O Bradesco BBI (BBDC4) anunciou na noite de sexta-feira (23) a aquisição de 23% de fatia da Cosan Dez, subsidiária da Cosan (CSAN3) que detém o controle da Compass, por R$ 4 bilhões.
Diante disso, o banco entra para o negócio de distribuição de gás natural, por meio da Comgás. Além disso, a empresa também atua nas áreas de geração térmica e na trading de energia elétrica.
O que achamos?
Para o Bradesco, a aquisição leva a uma diversificação das receitas do banco e reduz o risco não sistemático.
Isto pode vir em bom momento para lidar com o aumento da inadimplência que o Bradesco apresentou no terceiro trimestre, que deve continuar sendo um obstáculo para os resultados futuros.
Além disso, o preço de R$ 4 bilhões pago por 23% da Cosan Dez parece ser um bom negócio, uma vez que a empresa Compass registrou um Ebitda (Lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização) de R$ 3,1 bilhões nos últimos 12 meses até setembro.
Isto é, a empresa toda foi precificada em R$ 17,4 bilhões o que gera um múltiplo de preço sobre Ebitda de 5,8 vezes. O valor indica o tempo que seria necessário para o caixa gerado nas operações cobrir o valor investido pelo Bradesco.
Já para a Cosan, a entrada de capital é essencial para continuidade no projeto de aquisição das ações da Vale (VALE3).
Isto porque a empresa deve desembolsar cerca de R$ 22 bilhões para adquirir 6,5% da participação na mineradora.
Portanto, a venda de parte da Cosan Dez deve fortalecer o caixa da empresa e reduzir a alavancagem financeira, que é a razão da dívida liquida sobre Ebitda, de 3,1 vezes até setembro.
Esta queda na alavancagem deve reduzir a pressão das dívidas e elevar a capacidade da holding em cumprir com as obrigações, como pagamento das dívidas. Isto, portanto, reduz o risco de insolvência da Cosan.
Como os papéis devem reagir?
Apesar do viés positivo, as ações do Bradesco devem reagir de forma neutra à princípio. Já as ações da Cosan devem abrir em leve alta no pregão desta segunda-feira (26).
As ações preferenciais do Bradesco acumulam queda de 23% no ano, enquanto os papéis da Cosan tem queda de 18%.