável, especialmente à medida que as pressões salariais se intensificam”, acrescentou.

A Coface acredita que “todos os sinais dos últimos meses” apontam para a possibilidade de a economia mundial entrar em estagflação – um período prolongado de baixo crescimento e de alta acentuada nos preços.

O cenário previsto pela companhia é de desaceleração gradual do crescimento, com os preços ao consumidor sendo arrastados para baixo.

“Um ligeiro crescimento para a economia global ainda é possível, embora muito mais arriscado em comparação com o início do ano: a oportunidade que poderia evitar tanto a recessão quanto a estagflação está se estreitando e a necessidade de se recorrer à primeira para evitar a segunda está crescendo”, disse a Coface.

“O preço a pagar, em caso de insucesso, será particularmente alto, uma vez que a combinação de políticas se tornaria especialmente obscura e desestabilizadora, entre a austeridade monetária e a compensação orçamentária. Pode-se temer que, ao tentar evitar um às custas do outro, possamos acabar com ambos”, afirmou.

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