Bolsas internacionais caem após Fed sinalizar remoção de estímulos à economia

As bolsas internacionais operam em queda, em sua maioria, depois de o Federal Reserve, banco central dos Estados Unidos, reiterar que pretende aumentar os juros mais rápido do que se previa e sinalizar que pode começar a enxugar a liquidez injetada na economia ao longo dos últimos anos.

Ontem o Federal Reserve publicou a ata da reunião do comitê de política monetária da instituição ocorrida em dezembro. O documento mostrou que algumas das autoridades do grupo ressaltaram que “poderia ser apropriado reduzir o balanço do Federal Reserve relativamente em breve depois que os juros começarem a subir”.

O balanço do Fed inflou nos últimos anos porque a instituição comprou títulos de dívida hipotecária e do governo americano para injetar dinheiro na economia e baratear o crédito. A redução do balanço teria o efeito inverso.

“O que parece ter assustado o mercado foi a conversa sobre a redução do balanço, e isso gerou bastante ansiedade”, disse o analista-chefe de mercado da CMC Markets, Michael Hewson. “Isto parece ter pegado o mercado de surpresa, gerando preocupações sobre condições de liquidez mais restrita. Embora seja uma preocupação válida, especular que o Fed possa começar a fazer isso parece um pouco prematuro, dado que ele não parou de aumentar o balanço ainda”, acrescentou.

Os mercados acionários da Ásia, que estavam fechados ontem quando o Fed divulgou a ata, terminaram o dia em baixa. As bolsas da Europa, que também tinham encerrado as negociações ontem antes de o documento ser publicado, também reagem mal – por volta das 9h25 (de Brasília), o índice Euro Stoxx 600, que contém ações de várias empresas europeias, caía 1,2%.

Nos Estados Unidos, onde as bolsas puderam reagir imediatamente ao conteúdo da ata do Fed, os contratos futuros dos principais indices acionários apresentam um comportamento misto – os do Dow Jones e S&P 500 subiam respectivamente 0,3% e  0,1%, enquanto o do Nasdaq 100 caía 0,3%.

O receio do mercado é de que uma política monetária mais restritiva nos Estados Unidos sufoque o crescimento global e venha a prejudicar os lucros das companhias. Isto se somaria a potenciais novas restrições à circulação de pessoas e ao funcionamento das empresas por causa da disparada nos casos de Covid-19.

Os investidores ainda irão acompanhar indicadores que serão divulgados hoje, entre eles os dados do auxílio-desemprego dos Estados Unidos, às 10h30, a balança comercial do país, no mesmo horário, e o índice dos gerentes de compras sobre o setor de serviços americano compilado pelo ISM.