Os principais índices do mercado de ações dos Estados Unidos operam em queda nesta quinta-feira (29), reagindo a dados que mostraram um número menor que o esperado novos pedidos de seguro-desemprego e que a inflação no país pode estar mais forte do que parece.
Os dois números sugerem que o Federal Reserve, banco central do país, pode ser obrigado a manter os juros altos por mais tempo – ou ser mais agressivo do que o previsto – para controlar a alta dos preços.
Juros altos são má notícia para as empresas e, consequentemente, para os preços das ações. Primeiro porque agem como um freio na economia, reduzindo o consumo. Depois, porque aumentam o custo de financiamento das dívidas das companhias, reduzindo as margens de lucro.
Segundo dados divulgados pelo governo dos EUA, o número de novos pedidos de seguro-desemprego no país na semana passada caiu de 209 mil para 193 mil. É um dos menores níveis desde o final de abril. O mercado esperava alta para 215 mil, segundo o ScotiaBank.
O número indica que há menos pessoas precisando de auxílio financeiro por causa do desemprego. Para o Federal Reserve, isso é motivo de dor de cabeça. O banco central americano está aumentando os juros para conter a inflação, e mais gente trabalhando significa aumento na demanda por bens e serviços – o que impede a queda da pressão por aumento de preços.
Além disso, o governo dos EUA divulgou mais cedo mais uma revisão dos dados sobre o desempenho da economia do país no segundo trimestre. E, ao contrário do que se esperava, os dados acabaram mexendo com o mercado.
Os dados sobre o PIB (Produto Interno Bruto) em geral movimentam mais as bolsas em sua primeira leitura. Depois disso, o governo americano apresenta duas revisões dos indicadores, que costumam ser recebidas com bocejos pelos investidores, pois pouca coisa muda.
Desta vez, o mercado seguiu a tradição e bocejou para os dados sobre o desempenho do PIB em si. Os dados revisados mostraram que, de fato, a economia americana encolheu 0,6% no segundo trimestre em relação aos primeiros três meses do ano, em base anualizada. Isso já havia sido sinalizado na leitura anterior.
O que surpreendeu os investidores foi a revisão para cima nos dados sobre a inflação do período.
De acordo com o governo americano, o índice de preços sobre os gastos com consumo – um dos indicadores de inflação preferidos do Federal Reserve – subiu 7,3% no segundo trimestre em relação a um ano antes. O aumento foi levemente maior que o anteriormente calculado, de 7,3%.
Excluindo alimentos e energia, itens que costuma distorcer os dados de inflação por terem movimentos voláteis de preço, o índice subiu 4,7% – ou 0,3 ponto porcentual a mais do que o cálculo anterior.
“A inflação e o medo crescente de uma recessão estão de volta ao assento do motorista”, disse a analista de mercado do City Index, Fiona Cincotta, em relatório. “As autoridades do Federal Reserve foram claras que os juros precisam continuar subindo e continuarão altos por mais tempo que se pensava, aumentando o risco de recessão”, afirmou.
Por volta das 12h55, o índice Dow Jones caía 1,1%, para 29.357 pontos, o Nasdaq Composto recuava 2,5%, para 10.775 pontos, e o S&P 500 tinha queda de 1,7%, a 3.656 pontos.